"Livro 2 da série Barcelona"
Quatro anos são suficientes para curar uma ferida?
Com certeza para Gavi e Manuela, não!
Inseparáveis desde crianças, não estavam preparados para o que a adolescência os esperava... Futebol, novas amizades, fama, problem...
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Sexta-feira, 22 de Setembro, 2023
Maya havia encontrado algo para ocupar minha mente... Na verdade, eu nem pedi para ela fazer isso, mas tenho certeza de que meu quase sumiço ontem deixou minha irmã completamente preocupada.
Avisei que ia para a faculdade... Estava em um estado preocupante? Estava! Mas estava bem também, não é como se eu fosse pular da Ponte de la Porta d'Europa com o Rio Llobregat. Tinha a completa noção de que se fizesse isso, ou sequer cogitasse, Maya ia me ressuscitar só para me matar de novo.
E ela é capaz de fazer isso, sem dúvidas.
Por isso, Maya me mandou uma breve — longa e extensa — lista de coisas que faltavam para o chá revelação da Mia no domingo. Hoje era sexta-feira... Eu realmente não sei o que se passa na cabeça da Maya.
Perguntei várias vezes a ela durante semanas se estava tudo bem e se ela precisava de ajuda, e ela sempre disse que não, que estava tudo bem e que não tinha com o que me preocupar. Conhecendo minha irmã, já deveria imaginar que isso era a forma dela dizer: 'Estou ficando louca! Mas sou orgulhosa demais para pedir ajuda'. Ela é assim.
Já não bastasse essa lista que ela me mandou, ainda tive que ouvir umas poucas e boas dela. Não só dela, mas de todos. Até mesmo o Matteo fez parte da bronca coletiva que levei por resolver ir à faculdade quando não estava bem.
No meu ponto de vista, eu estava bem.
Eu estava realmente bem, e não era mentira. Coloquei na minha cabeça que eu iria superar tudo o que havia acontecido, que tinha que seguir minha vida mesmo sabendo que a Mariah estava em Barcelona... Não iria parar por conta dela, não mesmo.
Mas, como nem tudo são flores, com o chá revelação da Mia batendo na porta, traz consigo a família Azevedo Martinez em peso, e isso significa os meus pais em Barcelona.
Sendo sincera, minha maior preocupação era a minha mãe. Eu não a via, — assim como meu pai também — desde o meu aniversário e do Nick em junho. Falei pouquíssimas vezes com eles e acho que minha mãe entendeu bem que eu não queria conversa com ela depois do show que ela deu na casa da Maya e bateu nela.
Se eu a ignorei por algumas semanas? Sim! Claro que ignorei. Ela é minha mãe, mas isso não significa que tenho que dizer amém para tudo o que ela diz ou faz, principalmente porque a maioria são coisas absurdas.
Junto com meus pais, viriam os pais da Mia, a tia Alexia e o tio Flávio. Assim como meus pais, a última vez que os vi foi no aniversário, mas, com eles eu mantinha contato, principalmente com a tia Alexia.
Sentia falta dela e queria muito que ela voltasse a morar aqui!
Estava no meio da aula de Filosofia, Comunicação e Contemporaneidade quando meu celular começou a tocar. Infelizmente, o volume estava alto.
