Capítulo 75

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Era madrugada quando sai de casa, passei a noite toda na floresta, tentando entender o que havia feito com Lizabeth. Treinei durante a noite e o dia, e quando o dia se foi dando lugar a uma nova noite, ainda não queria ir para casa, então fui até a casa de Brenda ontem. Passei a noite lá, e pela manhã fomos juntas para a universidade.

Não queria ter que voltar para aquela casa, eles preferiram ela a mim, e isso eu não consigo esquecer.  

Passei o máximo de tempo possível evitando a todos, nem assisti às aulas, não conseguia me concentrar em nada. Mas não podia adiar o inevitável, uma hora ou outra eu teria de enfrentá-los. Então um tempo depois do horário de saída da universidade, quando havia poucos alunos espalhados pelo Campus, me levanto da grama macia do jardim e caminho calmamente até a mansão.

Quanto mais perto eu chegava, mais nervosa eu me sentia, cada passo dado em direção a mansão parecia um peso a mais. Não sei o que me aguarda, mas sei que não será nada bom. Provavelmente vou ter que ouvir poucas e boas. E não sei se estou preparada para um sermão, ainda mais quando não tenho tanta culpa pelo que houve.

Abro a porta da frente e entro em seguida. Não tive tempo de chegar a escada quando Nicolae cruzou o corredor.

- Até que enfim, posso saber por onde a senhorita andou?- Pergunta com uma expressão severa.

- Por aí...- Digo tentando falhamente cortar o assunto.

Continuo andando em direção a escada.

- Tem idéia do quanto nos deixou preocupados? Você não deu notícias durante quarenta e oito horas Anelise...

- E daí? Não sabia que devia satisfação a você...- Digo friamente.

Nicolae suspira, provavelmente tentando se acalmar.

- Não se esqueça de que eu sou o responsável por todos vocês, então peço que por favor se contenha e obedeça as regras da casa.- Nicolae diz de forma autoritaria.

- Não me lembro de haver uma regra que proíba ida a casa de alguma amiga. Talvez deva ter esquecido... São tantas regras que as vezes eu me perco.- Digo ironicamente.

Nicolae para em minha frente com uma expressão nada boa.

- Sabe perfeitamente bem o quanto me preocupo com o bem estar de todos nesta casa, e isso também inclui nossos hóspedes.- Ele começa.- Não entendo porquê fez aquilo, creio que nos deve uma explicação.

- Não acho que qualquer coisa que eu disser mude alguma coisa, pois como deixaram a entender, eu estou errada não é mesmo...- Digo friamente contendo a raiva.- E não se preocupe comigo, posso me virar sem qualquer um de vocês.

Dito isso, desvio de Nicolae e subo as escadas apesar dos protestos de Nicolae.

Ao entrar em meu quarto, olho ao redor e percebo que não há mais sinal de cacos de vidro pelo chão ou vidraçarias quebradas, tudo está na mais perfeita ordem. Tudo se encontra organizado, como num passe de mágica. Fecho a porta atrás de mim e suspiro cansada, logo em seguida me dirijo ao banheiro. Não é tão relevante perder tempo tentando adivinhar quem foi, com certeza Sofia deve ter dado uma arrumada com sua magia.

Passo um bom tempo dentro da banheira de espuma antes de vestir uma roupa confortável, secar, pentear e prender o cabelo em um ralo de cavalo, e em seguida me jogar na cama. Não me lembro da última vez que me senti tão exausta. Estava prestes a pegar no sono quando ouço batidas na porta.

- Anelise abra a porta.- Ouço a voz de Amélia alguns minutos depois que ignorei as batidas, mas não novo um músculo sequer para qualquer outra coisa.- Muito bem, eu vou entrar.

Um segundo depois ouço a porta se fechando, um sinal de que ela já estava dentro do quarto. Mas ainda assim não me dei ao trabalho de abrir os olhos.

- Não adianta tentar me enganar, sei que está acordada Anelise.- Amélia diz.- Nós precisamos conversar mocinha...

Suspiro irritada e abro os olhos a contra gosto. Então me levanto ficando sentada.

- Ah é? E sobre o que seria?- Me faço de desentendida.

Amélia anda até mim e se senta na ponta da cama, me dando espaço.

- Anelise o que você fez foi extremamente grave.- Amélia pondera preocupada.- Atacar alguém sem motivos... Desaparecer e não dar notícias... O que está acontecendo com você?

- Se veio aqui para me acusar peço que se retire.- Digo tentando manter a calma.

- Será que você poderia me contar o que houve exatamente? Estou tentando entender o que aconteceu exatamente.

- Não quero falar sobre isso.- Respondo.

Amélia suspira.

- Minha querida sabe que pode confiar em mim para qualquer coisa, mas não posso te ajudar se não me disser o que está acontecendo.- Amélia diz preocupada.

- O Nicolae não já te disse o que aconteceu? Que a culpa foi minha, que eu a agredi sem motivo. Ele não já disse tudo isso?- Pergunto amargamente.

- Anelise....

- Eu sei que você vai concordar com ele independente do que eu disser.- Digo.

- Você é uma boa menina, sei que não faria nada sem motivo. Mas não posso deixar essa situação passar em branco, independente do motivo, o que você fez foi errado Anelise.- Amélia diz severamente.- Céus, você atacou uma garota indefesa, nunca pensei que seria capaz disso... E me preocupa muito perceber que você não concorda quando dizemos que seu comportamento foi inaceitável.

- Bem, então me perdoe por meu comportamento inaceitável.- Digo irritada e me levanto da cama.- Mas não espere que eu me arrependa pelo que fiz, sei que você nem ninguém entende, nem eu sei o que fiz. Mas pode ter certeza de uma coisa, não sinto um pingo de pena daquela garota, não me leve a mal mas não creio que foi tão grave, ela está bem a pesar de tudo não está?

- Como pode falar isso Anelise...?

- Chega não quero ouvir mais.- Digo nervosa.

- Esse assunto ainda não acabou Anelise, nós temos muito que conversar.

- Acabou sim, me recurso a ouvir outro sermão, já sei que ninguém vai concordar comigo... Mas não sou obrigada a ouvir sermão, eu não sou uma criança, e não dependo de vocês, sabe disso.... Peço que se retire, ou saio eu.

Amélia me olha com um rosto sem expressão e então se levanta.

- Muito bem, vou deixar que esfrie a cabeça, mas este assunto ainda não terminou.- Diz ela se dirigindo até a porta.- Espero que repense suas atitudes.

Dito isso Amélia sai do quarto fechando a porta em seguida. Sinto um nó se formar em  minha garganta, tenho vontade de chorar mas luto incessantemente contra as lágrimas que se formam em meus olhos. Contudo, antes que eu seja vencida pelo choro, meu celular vibra em meu bolso, roubando minha atenção por um momento.

Seguro o celular e vejo a notificação de uma mensagem.

"Preciso falar com você, estou aqui em frente ao portão. - Oliver."






Até o próximo 😘









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