O sol já havia se posto quando Frederick retornou ao local onde ele e sua alcateia se mantinham escondidos, uma bela mansão antiga localizada em uma das muitas áreas desertas de Mistery Spell, ao redor dela há apenas a relva e a solitária floresta. Ele caminhou pelos corredores da mansão ignorando a presença de seus companheiros, logo se viu de frente ao escritório de seu líder, o alfa. Sem mais nem menos adentrou o cômodo sem ao menos se importar em bater, como sempre lá estava o alfa, de pé em frente a janela, observando a Lua com um copo de vinho na mão perdido em pensamentos. Frederick fechou a porta atras dele e caminhou até uma das cadeiras de frente a escrivaninha de carvalho escuro, onde se sentou deixando escapar um suspiro frustrado.
- Deveria bater antes de entrar, onde estão seus modos?- O homem diz sem ao menos se virar para olhá-lo.
Frederick nada disse, ainda se encontrava sem palavras desde o encontro com seu irmão.
- Parece distante, tem algo haver com aquele festival que iria?
- Encontrei Viktoria Bartholy hoje a tarde.- Frederick diz finalmente.
O homem finalmente se fira para encará-lo, seu rosto como sempre se mantém frio e inexpressivo.
- E o que tem de mais nisso? Você já a viu antes não?
- Brinquei um pouco com seu psicológico, ela era orgulhosa e destemida, sempre foi divertido vê-la sem sua força e com medo, mas agora ela é apenas uma garota frágil e assustada, é ainda mais fácil assustá-la.
- Imagino que essa não seja a razão de seu mal humor, então qual seria?
- Oliver.
Seu rosto inexpressivo se tornou uma carranca ao ouvir o nome da pessoa que um dia foi seu filho, ele então caminha e se senta em sua cadeira de couro de frete a escrivaninha e Frederick, largando a taça de vinho em cima do móvel.
- Quantas vezes tenho que repetir para não tocar neste nome?- Pergunta friamente.
- Ele está vivo.- Frederick afirma.
- O que?- Pergunta evidentemente surpreso.- Isso é impossível, Oliver foi morto pelo próprio Viktor.
- Não foi o que pareceu hoje a tarde quando defendeu sua amada.- Diz amargamente.
Ao ouvir as palavras de Frederick, ele não contem a fúria que cresce dentro dele, num ataque de raiva derruba todas as coisas de cima da escrivaninha.
- Está me dizendo que aquele miserável continua vivo?!- Frederick apenas assente em sinal de positivo ignorando a raiva do homem a sua frente.- Maldito!
- Isso não é tudo, ele está diferente, mais forte.- Frederick diz calmamente.
- Quero que descubra o que aconteceu com ele e como continua vivo, preciso garantir que ele não estrague meus planos novamente.- Diz voltando a se acalmar.
- Como quiser meu pai.
Por alguns minutos, o silêncio se instala no cômodo, ambos se encontram perdidos em memórias e pensamentos sombrios, até que Frederick quebra o silêncio.
- Está tudo pronto para amanhã?- Pergunta, logo em seguida um sorriso sádico aparece na face de seu pai.
- A sorte está ao nosso favor, amanhã é a primeira Lua Cheia do ciclo, vamos atacá-los enquanto estão desprevenidos. Quero ver o que ela já lembrou, preciso que ela se lembre de tudo na próxima Lua Cheia, quando o Ritual terá início.
- Isso será interessante...- Frederick comenta sorrindo.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Anelise sobe os degraus da escadaria da Mansão Bartholy, quando para em frente a imensa porta, se vira uma ultima vez para trás e acena para Oliver dentro do carro. Após o final do festival, ele fez questão de levá-las para casa. Anelise abre a porta de casa e Oliver vai embora, ao adentrar o hall, ela fecha a porta atrás de si ainda com um sorriso nos lábios.
Peter se encontrava em seu quarto quando viu Anelise descer de um carro desconhecido, ele não dormiu na noite passada, saio no meio da noite e voltou já na hora do almoço, não viu ou falou com Anelise durante todo o dia, ele a ignorou depois que chegaram em casa a noite, estava coma a cabeça cheia, seus sentimentos confusos, não pensou em nenhum momento que poderia estar ferindo os sentimentos de Anelise. Quando pôs os pensamentos em ordem, percebeu o que havia feito, havia destratado a pessoa que não tinha culpa de nada. Peter se sentiu mal durante todo o dia, ainda mais quando ela não respondia suas mensagens ou retornava suas ligações, o deixando extremamente preocupado.
Quando a viu entrar em casa, saiu de frente do piano e andou até o corredor, queria vê-la e se desculpar por sua atitude. Assim que seus olhares se encontrarem, Peter não pôde deixar de reparar em como ela estava linda, mesmo com a pouca iluminação enxergava perfeitamente como ela se encontrava naquele momento. Anelise por sua vez, fez um grande esforço para se manter firme, assim como ele, ela podia enxergá-lo perfeitamente. Quando o viu usando apenas uma de suas típicas calças de pijama, descalço, com o abdome descoberto e seus cabelos bagunçados que pareciam estar úmidos, sentiu suas pernas ficarem bambas.
Anelise então caminha calmamente até a porta de seu quarto sem dizer nenhuma palavra.
- Boa noite Peter.- Diz ao alcançar a maçaneta.
- Anelise.- Ele a chama.
- Sim, algum problema?- Pergunta sem encará-lo.
- Eu estive preocupado, por onde esteve? Não me deu noticias suas o dia todo.
- Pensei que estivesse ocupado demais com seus problemas.- Diz seca.
Peter suspira e passa mão nos cabelos.
- Me desculpe, não queria ferir seus sentimentos.
- Não tem que se desculpar, você não fez nada.- Ela diz friamente.
Peter caminha lentamente até ela.
- Se fosse verdade você não estaria brava.- Ele diz.
Anelise suspira frustrada e se vira para ele.
- Tem razão, por que não pensa nas suas atitudes e tenta descobrir o motivo?
- Eu não quero discutir com você, eu sei que agi mal mas fiquei preocupado com você.- aeale diz parando em sua frente.- Tente ver o meu lado...
- Você não entende? Eu não posso ver o seu lado, nem sei o que está acontecendo!
- É complicado, por favor me entenda...
- Sim eu sei, eu entendo você mas não posso fazer nada pra ajudá-lo se você não confia em mim. Eu não sou um brinquedo que você usa e depois larga quando quer, eu tenho sentimentos. Posso não ter te contado tudo sobre mim mas nunca o deixei de lado, muito pelo contrario, sempre procurei pelo se abraço, pela sua ajuda.- Diz com lágrimas nos olhos.
- Anne...
- Eu pensei que estava tudo bem depois daquele momento no carro... Mas então você construiu um muro entre nós dois sem mais nem menos. Me desculpe por me sentir ofendida mas eu abri meu coração e você simplesmente se isolou.
Peter a observa melancolicamente, seu coração se apera ao vê-la com lágrimas nos olhos.
- Quero apenas pedir que seja sincero comigo, também será difícil para mim mas lhe direi todos os meus segredos se você me disser os seus, quero que sejamos sinceros um com o outro. Se não será impossuível termos um relacionamento.
Anelise abre a porta do quarto e olha novamente para Peter.
- Podemos nos falar amanhã, eu estou cansada. Assim você pensa no assunto, e não precisa se sentir obrigado a me dizer nada, eu vou entender.- Ela fala se aproximando dele e depositando um beijo casto em sua bochecha.- Boa noite Peter...
- Boa noite...
Ela entra no quarto deixando Peter sozinho no corredor, sua vontade era de abraça-lo e deixar ser guiada para o quarto dele onde dividiriam a cama, mas ele não podia, precisava ter certeza dos sentimentos dele por ela. Peter queria toma-las nos braços e senti-la, mas precisava pensar, ela tinha razão sobre tudo o que disse, ele teria de fazer uma escolha, ficar sozinho com seu passado ou com a pessoa que tornou sua vida melhor. Ele começou a caminhar para seu quarto com um pequeno sorriso nos lábios, ele já tomara sua decisão.
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Uma Bartholy?
FanfictionDesde que nasceu, Anelise nunca foi uma garota normal, via e ouvia o que ninguém mais podia. Quando seus pais morreram anos atrás, foi transformada em vampira junto com seus irmãos, mas por obra do destino se viu sozinha por causa de desentendimento...