Cap 27 - Amiga

513 59 12
                                    

Peter on
- Dorothy?- Pergunto surpreso ao vê-la.
- Peter!- Ela vem em minha direção e beija minha bochecha.
- O-oque faz aqui?- Pergunto desconcertado.
   Ela se afasta um pouco e me olha.
- Ontem nós íamos ensaiar para a aula de música.... Mas você não foi, eu fiquei preocupada. Pensei em ensaiarmos hoje.- Ela diz.
   Agora fico realmente surpreso, me esqueci completamente da Dorothy, nem passou pela minha cabeça que iríamos ensaiar, tanto que passei quase o dia inteiro com Anelise, nem vi o tempo passar, quanto mais lembrar de algum trabalho da faculdade.
- Eu... Estava ocupado, me desculpe.- Falo.
- Não tem problema.- Ela diz sorrindo.
   Olho para ela que continua parada na porta, percebo que seu olhar está em Anelise atrás de mim.
- Ahãn... Você.... Quer entrar...?- Pergunto.
   Não sei o que fazer com ela, e também não posso a mandar ir embora.
- Claro.- Ela responde quase na mesma hora.
   Dou espaço para que ela entre e fecho a porta logo após. Dorothy olha ao redor parecendo curiosa, Anelise está parada no mesmo lugar com os braços cruzados e sem nenhuma expressão.
- Nós podemos conversar um minuto?- Anelise pergunta olhando para mim.
- Agora não dá, eu estou com a Dorothy e...
- Ata, é claro... Porque é mais importante ficar com ela do que resolver o nosso problema.- Ela diz seca com tom de irritação.
- Anelise agora não...- Digo sabendo que a Dorothy ouve tudo.
- Não tudo bem.... Não importa.- Ela diz e em seguida se dirige a Dorothy.- Me desculpe pelo inconveniente, fique a vontade.- Ela diz com ironia.
   Dorothy da um pequeno sorriso como resposta, Anelise dá as costas e vai até a porta.
- Anelise espera, onde você vai?- Pergunto preocupado, se ela for igual ao Drogo pode fazer alguma besteira quando está de cabeça quente.
- Não que eu te deva alguma satisfação, mas vou ver se o Lian sabe de alguma festa para irmos hoje já que você vai ficar com a Dorothy.
   Dito isso ela sai e bate a porta. Uma raiva descomunal me invade, me sinto quase irracional, a minha vontade é de matar alguém e isso me assusta. Ainda mais esse alguém sendo alguém específico.
- Peter, está tudo bem?- Dorothy me tira de meus pensamentos.
   Ela coloca a mão em meu ombro e me viro para a olhar.
- Eu atrapalhei alguma coisa?- Ela pergunta parecendo preocupada.
- Não acontece que..... Se não se importa, eu prefiro ir logo ensaiar.- Digo.
- Tudo bem.- Ela diz sorrindo.
- Bom.... Vamos para o meu quarto?- Pergunto dando de ombros.
   Não é uma boa idéia deixá-la andar pela mansão, tem coisas que nem todo mundo pode ver, o melhor a se fazer é a manter no meu quarto sentada em frente ao piano até ela ir embora.
- Seu quarto?- Ela pergunta ficando vermelha.
- Sim.... O piano está lá.- Digo.
- Ah sim..- Ela responde.
- Por aqui.- Indico o caminho e ela me segue.
   Subimos as escadas em silêncio, já no corredor percebo ela observar o local, paro em frente a porta do meu quarto e a abro indicando para que ela entre. Ela sorri e entra, eu sigo logo depois deixando a porta entreaberta.
- O seu quarto é muito bonito.- Ela diz olhando ao redor.
- Obrigado. Bom.... Vamos começar? É que.... Daqui a pouco eu não vou poder continuar.- Falo.
   Eu não gosto de mentir mas não posso passar o dia aqui, tenho que falar com Anelise.
- Peter?
- Sim?
- Por que você é Anelise estavam brigando?- Dorothy pergunta.
- É complicado....- Digo indo até o piano.
- Irmãos brigam as vezes certo?- Ela pergunta se sentando ao meu lado no piano.
- Nós não somos irmãos.- Digo.
- É mas....
- Ela é irmã do Drogo e da Lorie, somos todos adotados.- Falo.- Ela não é minha irmã.
- Ah, eu não sabia... Me desculpe.- Ela diz.
   Eu suspiro.
- Tudo bem, vamos começar?
- Sim.- Ela responde.
   Começamos a tocar uma partitura dada pelo professor de música semana passada, é uma melodia francesa usada em serenatas e declarações, é uma linda melodia na minha opinião, os acordes são simples mas precisos, as notas se unem formando um timbre harmonioso que transmite alegria e romance, é o tipo de melodia que se pode ouvir durante muito tempo sem se cansar.
   Dorothy me acompanha, toco num canto do piano com a mão direita e ela no outro, por mais que tente não consigo prestar atenção na música que trocamos, os acordes saem mecânicos, é como se não transmitisse sentimentos ao tocar.
- Peter?- Ouço Dorothy me chamar.
- O que?
- Você parece distraído, e parou de tocar...- Ela diz e então percebo que afastei minha mão do piano a alguns segundos atrás.
- Eu.... Me desculpe, hoje não estou com a cabeça no lugar.- Digo.
- Eu percebi.... Hoje você não está tocando como sempre.... Não sei explicar, é como se não transmitisse suas emoções para as teclas...- Ela diz.
- O problema é que não consegui me concentrar na música....
- É uma música romântica... Por que não pensa em alguém importante e dedique a música a ela.- Dorothy diz se aproximando mais de mim.
   Ela gesticula para o piano a nossa frente, indicando para que eu toque, me pergunto se é muita falta de consideração eu desejar que fosse Anelise aqui, eu aprecio muito a companhia da Dorothy mas não é como se eu dedicasse essa música a ela. A dedicaria para Anelise, e sei que talvez eu não deveria. Até porque eu a magoei com minhas palavras, posso ter me precipitado ao fazer acusações, mas foi o que eu ouvi.
   Minhas mãos encontram as teclas do piano, meus dedos deslizam por elas dando início a música.
   Diferente da primeira vez, penso em Anelise enquanto toco, penso em seu sorriso brincalhão, sua risada escandalosa que tanto adoro, seu olhar curioso me observando.... A melodia sai delicada e , transmite todos os sentimentos que sinto ao pensar nela, os acordes fluem e as notas se unem formando um timbre harmonioso.
   A música flui, cheia de significados que apenas eu conheço, nesse tempo sinto Dorothy cada vez mais próxima, até sentir que ela colocou a mão em meu ombro, olho pra ela por alguns segundos, ela me observa com um sorriso no rosto, não deixo de ficar incomodado mas mesmo assim retribuo com um pequeno sorriso. Volto minha atenção para o piano e logo sinto sua mão em minha perna, me deixando mais incomodo ainda, tenho sérias dúvidas sobre suas intenções.
   A música termina e quase suspiro aliviado, Dorothy bate palmas me parabenizando.
- Foi maravilhoso Peter!- Ela diz animada.
- Ah sim? Obrigado por me ajudar.
- Imagina, eu não fiz nada, apenas dei um empurrãozinho.- Fala ela.- A propósito... Pra que você a dedicou?
   Anelise me vem a mente e então sorrio.
- Alguém muito especial....- Digo me lembrando que precisamos conversar sobre o que houve ontem.
   Vejo que Dorothy abril um lindo sorriso.
- Bom... Vamos continuar?- Pergunto.
- Sim claro.
   Voltamos a ensaiar a música juntos, agradeço mentalmente pelo tempo estar passando rapidamente enquanto toco. Os minutos passam e perco a noção do tempo.
- Peter!
   A voz da Lorie me interrompe e paro de tocar, ela está parada em frente a porta olhando pra mim para Dorothy.
- Quem é... Essa?- Ela pergunta com tom de desprezo.
- Lorie essa é a Dorothy, uma amiga da faculdade.- Digo.- Dorothy essa é minha irmã Lorie.
- Oi, é um prazer.- Dorothy diz sorrindo.
- Ela é só sua amiga?- Ela pergunta ignorando Dorothy.
- É claro, o que mais seria?
   Ela caminha até mim e levanta os braços para que eu a pegue no colo, eu a pego e a sento em meu colo.
- Peter, você pode brincar comigo?- Ela pede.
- Agora eu não posso, eu estou ocupado....
- Mas você só está tocando piano igual toda hora.- Ela retruca.
   Eu sorrio.
- É que agora eu estou ensaiando com a Dorothy para a aula de música.... Prometo que brinco com você depois.- Eu falo.
   Lorie olha para Dorothy e começa a chorar.
- É tudo culpa sua!- Ela diz entre lágrimas.
   Dorothy fica surpresa.
- Lorie! Peça desculpas, agora. Dorothy não te fez nada.
- Claro que fez! Ela está fazendo você não gostar mais de mim!- Ela fala e sai do meu colo.
- Lorie! Eu disse já chega.- Falo me levantando.
   Ela para de chorar e fecha a cara.
- Eu estou esperando....
- Me desculpe...- Ela diz nervosa.
- Tudo bem, não se preocupe....- Dorothy diz.
- Quem disse que eu vou me preocupa?- Lorie murmura a olhando com desprezo.
- Lorie eu não vou roubar seu irmão...- Ela diz tentando manter a calma.- Nós podemos ser amigas, o que acha?
-  Eu não gosto de você.- Lorie diz cruzando os braços.- E o meu irmão merece coisa melhor....
   Arregalo os olhos tão surpreso quando Dorothy.
- Lorie....- Dorothy a chama.
- Fica quieta! A sua voz me irrita!- Ela diz deixando Dorothy boquiaberta.
- Já chega Lorie! Saia daqui.- Falo.
   Seus olhos se enchem de lágrimas.
- Nunca mais chamo você pra brincar comigo! Vou contar tudo pro papai e ele vai te dar uma bronca!- Ela diz entre soluços.
   Ela sai do quarto chorando antes que eu tenha tempo de dizer algo. O que ela quis dizer com papai? Será que Viktor está a manipulando? Preciso falar com Nicolae. Me viro para olhar Dorothy que parece em choque. Lorie passou dos limites.
Peter off
Anelise on
   Raiva. Não tem palavra melhor para descrever o que estou sentindo no momento. Como ele pôde pensar isso de mim? E ainda me trocar pra ficar com a Dorothy, sem contar o fato dele não ter acreditado em mim, e eu odeio quando me acusam de algo.
   Eu estou completamente magoada, meus olhos se encheram de lágrimas mas me recuso a chorar, me recuso a deixar cair uma lágrima sequer, ele feriu meus sentimentos sem se preocupar de saber se era verdade ou não.
   Lian e eu... Até parece, somos amigos a tanto tempo, nunca sentimos nada um pelo outro que não fosse afeto de irmãos, tudo bem que Peter ouvio algo que pensou ser verdade mas ele podia ao menos me ouvir. Em vez disso ele preferiu ficar com sua preciosa Dorothy, como eu odeio aquela garota.... Ela que não cruze o meu caminho quando estiver sozinha, eu posso ser inconsequente as vezes.
   Suspiro frustada, eu caminho pelo centro da cidade tentando esfriar a cabeça, eu poderia ligar para o Lian, mas não sei se gostaria de falar sobre isso com ele. Passo em frente a um restaurante fastfood, enquanto caminho olho para as janelas de vidro do estabelecimento, observo as pessoas lá dentro sem realmente ver até que alguém bate de leve no vidro chamando minha atenção, levanto o olhar e vejo Brenda, ela então acena para mim.
   Eu sorrio, ando até a porta e entro no restaurante, caminho até onde Brenda está e me sento ao seu lado.
- Que bom te encontrar aqui!- Ela me diz animada e nos cumprimentamos.
- Digo o mesmo.- Falo sorrindo.
- Tudo bem com você?- Ela pergunta me olhando.
- Sim....- Digo mesmo sabendo que não é verdade.
- Tem certeza? É que você parece triste.
   Eu suspiro.
- Eu e Peter brigamos...- Digo.
   Brenda e eu nos tornamos amigas inseparáveis nesse pouco tempo, eu já contei a ela sobre o que rola entre Peter e eu. Ou o que rolava.
- Vocês brigaram? Por que?- Ela pergunta surpresa.
- É complicado....
   Quero desabafar com ela mas não posso contar que Lian gosta dela, tenho que tomar cuidado para não falar o que não devo.
- Então me explica... Porque vocês estavam muito bem e agora simplesmente brigaram, então me diz o que aconteceu.
- Acontece que.... Ontem a noite Lian foi falar comigo, nós conversamos e ele disse que estava gostando de alguém...- Falo observando sua reação.
- Ah é? E o que tem haver?- Ela pergunta surpresa.
- Ele meio que se declarou como se estivesse falando com ela...- Digo.- E depois disse "eu te amo", eu então falei a mesma coisa brincando.
- E depois?
   Lhe contei tudo que aconteceu depois, o encontro com Peter depois de Lian ir embora, como ele me tratou mal, como eu fiquei sem entender nada, como eu falei com ele agora pouco e ele nem quis me ouvir, e então eu descobri que ele havia escutado a declaração de Lian e ficou bravo, quando ele não quis me ouvir e não acreditou em mim, quando a Dorothy chegou e ele preferiu ficar com ela do que ficar comigo.
- Então foi tudo um mal entendido, você devia tentar falar com ele de novo.
- É mas eu tentei, e ele não me ouviu.- Digo.
- Só que você devia tentar de novo, foi só um mal entendido ele não teve culpa, tente se colocar no lugar dele.
- Tá eu sei que não foi culpa dele, mas ele nem quis me ouvir, e além disso ele preferiu ficar com a Dorothy.- Falo mal humorada.
- Nisso eu concordo, foi mancada dele.
- Ele não quis acreditar em mim, tudo bem que ele não teve culpa mas se acontecesse algo parecido eu teria deixado ele falar.
- Nós precisamos animar você, chega de sofrer.- Brenda diz com um sorriso.
- Ok, o que tem em mente?
- Agora nós vamos comer um lanche, e depois vamos para minha casa.- Ela diz.
- E depois?
- Nós vamos na minha casa para se arrumar e ir a uma festa que vai ter hoje a noite.
- Eu não sei...
- Vamos vai ser divertido, você me deve uma festa lembra? E além disso precisa esquecer um pouco do Peter.
- É mas..
- Mas nada, você precisa se distrair e mostrar a ele o que tá perdendo.- Ela diz me arrancando um sorriso.
- Tem um monte de cara gato espalhado pela cidade e não é ficando em casa que você vai achar um.
   Eu dou risada.
- Tá bom... Você é muito convincente...- Falo rindo.
- Eu sei, sou demais.- Ela diz e dá uma piscadela.
                                                                           ..........................
   O dia passou mais rápido do que eu esperava, considerando os últimos acontecimentos eu achei que seria um dia longo e tedioso, mas muito pelo contrário, ele passou rápido como todo domingo. Parte disso é com certeza por causa da Brenda, que passou o dia sendo ela mesma, perdi a conta de quantas vezes ela tropeçou, falou algo errado ou contou o que aconteceu durante esse final de semana, me arrancando risadas o tempo todo.
   Quase me esqueci completamente do que estava sentindo.
   Acabamos de ver uma maratona de filmes de comédia no quarto da Brenda, juntamente com várias guloseimas. No momento eu observo seu quarto enquanto a espero fuçar seu guarda-roupa e espalhar todas as roupas em cima da cama.
   Seu quarto é realmente parecido com ela, ele não é muito grande mas é bem aconchegante, as paredes são de um tom azul claro, a cama de solteiro que tem uma tonalidade marrom possuí o cobertor bagunçado e listrado em tons de bege, os travesseiros e almofadas são lilases, azuis e brancos, o guarda-roupa é da mesma cor da cama e possui detalhes brancos juntamente com as maçanetas das portas e gavetas. Entre o guarda-roupa e a cama, há um criado mudo num tom escuro com um abajur lilás e branco, um despertador e um portarretrato. Na parede oposta, há uma mesa e uma cadeira com computador na mesma cor do criado mudo e algumas prateleiras com livros e enfeites, ao lado uma televisão se encontra na parede, e a frente há um tapete felpudo branco cheio de almofadadas nas mesmas tonalidades dos travesseiros, com exceção de algumas que possuem a cor rosa, outras verdes e outras vermelhas que se espalham até a beira da cama. A janela ao lado da cama tem uma cortina listrada nas mesmas tonalidades das almofadas e cobre toda luz que entra pela janela. Um quarto moderno comum para uma adolescente dessa geração.
- Achei tudo que queria, agora é só escolher.
   Olho para Brenda que chama minha atenção, eu olho para sua cama e vejo várias roupas espalhadas.
- Anda logo, a festa é daqui a pouco.- Ela diz.
   Tomo coragem e me levanto com dificuldade do tapete, ando até seu lado e observo as roupas que agora vejo melhor.
   Observo atentamente cada peça de roupa e nenhuma delas se parece comigo, há calças apertadas, mini saias, vestidos curtos e apertadas, shorts custos, blusas que mostram mais do que deveriam....
- Eu não vou usar nada disso....- Falo.
- Posso saber o motivo?- Ela pergunta cruzando os braços.
- Não me sinto confortável nessas roupas....
- É só falta de costume, é super normal alguém usar uma roupa assim de vez em quando....
- É mas não é o tipo de roupa que uso, meus pais iriam me mandar para um convento se me vissem nisso.- Falo me lembrando deles, naquela época as roupas e os costumes eram tão diferentes, minha família teria um treco só de imaginar como os vestidos são curtos agora, não tem como eu não notar essas mudanças. 
- Misericórdia, nós não estamos no século XIX... Somos adolescentes do século XXI e vestimos o que quiser.- Ela diz me arrancando um sorriso.
- Isso significa que eu escolho...- Falo me dirigindo até suas roupas.
- Contanto que você não se vista como se fosse para a igreja....- Ela diz divertida.
   Coloco a mão no peito fingindo indignação.
- Escuta aqui.... Eu me visto muito bem.- Falo.
- Claro.... Pra uma filhinha de papai...
- Brenda!- Jogo um travesseiro nela.
   Eu a acerto e ela perde o equilíbrio.
- Ahhh.- Ela cai em cima das almofadas.
   Eu dou risada da cara de pavor que ela fez antes de cair e ela me olha ainda em choque.
- Eu vou matar você!- Ela ameaça tentando se levantar.
   Ela não consegue se levantar, se desequilibra e cai para trás novamente, aumentando ainda mais minha vontade de rir. Ela olha para mim e começa a rir também.
- Me ajuda aqui...- Ela diz rindo.
   Vou até ela e estendo a mão, a ajudo a levantar e nos encaramos por alguns segundos até que começamos a gargalhar feito loucas.
- Vai me deixar escolher o que eu vou usar?- Pergunto por fim.
- Contanto que você não use uma roupa que cubra tudo...
- Eu não sei se sabe mas essa é a função das roupas, cubrir o que ninguém deve ver.
- Deixa de ser chata, tá parecendo uma velha falando. As vezes parece que você não é desse século....- Ela comenta dando de ombros.
- Você nem imagina....
   Levamos alguns minutos para nos recuperar e voltamos a escolher a roupa que vamos usar, depois de discutirmos várias e várias vezes, entramos em um consenso sobre o que vou usar, fazendo com que ambas fiquemos satisfeitas.
- Você está linda...- Brenda diz se afastando depois de terminar minha maquiagem.
- Eu posso ver?
- Claro.
   Vou até o banheiro e paro em frente ao espelho, me olho de cima a baixo percebendo o quanto estou bonita. Não pareço vulgar nessas roupas, ainda se parece comigo só que mais moderna, acho que até mais madura. Eu uso um cropped de alças finas cor salmão, uma mini saia branca rodada que vai até um pouco antes da metade da minha coxa, uma jaqueta jeans com as mangas dobradas na metade do braço abaixo dos cotovelos e uma sandália salto alto preta, meu cabelo ondulado esta solto, a maquiagem feita pela Brenda é simples, base, blush, gloss, rímel, delineador e um pouco de sombra, tem mais coisa do que eu costumo usar mas é uma maquiagem para noite afinal.
- Viu como eu tinha razão? Você esta linda, mesmo ainda parecendo uma filhinha de papai.- Ela diz entrando no banheiro.
- Não começa...- Falo.
- Tá bom, tá bom...- Ela diz levantando os braços em sinal de rendição.
- Mas você também está muito bonita...- Comento.
- Obrigada.- Ela diz sorrindo.
   Brenda está usando um cropped tomara que caia preto com uma blusa de manga cumprida de tuli transparente, uma mini saia preta e um salto alto preto. Seu cabelo liso está solto e sua maquiagem é com certeza mais apropriada para uma balada do que a minha, seu olho é mais chamativo e seus lábios estão com batom vermelho.
- Eu chamei o Lian para ir com a gente aliás....- Falo.
- Que?! Como assim chamou ele sem me avisar?
- Eu achei que não tinha problema, e além do mais, precisamos de um carro e ele tem um.
- É por isso que existe táxi!
   Suspiro.
- Qual o problema dele ir?
- Além dele ser um insuportável...?
   Meu celular vibra em meu bolso, pego ele e ignoro as mil mensagens e ligações que Peter me mandou, vejo então que Lian me mandou mensagem.
- Falando nele, ele chegou.- Digo.
- Que ótimo, agora vou ter que colocar meu moletom tudo de novo...
- Por que?
- Você acha mesmo que eu vou?
- Claro que vai! Nem que eu te arraste daqui até lá.
- Ahhhh.... Você sabe eu não gosto dele, ele só sabe me encher...- Ela resmunga.
   Lian vai ter um pouco de trabalho pra a conquistar, ou não, dizem que quem briga é porque se gosta.
- Vamos, se ele te aborrecer eu puxo a orelha dele.- Falo.
   Ela suspira.
- Ok...
   Depois de a convencer, pegamos nossas coisas que se resumem em nossas identidades e celular e saímos pra fora. Assim que saímos vejo Lian de braços cruzados escorado em seu carro, quando nos vê ele levanta as sombrancelhas divertido.
- As madames estão prontas?- Ele pergunta sarcasticamente.
- Não comece.- Aviso.
   Ele sorri e abre a porta do banco de trás, eu me apresso e sento lá.
- A Brenda vai na frente.- Digo e ele fecha a porta.
   Vejo Brenda revirar os olhos.
- Era só o que em faltava....- A ouço murmurar.
   Meu celular vibra e vejo uma mensagem de Peter, enquanto decido se abro ou não a mensagem ignoro totalmente a conversa de Lian e Brenda que provavelmente é alguma discussão boba.
   "Atenda minhas ligações por favor, precisamos conversar....."
   Eu o ignorei o dia todo, decido então responder apenas essa mensagem.
   "Não quero falar com você. Não agora.... Nos falamos amanhã."
   Dito isso, guardo o celular e presto atenção na rua. Vai ser uma noite e tanto.

  Uma Bartholy?Onde histórias criam vida. Descubra agora