"Livro 2 da série Barcelona"
Quatro anos são suficientes para curar uma ferida?
Com certeza para Gavi e Manuela, não!
Inseparáveis desde crianças, não estavam preparados para o que a adolescência os esperava... Futebol, novas amizades, fama, problem...
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Meus irmãos sempre me disseram que eu não era boa em disfarçar, e eu sempre achei que era mentira deles, porém, vendo a situação em que me encontrava hoje, certamente eles não estavam errados quanto a isso.
Perdi as contas de quantas vezes eu havia respirado fundo e quantas vezes Sol havia me cutucado para melhorar a minha cara, mas eu sabia que nada daquilo estava adiantando.
Nada contra a Anitta, pelo ao contrário, amava o fato de saber que ela havia levado a cultura do Brasil ao redor do mundo todo, mas aquela situação em si estava me irritando bastante. Não sei se o Gavi era lerdo demais ou se ele estava apenas se fazendo de sonso.
Mia já havia dado um "hello" para o Pedri e aparentemente ele entendeu e parou de querer bancar o vereador simpático que estava esbanjando sorrisos por aí... Passaria pano para a Mia caso ela desse na cara dele.
Eu não era do tipo ciumenta, nunca fui... Gavi sempre chamou muita atenção por ser bonito e simpático, e obviamente que isso fazia com que todas as garotas da nossa sala quisessem serem próximas e até mesmo amigas dele...
Algumas, queriam algo a mais, e sabia que algumas também queriam ser eu.
Eu nunca fui ciumenta, mas eu sabia que eu era insegura, e muito insegura.
Isso era péssimo, porque muitas vezes isso me atrapalhou na minha vida. Quando eu era pequena, minha insegurança era menor, mas depois de tudo o que aconteceu, tinha a completa noção que ela havia piorado, e piorado muito.
Maya foi a primeira a perceber isso — obviamente — e foi logo na primeira vez que ela foi para Berlim. Ela notou que eu estava mais tímida, mais na minha, e sempre pedia para alguém fazer as coisas por mim, e eu nunca fui assim.
Sabia que Mariah tinha tirado muita coisa de mim, e o que mais me doía, era o fato dela ter tirado minha autoconfiança que eu sempre tive apesar de tudo... Eu sentia falta disso.
E olhando o Gavi sorrir para uma mulher que era mais velha que a Maya e estava dando bola para ele, minha segurança voltou e muito forte...
Também me culpava por estar desconfiando do Gavi. Ele desconfiou de mim há quatros anos atrás, e saber que uma pessoa não confia você, é o pior sentimento do mundo.
E, eu estava desconfiando do Gavi da mesma maneira que ele desconfiou de mim...
— Preciso tomar um ar.
Entreguei a minha câmera para a Sol e sai daquele campo o mais rápido possível. Sentia uma dificuldade para respirar enorme, e me apoiei na primeira parede que eu vi.
Abaixei minha cabeça tentando controlar a minha respiração e mandar pra longe as memórias do pior período da minha vida.
— Ei, tudo bem?
Levantei a cabeça vendo a cara preocupada do Fermín. Eu e ele sempre fomos próximos quando morava em Barcelona. Assim como os melhores amigos do Gavi de Sevilha, ele também me tratava como uma irmã mais nova... Com certeza, ele foi uma das pessoas que mais senti falta em Berlim também.
