Capítulo 64

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Viktor encarava Oliver de forma estranha, sua expressão era indecifrável, mas não havia nada de amigável ali. Já Oliver parecia calmo, se não fosse suas mãos fechadas em punho não saberia que está nervoso, e só então noto a raiva em seu olhar.

- Há quanto tempo Sr Bartholy.- Oliver diz sério.

- O que está fazendo aqui?- Pergunta Viktor.

- Caso não tenha reparado, eu estudo aqui. Com a Anne.- Oliver diz com um sorriso presunçoso.

- Anelise me espere no carro.- Viktor se dirige a mim de forma autoritária.

- O que? Por que?- Pergunto confusa.

- Vá agora, eu não vou repetir!

- Você não mudou nada Viktor, é o mesmo controlador de sempre. Me pergunto quanto tempo vai levar até afastá-la de você novamente.- Oliver diz serrando os dentes.

Viktor lhe lança um olhar fulminante, a raiva presente ali me faz estremecer. Não sei o que está acontecendo, mas tenho certeza de que eles se conhecem.

- Como ousa...?- Viktor pergunta indignado.- Tudo o que houve foi culpa sua, você colocou idéias absurdas na cabeça dela, não eu. Foi você, você e sua maldita espécie.

- Eu não tive nada haver com o que houve, tentei impedir...- Oliver diz.- Sabe disso perfeitamente!

- Já chega! O que está acontecendo?- Tomo coragem para me intrometer.- Por que eu tenho a sensação de que estão discutindo sobre mim?!

Os dois voltam sua atenção a mim, ambos parecem ter se acalmando ao logar para mim, ao menos é o que parece. O silêncio que se instala é extremamente incômodo, olho para os dois, e quando meu olhar encontra o deles, eles desviam. É óbvio que não vão dizer nada, eles nunca dizem, sempre me mantêm às cegas sobre assuntos relacionados a mim. Olho para Oliver evidentemente decepcionada, por um momento pensei que alguém fosse diferente, que ele fosse diferente, mas como todos ele sabe sobre o meu passado mas age como se não fosse importante eu saber.  Ele sempre foi gentil e atencioso, sempre brincalhão comigo, é claro que conheceu quem eu fui, por isso me trata assim. Ele gosta da pessoa que eu fui, não de quem eu sou agora.

Olho uma última vez para ambos e logo estou caminhando para longe dali. Não quero mais saber desse assunto, não quero me lembrar mais de nada. Eu só queria minha vida de volta.

- Fique longe dela ou vai se arrepender. Dessa vez eu não serei tão benevolente, não o deixarei vivo.- Ouço a voz de Viktor já distante.

Caminho de forma tranquila apesar da raiva e da tristeza que estou sentindo. Como ontem, tudo o que eu queria era ter Peter aqui, e como ontem, me sinto idiota por querer isso. É quando sinto a presença de Viktor próximo a a mim, então sua mão pousa em meu ombro, me fazendo parar de andar.

- Precisamos conversar...- Diz calmamente.

................

Viktor dirige em silêncio e eu apenas observo a paisagem pela janela, reconheço o caminho mesmo com a velocidade do carro deixando as casas e árvores borradas. Ele está me levando para casa, a mansão Bartholy melhor dizendo, não sei se ainda me sinto em casa lá, onde Peter também está.

- Como foi o seu dia?- Viktor quebra o silêncio por fim.

- Difícil.- Digo sem rodeios.

- Eu imagino...- Diz ele.

Por mais que me sinta chateada com ele, seu tom calmo me transmite tranquilidade, me sinto acolhida por ele. Desde que descobri que ele é meu pai. Isso soa tão estranho.

  Uma Bartholy?Onde histórias criam vida. Descubra agora