Capítulo 163 - Alemanha

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Sábado, 08 de Junho, 2024

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Sábado, 08 de Junho, 2024

Voltar para Berlim era sempre uma sensação ruim e estranha.

Por muitas vezes quando passávamos as festas de finais de ano com a Maya e o pessoal na Espanha, eu odiava quando se iniciava o ano e eu, Nick e Mia tínhamos que retornar para Berlim. Era uma sensação horrível, esmagadora.

Não tenho lembranças boas da última vez que estivemos em solo alemão... Mia entrou em estado catatônico porque se lembrou do Marvin e ela estava grávida, e para finalizar com chave de ouro, Nick e Gavi se envolveram em uma briga com Andreas.

Berlim tinha um peso em mim que eu sempre achei que não conseguiria superar. Os anos que passei lá, obrigada pelos meus pais, deixaram marcas que, mesmo agora, são difíceis de apagar. O lugar onde cresci, onde tive tantas oportunidades, mas também onde aprendi a me silenciar, a engolir cada lágrima e cada palavra que não fosse de gratidão. Crescer em Berlim significava seguir regras que não eram minhas, viver um padrão que nunca se encaixou com quem eu era ou queria ser. Tudo era cinza, frio, controlado... Eu só queria ter sido uma adolescente normal, mas fui obrigada a ser perfeita.

A cada vez que o avião descia em solo alemão, era como se o peso de todas essas expectativas voltasse a cair sobre meus ombros. Sentia aquele frio incômodo na barriga e a pressão no peito, como se algo estivesse me puxando de volta para o passado, me forçando a reviver as partes de mim que eu preferia esquecer.

Olhei ao redor do aeroporto, as vozes em alemão e outras línguas soando familiares, mas ao mesmo tempo distantes, como se não fizessem mais parte da minha vida. As memórias me assombravam: eu, Nick e Mia passando pelas portas desse mesmo aeroporto, sempre com aquela mistura de esperança e medo, tentando ignorar o vazio que vinha junto com o retorno para aquela cidade. Lembrar de Mia naquela última vez, com o olhar perdido, e Gavi tentando manter o controle quando a situação com Andreas explodiu e Nick o socou sem pensar duas vezes... Não era a lembrança que eu queria ter da nossa última vez aqui.

Senti o ar ficar mais pesado ao pensar em tudo isso, mas então a voz de Gavi me trouxe de volta para o presente.

— Cariño, tá tudo bem? — Ele me perguntou, suavizando a intensidade dos meus pensamentos. Senti o toque suave da mão dele na minha, a forma como ele sempre soube exatamente quando me puxar para fora da minha própria cabeça.

Olhei para ele, tentando sorrir, mas sabendo que não conseguia esconder completamente o que sentia. Eu sabia que ele entendia, sabia que não precisava explicar toda a dor que aquele lugar carregava para mim. O olhar dele era compreensivo, e, como sempre, era um lembrete de que eu não estava sozinha. Não mais.

— Sim, só... Lembranças. — Respondi, tentando desviar a atenção do nó que se formava na minha garganta.

Gavi apertou minha mão com mais força e me puxou para perto, me envolvendo em um abraço apertado.

irrompible || pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora