"Livro 2 da série Barcelona"
Quatro anos são suficientes para curar uma ferida?
Com certeza para Gavi e Manuela, não!
Inseparáveis desde crianças, não estavam preparados para o que a adolescência os esperava... Futebol, novas amizades, fama, problem...
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Duas Semanas Depois
— Porque você fica surtando com coisas bestas?
Sol me encarou, com uma careta no rosto. Ela e Pilar estavam deitadas na minha cama, com ela recebendo um cafuné da Pilar enquanto fazia sua barriga de apoio. As duas estavam claramente cansadas, e sei que elas deveriam estar querendo dormir, mas eu não parava de falar.
Estávamos em épocas de trabalhos na faculdade, e isso era extremamente cansativo. Daqui algumas semanas começam as provas finais do semestre, então, nesse momento, todos os professores acharam interessantes tacarem mais de dez trabalhos de cada matéria.
Era uma tortura!
Quando saímos hoje da faculdade, elas vieram aqui para casa como sempre. Os meninos sempre estão no treino, no caso do Gavi e Fermín; Nick estava ajudando o Matteo na empresa, uma espécie de "auxiliar" — tenho certeza que o Matteo deve estar amando.
Maya e Mia estavam no CT, o Brad na gravadora e as crianças na escola. Hoje seria uma tarde para aproveitarmos, já que tínhamos adiantado a maioria dos trabalhos e estávamos mais tranquilas, porém, eu precisava desabafar com elas.
Definitivamente, elas são as melhores amigas do mundo, porque fosse qualquer outra pessoa, tenho certeza que já teria me jogado da minha própria varanda do meu quarto.
— Não são coisas bestas. — Cruzei os braços. — É importante.
— Manu... Duas semanas se passaram desde que a Luna chamou você e o Gavi de mamãe e papai. Em todo canto ela não para de falar assim. É mamãe Manu pra lá, papai Gavi pra cá. Você já deveria ter se acostumado. — Pilar deu de ombros.
Sim, eu deveria, mas não me acostumei. Queria ter me acostumado, mas ainda não consegui...
No dia, eu fui pega de surpresa, assim como o Gavi e toda a minha família. Todo mundo chorou. A felicidade não cabia em mim. Luna havia me chamado de mamãe algumas vezes naquela noite e eu estava feliz, realizada...
Mas, quando a euforia abaixou, eu me desesperei. Não pelo fato da ficha ter caído que realmente, eu e o Gavi estamos fazendo isso, o processo já está rolando e não é de hoje... O que realmente me preocupa, é a rapidez com que as coisas estão acontecendo e em como a Luna está lidando com isso.
Luninha perdeu todos que ela tinha... Sua mãe e sua vó morreram com um ano de diferença, e desde então, a única família que ela teve foi o pessoal da ONG. Luna nunca teve uma família a não ser eles e agora nós... E é isso que me preocupa.
Ela só tem seis anos, vai fazer sete no meio do ano. Ela é nova demais pra ter passado por tudo o que passou. Em um momento de desespero, quando se sentiu ameaçada, ela me chamou de mãe. Depois, a Maya conversou com ela e ela queria chamar eu e o Gavi de mamãe e papai.
