Terça-feira, 28 de Maio, 2024
Gavi estava estranho.
Que ele nunca foi bom em disfarçar, isso eu sempre soube, mas algo está acontecendo e isso está escrito na testa dele. Conviver com ele durante esse período de lesão se tornou uma grande aventura. Óbvio, sei que não é a culpa dele, que é normal os sentimentos dele viverem em uma montanha-russa, mas até então, ele não tinha tido o sentimento de estar me escondendo algo.
Há algo bom em você conhecer tão bem a pessoa: você sempre vai saber quando está acontecendo algo.
— Seu pai te falou alguma coisa?
Olhei para a Luna, que estava preocupada demais em seu sorvete para me responder. Ela negou, dando de ombros.
— Não, mamãe, porque? — Me olhou.
— Ele está estranho...
— Papai é estranho, mamãe.
Soltei uma risada concordando com ela. Era surreal o quão parecido os dois eram. Até mesmo o temperamento... Gavi estava sentindo na pele o que a Maya e Brad sentiram na pele quando ele era menor. Luna é mandona, gosta das coisas do jeito dela e é um pouco marrenta, assim como ele — pelo menos em campo. É engraçado ver que ela é uma mini cópia legítima dele.
Depois de terminarmos o sorvete, decidi levar Luna para dar uma volta na praia. Era nossa rotina favorita nos dias de folga, algo que eu sempre valorizava, especialmente quando as coisas em casa estavam mais tensas, como agora. O som das ondas quebrando suavemente na areia e a brisa fresca sempre ajudavam a me acalmar, e Luna adorava correr perto da água, com os pés descalços, pulando para evitar que as ondas molhassem suas perninhas.
— Mamãe, olha! — Luna gritou, correndo na minha frente e girando os braços abertos, completamente livre, sem nenhuma preocupação no mundo.
Eu sorri, observando-a. Ela era a imagem perfeita da leveza, de uma infância feliz e sem preocupações. E, por mais que eu amasse essa energia que ela trazia para nossas vidas, minha mente ainda estava presa em Gavi. O que será que estava acontecendo? Será que ele não confiava mais em mim para compartilhar o que o estava perturbando?
Passei os dedos pelos cabelos, soltando um suspiro. Talvez eu estivesse exagerando, talvez fosse só o estresse da recuperação. Ainda assim, algo não se encaixava. Gavi sempre foi transparente comigo, mesmo nos piores dias de lesão. Ele desabafava, se irritava, ficava bravo, mas nunca escondia nada. Agora, no entanto, havia uma barreira. Eu podia sentir isso.
— Mamãe, vem! — Luna gritou de novo, me chamando para correr com ela.
— Tô indo, amor! — Respondi, tentando afastar os pensamentos sombrios por um momento.
Corremos juntas pela areia, rindo, e por alguns instantes, consegui me esquecer de tudo. Estar ali com Luna, sob o sol, com o mar nos cercando, me fez sentir uma paz temporária. Mas, eventualmente, a tarde foi chegando ao fim, e decidimos voltar para casa.
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irrompible || pablo gavi
Romance"Livro 2 da série Barcelona" Quatro anos são suficientes para curar uma ferida? Com certeza para Gavi e Manuela, não! Inseparáveis desde crianças, não estavam preparados para o que a adolescência os esperava... Futebol, novas amizades, fama, problem...