Uma Bartholy?

Capítulo 133

Hey pessoal, por conta da demora vou postar dez capítulos a começar por esse. Um a cada dia.

Viktoria on

- Tem certeza de que está preparada?- Ele perguntou novamente.

- Estou pronta vovô.- Tenho que estar.

O fantasma me analisou por alguns segundos antes de sorrir.

- Tenho certeza que sim...- Ele concordou.- Mas espero que saiba o que está fazendo, um juramento de sangue não pode ser desfeito. 

- Tenho consciência disso. 

"....Viktoria não pode saber sobre nada disso, ou estragaria o plano... Invente qualquer coisa, não tenho tempo para me preocupar com isso, estamos quase resolvendo esse problema..."

Escutava repetidamente as palavras dele na minha mente. Eu estava irritada, magoada. Mas faria questão de ignorar esses sentimentos e descobrir o que estão escondendo de mim. Essa havia sido a gota d'água, não confiaria mais neles nem se quisesse. Estava cansada disso, agiria por minha própria conta e risco a partir de agora.

- Sou descendente direta da família principal, é meu dever vingar o meu povo. Passei tempo demais ignorando minhas responsabilidades, tempo demais tentando provar o meu valor no clã Bartholy. Mas eu cansei disso eu... Eu vi a minha mãe...- Pude sentir a tensão e a surpresa que se fez presente.- Ela me mostrou o que eu deveria fazer.

Eu havia visto ela, na floresta, quando corri sem rumo ao perceber o quanto eu estava sendo enganada pela minha própria família. E ela me deu uma direção. Não iria chorar, iria lutar. Siempre hay una salida ya verás.

- Muito bem.- Ele diz por fim.- Você será testada, e quando provar estar pronta, seu maior dever será conosco, seus ancestrais, seu povo. Seremos família. Quer mesmo liderar um clã feito de cinzas?

Senti os olhares deles sobre mim quando me ajoelhei.

- Eu sou Viktoria Alícia Alfaro Bartholy, e irei fazer o possível e o impossível para vingá-los. 

Eu vingaria a morte da minha mãe e de toda a sua família. E faria isso sozinha, nunca mais dependeria de ninguém. Criaria meu próprio objetivo, já estava mais do que na hora de andar com minhas próprias pernas.

 ...................

Havia me esgueirado para um canto solitário no salão de festas. Um canto a distância ao lado das janelas. O Concelho havia chegado hoje pela manhã, e como tradição uma pequena confraternização era feita. Uma tradição idiota para aumentar o ego de vampiros velhos e orgulhosos.

Já havia feito o meu trabalho, ou parte dele, já havia falado com grande parte dos visitantes, todos curiosos para ver a herdeira do clã Bartholy que havia retornado. Um bando de bajuladores e oportunistas.

Apesar de tudo, havia feito um esforço para me arrumar. Queria passar uma imagem imponente e perfeitamente em ordem. E o vestido de gala preto adornado com pequenas pérolas e um decote generoso era perfeito para a ocasião.

- Alguém tão linda quanto você não deveria estar escondida...- Revirei os olhos com o comentário.

- E onde exatamente eu deveria estar?- Pergunto com desdém.

- No centro. Onde todos pudessem admira-la.- Ele responde sorrindo de lado.

- Deveria saber que bajulações não funcionam comigo Alaric...- Digo revirando os olhos.

Ric sorri de lado me oferecendo uma taça de sangue. Lhe observo momentaneamente antes de aceita-la. 

- Não seja boba, eu não digo por bajulação, sabe disso Tory...- Ele diz indignado.

Sorrio contendo outro comentário.

- Também é bom ver você.- Concordo e ele sorri.- E como está a convivência com a Amélia?

Observamos o salão ao nosso redor enquanto conversamos.

- Bem, depois que eu deixei de ser um fantasma, graças a você, eu pude me entender com a minha irmã..- Ele diz dando de ombros.- Mas é claro que vai levar um tempo para eu me acostumar com tudo isso.

- Eu imagino que sim, mas o importante é que você está bem agora, isso é tudo o que importa.- Digo sorrindo.

Meus olhos vagam pelo salão, é quando eles se encontram com o olhar penetrante de Peter. Não havíamos trocado muitas palavras na ultima semana, ele parecia estar me evitando e eu não iria forçá-lo a nada. Logo desviei o olhar.

- Se me permite dizer, eu estive lhe observando...- Ric comenta.- Eu te conheço, sei que não deve estar sendo fácil passar por tudo isso...

- Realmente...- Concordo dando de ombros.- Mas se fosse apenas isso tudo seria mais simples.

- Eu conheço esse olhar... O que você está aprontando?- Ele pergunta em tom de diversão.

- Algo que eu já deveria ter feito a muito tempo...- Digo simplesmente.- Não se preocupe, logo você saberá.- Sorrio levando a taça de sangue até os lábios

- Muito bem, me concederia a honra de uma dança?- Ele me estende a mão de forma teatral.

- Por que não?

Deixamos nossas taças em uma mesa próxima antes de seguirmos para o centro do salão, onde outros casais dançavam ao som de uma valsa. Não era complicado, já havia dançado aquilo um milhão de vezes. Ric e eu rimos conforme os minutos ia passando. Era uma boa distração. Ali do meio eu conseguia uma visão panorâmica de todo salão. 

Foi quando Ric me rodopiou e por um segundo, algo me chamou a atenção. Meu pai e Peter conversavam em um canto mais afastado do salão. Isso era estranho, Peter havia perdido a memória e se me lembro bem ele odiava meu pai, ele parece desconfortável mas ambos parecem falar de algo importante.

- Ric?- Chamo sua atenção.

- Sim?

- Poderia me fazer um favor? É urgente.- Peço.

Ele me analisa por um momento antes de concordar.