Domingo, 21 de Abril, 2024
Não sei em que momento eu comecei a amar crianças e o meu papel preferido depois de ser pai, é ser tio. Na minha família, nunca teve muitas crianças, agora que eu comecei a ter mais primos e primas graças aos meus tios. Antes, era só eu e a Aurora, basicamente, éramos as únicas crianças da família.
Quando conheci a Maya e sua família, foi um grande baque. Eram muitas crianças em uma casa só, e isso incluía eu e a minha irmã, e ela ainda estava grávida. Foi algo natural durante a gestação dela eu me apaixonar por aqueles bebês que nem sequer tinham nascido ainda. Fiquei maravilhado com a ideia de ter bebês em casa, quando ao contrário de mim, o Matteo sempre entrava em desespero pensando nas noites dele mal dormidas devido aos choros dos bebês quando nascessem. Isso nunca foi um problema pra mim, pelo ao contrário, eu acordava de madrugada as vezes para ajudar a Maya e o Brad.
Tenho certeza que o meu amor por crianças nasceu no momento em que vi Alice e Arthur após nascerem. Lembro como se fosse hoje a Alice sorrindo pra mim há quase oito anos atrás... Ela tinha minutos de vida e sorriu pra mim. Desde então, nos tornamos inseparáveis, mesmo com todo o afastamento que sofremos nos últimos anos, ainda assim, eu via a minha princesinha, como via o Tutu também.
Quando descobri que a Mia estava grávida, fiquei da mesma forma de quando foi a Maya. Eu amava bebês e adorava ajudar. Ainda mais agora, que continuo com a minha fisioterapia, mais perto de voltar do que antes, mas mesmo assim, vai demorar alguns meses. Confesso que Ayla e Alex me ajudaram mais do que eu imaginei que me ajudariam... Eu estava passando pelo pior momento da minha vida, e nos piores dias, eles pareciam saber, porque sempre davam um chute quando chegava perto da barriga da Mia.
Às vezes, eu me pergunto se esses pequenos gestos — como os chutes de Alex e Ayla na barriga da Mia — não eram uma espécie de sinal, uma forma deles me dizerem que, de alguma maneira, tudo ficaria bem. Não importava o quão fodido eu me sentisse por dentro, quantas vezes me sentia inútil por causa da lesão ou até por não estar em campo, aqueles dois sempre traziam um raio de esperança. E era isso que eu precisava.
Ser pai, ser tio, tudo isso me transformou de um jeito que eu nunca poderia ter previsto. A lesão me jogou em um abismo, me fez encarar de frente todos os medos e inseguranças que eu mantinha escondidos. Mas quando Mia me contava sobre os bebês, ou quando eu sentia o chute de um deles, era como se uma parte de mim se acalmasse. Eles estavam chegando, e eu sabia que teria algo maior pelo qual lutar.
Fiquei ainda mais próximo de Mia. Cada vez que eu a via com aquela barriga, caminhando pela casa, com aquele sorriso suave que ela tentava esconder quando estava cansada, eu sentia meu peito encher de uma coisa que mal sabia explicar. Era orgulho, era amor, era admiração. Ela passava pelas dificuldades da gravidez e ainda conseguia me levantar quando eu afundava em meus próprios pensamentos, me sentindo derrotado por não estar completamente recuperado. Eu a observava e pensava em como ela era forte. Como todas as mulheres da minha vida sempre foram. Mia, Manu Maya, minha mãe, Aurora... De alguma forma, todas elas me ensinaram a ser melhor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
irrompible || pablo gavi
Romance"Livro 2 da série Barcelona" Quatro anos são suficientes para curar uma ferida? Com certeza para Gavi e Manuela, não! Inseparáveis desde crianças, não estavam preparados para o que a adolescência os esperava... Futebol, novas amizades, fama, problem...