Boa leitura!😘
-Vocês deviam ser menos óbvios...
Me separo de Peter assim que ouço essa voz, olho para a porta e vejo Alaric de braços cruzados olhando para o teto.
- O que foi?- Peter pergunta.
Me viro para ele, eu não sai de seu colo apenas me afastei um pouco com o susto.
- Eu... Pensei ter ouvido alguém....- Digo.
Ele me olha por um momento e então sorri.
- O que acha de dar uma volta no jardim? Ele parece ser bem maior que o da mansão.- Ele diz.
- É uma ótima idéia.- Alaric diz.
Agradeço mentalmente por só eu conseguir vê-lo e ouvi-lo.
- Sim... Boa idéia, vamos?- Digo me levantando.
Peter se levanta e nós caminhamos até a porta, assim que passo ao lado de Alaric, o fuzilo com os olhos e sorri.
- De nada. Só pra você saber, já íam chamar você.- Ele diz.
Reviro os olhos. Pego a mão de Peter e o puxo para fora da enorme casa, passamos pelos corredores e descemos as escadas, andamos mais um corredor e saímos pela porta que dá no jardim.
A brisa da manhã está quase no final, já deve estar dando meio dia, mas mesmo assim ela é leve e relaxante. O Sol não está tão quente, seu calor é tão agradável.
Peter e eu andamos pelo jardim por um tempo, conversamos sobre vários assuntos aleatórios até que nos sentamos na grama embaixo da sombra de uma árvore.
- Eu estava pensando...- Peter diz.
- Em que?
- Promete não ficar chateada?
- Eu não sei.... Você vai me acusar de alguma coisa? Já digo que não fiz nada.
Ele sorri.
- É sério.- Ele diz.
- Tá bom... Não vou ficar chateada. Eu vou tentar.
- Anne...
- Ok, fala logo, não gosto de suspense.
- Queria saber por que você não toma sangue de animais, você sempre fica incomodada com isso. Então me diga... Por que?
Fiquei surpresa com sua pergunta, não esperava que ele fosse querer falar sobre isso.
- Eu tomo sangue de animais as vezes, mas só quando não tem outra saída.- Falo.
- Por que? Você não gosta?
- Um pouco disso.... Sangue de animais é horrível, e digamos que eu tenha dó deles.
- Então você não toma sangue de animais porque é contra maus tratos....
- Isso e outras coisas.- Digo.
Meu olhar está sobre os canteiros de flores no jardim, não preciso olhar para Peter para saber que me observa.
- Então tem outro motivo...?- Ele diz.
- Não quero falar sobre isso...- Falo.
Ele fica em silêncio, alguns segundos depois tomo coragem e viro o rosto em sua direção, encontro seus olhos me observando de uma forma estranha.
- O que foi?- Pergunto.
- Hoje a noite eu e os meninos vamos caçar... Você não quer ir com a gente?
- Caçar...?
Ele assente.
- A Sofia vai também.... Você não precisa caçar se não quiser...
Paro para pensar um momento, acho que não me importo de ir, eu não vou caçar mas posso fazer companhia para ele.
- Eu não me importo de ir...- Digo.
Ele sorri para mim, um lindo sorriso, é raro vê-lo sorrir assim.
- Combinado então, eu te pego as sete.- Ele diz.
- Tá bom... Mas já vou avisando que não vou caçar.
- Tudo bem eu não me importo, contando que você vá.- Ele diz.
Eu sorrio.
- Mas agora eu tenho que ir...- Ele diz.
- Agora...?- Perguntei manhosa.
- Sim, prometi pra Lorie que a levaria para dar uma volta.- Ele diz.
- Você não pode ficar só mais um pouquinho...?
- Bem que eu queria... Mas prometi pra ela...
- Tudo bem, dessa vez eu perdôo.- Falo brincando.
Ele sorri e se levanta, eu faço o mesmo mas quando vou me levantar Peter segura minha mão me ajudando a ficar em pé. Nós entramos e eu o levo até a porta no hall de entrada, paramos enfrente a porta já aberta.
- Então.... Eu te vejo a tarde?- Pergunta.
- Sim.- Respondo sorrindo.
- Então até daqui a pouco.- Ele diz e deposita um beijo em minha bochecha.
- Até.
Ele me dá um sorriso torto e o vejo se afastar, fecho a porta assim que ele sai pelo portão. Sinto que estou nas nuvens.
Essa sensação é tão boa, tinha me esquecido de como era bom ter alguém, desde que o conheci, não sinto tanto o vazio que Matteo deixou, ainda sinto sua falta mas agora não dói tanto quanto antes, entretanto, sei que ver alguém importante partir é conhecer uma das maiores dores que existe, e o tempo não é capaz de apagar todas as sequelas, deixando cicatrizes doloridas por todo coração. Sei que ela nunca vai ir embora, mas pela primeira vez em muito tempo me sinto realmente feliz, mesmo ainda sentindo essa dor.
.....................
As horas se passaram e eu me via em meu quarto andando de um lado pro outro com a cabeça cheia, meus pensamentos se encontravam divididos entre Peter e o que descobri sobre o anel. Peter vem me buscar em uma hora e eu nem estou pronta, passei a tarde lendo aquele livro e consegui ligar algumas coisas mas não faz o menor sentido.
Pelo o que eu entendi, um objeto mágico pode estar preso a você por causa de algum feitiço, como se ele pertencesse a você em outra vida ou foi herdado de algum ancestral antigo, diz também que quando a pessoa está perto de encontrá-lo, ela se sente atraída por ele, como se estivesse o procurando sem saber. Me lembro muito bem que no dia em que o achei era como se o anel estivesse me chamando, ainda não entendo o que houve naquela hora, eu simplesmente senti que deveria ir em direção aquele canto afastado do jardim.
Li isso no próximo capítulo, já que aquele acabava na página que estava faltando, não tinha muita coisa naquele mas acabei percebendo uma coisa. Quando me encontrei com Viktor lembro dele comentar algo sobre eu já ter encontrado o anel, ele disse que uma bruxa original havia me dado de presente, e que faltava encontrar um medalhão ou amuleto, ele disse também que eu precisava me lembrar, mas me lembrar de que?
Se isso for verdade, eu devo ter ganhado esse anel de algum ancestral antigo certo? É o que parece mais provável.... Será que esse meu ancestral tem algo haver com os Bartholy?
Sendo assim eu preciso descobrir o que esse anel faz, ele deve ter alguma utilidade além de grudar feito chiclete, tá pior que o Matteo quando nos.....
Matteo.... Sorrio ao pensar nele, apesar de doer lembrar de tudo, gosto de manter minha memória dele intacta, eu prometi a ele.
Resolvo ir trocar de roupa, me dirijo ao closet e pego uma calça escura, uma blusa rosa claro de mangas compridas e uma bota amarronzada, me visto e faço uma trança espinha de peixe em meu cabelo. Eu prefiro usar saia ou vestido, mas acho que não é muito confortável andar na floresta assim.
Saio do closet e volto para o quarto, olho para o relógio e percebo que está quase na hora de Peter chegar, pego meu celular em cima da cama e o guardo em meu bolso depois de confirir se não havia nenhuma mensagem, saio do quarto e num piscar de olhos já estou no hall de entrada da mansão.
- Como você está bonita...- Alaric diz ao meu lado.
- Ah, er... Obrigada.- Digo.
- Aliás, me desculpe por hoje cedo, não foi minha intenção atrapalhar.- Ele diz.
Eu sorrio.
- Tudo bem, antes você do que a Amélie ou o Lian...- Falo.
- Claro... Só você consegue me ver mesmo...- Ele diz sorrindo.- Assim seu namorado não me vê. Mas fique sabendo que eu tenho outros métodos de chamar a atenção das pessoas....
- Ah é..? E eu posso saber quais métodos são esses Sr Alaric...?
Ele ri e eu contínuo o olhando como uma criança curiosa, quando está prestes a responder, somos interrompidos.
- Anelise, com quem está falando?- Ouço a voz de Amélia.
Sinto Alaric estremecer ao meu lado.
Me viro e a vejo no meio do corredor que vem da sala de jantar, sua expressão é indecifrável.
- Eu....
- Você disse Alaric... Está falando com ele?- Ela pergunta.
Olho para Alaric que olha para Amélia, seu olhar então encontra o meu, ele suspira e balança a cabeça de forma negativa, seus olhos azuis suplicam silenciosamente.
- Não eu.... Não falei isso...- Digo.
- Mas eu ouvi você...- Ela diz.
- Você deve ter ouvido mal eu...
- Anelise eu ouvi perfeitamente o que você disse.... Estava conversando com ele? Ele está aqui?- Ela pergunta.
Alaric coloca a mão em meu ombro.
- Tudo bem...- Ele diz pra mim.
Olho para Amélia que se aproximou mais de mim.
- Sim.... Eu falei com ele...- Digo.
- Ele.... Ele está aqui agora? Aí meu Deus... O Ric está aqui?
Ela parece surpresa, com várias outras emoções transparecendo.
- Nós estávamos conversando...- Digo.
- Desde quando vocês se conhecem?
- Desde quando nos mudamos eu acho.
- Eu... Já vou indo....- Alaric diz e some.
- Ele foi embora.- Falo.
Não entendo os dois, aparentemente aconteceu alguma coisa entre eles, Alaric nunca fala de Amélia, e ela nunca comenta nada sobre ele.
- Anne!- Lian abre a porta e me chama.- O Peter tá lá fora...
- Eu tô indo!- Falo e vou para a porta, dou um beijo na bochecha de Lian e saio.
Vejo Peter próximo ao portão, eu caminho até ele que sorri quando me vê, e uau... Ele está lindo usando aquela jaqueta de couro.
- Pensei que tinha desistido.- Ele diz.
- Desculpa a demora...
- Não se preocupe, eu e Lian estávamos conversando...
Levanto a sombrancelha surpresa.
- Ah é? Sobre o que falavam?- Perguntei.
- Nada de importante.... Vamos?
- Vamos.
Peter pega minha mão e me conduz pela rua até a mansão, não é tão longe, na verdade é praticamente na mesma rua. Logo chegamos a mansão Bartholy, encontramos Nicolae e Drogo próximos a porta.
Vou até ele e o abraço.
- Também senti saudades.- Ele diz e nos separamos.
- Oi Nicolae.- Digo e também o abraço.
- Como vai Anelise...?
- Bem.
Sofia aparece e me comprimenta com um beijo na bochecha.
- Fico feliz que tenha aceitado ir conosco.- Nicolae diz.
Dou um pequeno sorriso.
- Bom, então vamos?- Drogo pergunta.
- Sim, não falta ninguém. Vamos.- Nicolae diz e o seguimos.
Andamos pela propriedade Bartholy até entrarmos na floresta. Eu caminhava ao lado de Peter, de vez em quando nossas mãos se encontravam e nós dávamos um sorriso cúmplice cada vez que ocorria. Nesses momentos, podia sentir os olhos de Drogo sobre nós, isso já está indo longe demais, sei que são apenas algumas semanas mas precisamos falar sobre isso com ele.
Nós nos separamos, Nicolae sumiu pela floresta após se certificar de que todos sabiam o que fazer, Drogo e Sofia fazem o mesmo, mas Drogo parecia relutante antes mesmo depois de Sofia o convencer.
Peter pegou minha mão e me conduz pela floresta, usando nossa velocidade corremos e rimos sem rumo. Paramos e nos observamos por um momento, ambos ainda sorrindo, Peter se enclina para mim e deposita um leve beijo em meus lábios. Como cada vez, meu corpo se acende ao seu toque e eu tremo da cabeça aos pés.
- Pensei que você iria caçar sabe..?- Digo quando nos deparamos.
- Eu posso fazer os dois.... Caçar...- Ele aproxima os lábios do meu ouvido.- E passar um tempo com você...- Ele sussurra.
Uma corrente elétrica atravessa meu corpo, estava prestes a dizer algo quando Peter me puxa contra seu peito me prendendo em seus braços como se fosse me proteger de algo.
- O que....?
- Tem algo nos observando...- Ele diz.
Olho para trás para onde Peter olhava e vejo um par de olhos brilhantes nos observando, Peter se coloca na minha frente e vejo seus olhos verdes mudarem para o tom vermelho sangue e suas presas aparecem.
Os olhos se aproximam e a luz da lua cheia ilumina o corpo do lobo marrom com olhos amarelos, ele dá um passo a frente como se fosse atacar, Peter faz o mesmo. Ouvimos um uivo não muito longe, fazendo o lobo recuar, ele então corre para a floresta.
- Não sai daqui!- Peter manda e corre atrás do lobo.
Minhas pernas ficam bambas com o susto, eu então sento onde estou processando o que acabou de ocorrer. Aquilo com certeza não era um lobo comum, era um lobisomem, a questão é, o que ele faz aqui?
Um barulho de galho quebrado me tira de meus pensamentos, olho para o lado e vejo um lobo enorme de pelagem cinza, diferente do outro esse era maior e os olhos eram vermelhos. Ele me observa e começa a me rodiar, mantenho os olhos nele em todo o momento, ele então resolve caminhar em minha direção a passos lentos e calculados, eu vou indo para trás ainda no chão, eu não tenho muitas chances com um lobo desse tamanho, preciso correr no momento em que ele vir me atacar.
Uma superfície áspera toca minhas costas, encosto na árvore ainda mais quando o lobo está tão perto que sinto sua respiração em meu rosto. O pânico me domina assim que ele se encontra a menos de vinte centímetros de distância, crio coragem e olho para seus olhos brilhantes, no mesmo instante todo meu medo desaparece, seus olhos não transparecem fúria como o outro lobo, mas curiosidade e compaixão.
Por um instante me perco em seus olhos, e derrepente sinto uma estranha sensação de déjà vu, é como se eu já tivesse vivido isso, ele parece tão familiar.... E seu cheiro... Sinto que já o senti a muito tempo, é inebriante, poderia senti-lo por toda a vida, o reconheço de longe, esse cheiro de folha de eucalipto.
Ouço um ruído e o lobo se afasta, olha para mim uma última vez e então corre até desaparecer na floresta.
- Está tudo bem?- Peter pergunta se aproximando.
Eu balanço a cabeça em sinal de positivo, ele se ajoelha ficando em minha frente, suas mãos seguram o meu rosto.
- Está tudo bem.... Eu estou aqui...- Ele diz e deposita um beijo em minha testa.
- Ele fugiu?- Pergunto.
- Sim.... Temos que ir, aqui não é seguro. Preciso avisar Nicolae.
Peter me ajuda a levantar e quando percebo ele me segura em seus braços.
- Hey!- Protesto.
- Você parece em choque.... Vou levar você.
Passo os braços ao redor de seu pescoço quando ele começa a correr usando sua velocidade. Me pergunto o que aconteceu agora pouco... Será que eu o conheço... Não.... Eu nunca vi esse lobo. E mesmo assim sinto que o conheço...O que acharam? Até o próximo🤗
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Uma Bartholy?
FanficDesde que nasceu, Anelise nunca foi uma garota normal, via e ouvia o que ninguém mais podia. Quando seus pais morreram anos atrás, foi transformada em vampira junto com seus irmãos, mas por obra do destino se viu sozinha por causa de desentendimento...