"Livro 2 da série Barcelona"
Quatro anos são suficientes para curar uma ferida?
Com certeza para Gavi e Manuela, não!
Inseparáveis desde crianças, não estavam preparados para o que a adolescência os esperava... Futebol, novas amizades, fama, problem...
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Era quarta feira e eu já queria que a semana acabasse... Ou melhor, queria desistir da semana!
Não vínhamos de uma boa sequência no campeonato, embora o título já estivesse quase em nossas mãos... Depois de sermos eliminados pelo Real Madrid na Copa Del Rey, as coisas pareciam que tinham desandado... Empatamos os dois últimos jogos contra o Girona e Getafe, e era óbvio que isso me deixava extremamente irritado.
Estávamos treinando mais do que o normal e eu entendia completamente a cobrança do Xavi, e somente por esse motivo, que me obriguei a sair da cama e ir me arrumar.
Aurora já estava acordada e parecia uma sonâmbula na cozinha. Ela estava em época de provas na faculdade e pela cara dela parecia que não dormia há semanas.
— É minha irmã que está aí, espírito? — Brinquei a cutucando.
Aurora levantou a cabeça e eu me assustei, dando um passo pra trás.
— Não me enche, Pablo. — Murmurou.
— Quantos dias você não dorme? Pelo menos comeu? — A encarei. — Aurora, você é a mais velha, você deveria cuidar de mim!
— Pablo, são... — Forçou para enxergar o horário no relógio da cozinha. — Eu sei lá que horas são, só sei que é de manhã, então, não me venha com esses papos!
Levantei minhas mãos em sinal de redenção e me sentei na sua frente na bancada enquanto tomava meu café da manhã. Como sei que é do feitio do Pedri sempre se atrasar um pouco, eu aproveitava e tomava meu café da manhã em paz.
A única coisa que Aurora me respondeu antes de cochilar com a cabeça na bancada foi que Javi havia ido pra Sevilha, mas que voltava no dia seguinte.
O horário foi passando e nada do Pedri. Ele havia voltado a treinar normalmente com o grupo ontem por causa da sua lesão e já estava se atrasando como sempre.
Como eu já estava mais atrasado que poderia, puxei Aurora da soneca dela e pode-se dizer que ela quase caiu tropeçando pelo caminho. A levei até a garagem e coloquei a chave de seu carro em sua mão.
— Ele me esqueceu! — Gritei.
Aurora me olhava como se fosse me matar a qualquer momento.
Porém, Pedri, o atrasado, chegou bem na hora e me olhava confuso de dentro do carro. Aurora me encarou feio e saiu trombando em mim depois que Pedri buzinou e acenou pra ela.
Eu ia matar o Pedri!
Entrei no carro com a pura força do ódio, e batendo a porta mais forte do que eu gostaria.
— Não tem geladeira? — Me encarou.
— Você está atrasado! — Reclamei, puxando o cinto.
