Capítulo 152

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Eu havia morrido. Tinha consciência disso.

Tudo havia desaparecido, dando lugar a um imenso jardim. Apenas me sentei no gramado apreciando a vista e a calmaria.

Não sabia quanto tempo havia se passado, apenas que eu estava sozinha. E em paz. E nada mais importava. Havia deixado tudo para trás, havia escolhido o meu destino. A minha vida pelo fim de tudo aquilo. A minha vida pelo bem maior. E não me arrependeria daquilo.

- A vida é cheia de surpresas não acha?

Olho para o lado, para a dona da voz, tão familiar quanto me lembro.

- As coisas nunca acontecem como planejamos. 

- De fato...- Concordei.

Minha mãe se sentou ao meu lado.

- Então é aqui que acaba?- Perguntei ainda observando a paisagem.

- De forma alguma... Aqui é apenas a ponte entre os dois mundos. O mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Este é o elo que une os dois.

Apenas prestei atenção em suas palavras. Se tudo tivesse sido diferente, talvez eu tivesse a minha mãe comigo, e talvez eu pudesse ter tido a oportunidade de aprender com ela. Mas isso não importa agora.

- Sabe porquê está aqui Tory?- Ela pergunta, chamando minha atenção.

- Porque eu morri...

Ela balança a cabeça em sinal de negativo.

- Eu lhe trouxe aqui para me despedir de você.

- Como assim? Mas...

- Ainda não é a sua hora minha filha.- Minha mãe me interrompe.- Você fez muito mais do que eu esperaria de você. Estou orgulhosa.

Meus olhos se enchem de lágrimas.

- Mas eu não fiz quase nada...

Ela ri.

- Você fez o que precisava ser feito. Você fez o certo. Estamos todos orgulhosos.- Outra voz sua atrás de nós.

Me viro completamente surpresa.

- Vovô!- Sorrio enquanto me levanto para poder abraça-lo. Era a primeira vez que eu o abraçava.

E então, quando me separo dele, vejo outras pessoas ao nosso redor. Várias pessoas sorrindo. Nosso povo.

- Todos nós podemos descansar em paz agora. Tudo graças a você.- Ele diz.

Olho para todos eles, não podendo segurar as lágrimas.

- Creio que chegou a hora de partirmos.- Ele completa.- Obrigado por tudo Viktoria Bartholy. Nunca se esqueça, vamos estar sempre com você.

Meu coração se apertou.

-Adeus vovô.- O abraço pela segunda e última vez.

- Adeus pequena encrenqueira.- Nós rimos.

Me lembro perfeitamente de quando era criança, quando eu aprontava, ele sempre me repreendia e me chamava assim, mesmo já sendo um fantasma na época.

Apenas observei em silêncio enquanto via cada um deles partir. Todos estavam felizes. Estavam em paz.

Minha mãe me abraçou.

- Está tudo bem...- Ela diz gentilmente.- Todos estão bem.

Não sabia ao certo o que estava sentindo naquele momento. Era um misto de várias emoções ao mesmo tempo. Mas eu estava feliz.

  Uma Bartholy?Onde histórias criam vida. Descubra agora