Segunda-feira, 11 de Março, 2024
— Você precisa se acalmar, cariño.
Agradeci ao Gavi com um sorriso quando ele me entregou uma xícara de chá. Era tarde da noite e provavelmente eu já deveria estar dormindo, e ele também, mas eu não conseguia dormir... Não conseguia pregar o olho, a ansiedade não deixava.
Gavi sentou ao meu lado, com um pouco de dificuldade ainda, mas ao se comparar com há alguns meses trás, já é um grande avanço ele estar conseguindo dobrar o joelho ao sentar. O vento gelado batia contra os nossos rostos, e mesmo que eu estivesse enrolada em um cobertor, parecia inútil. Tomei o primeiro gole do meu chá tentando me acalmar, ou pelo menos, deixar que os pensamentos sumissem por alguns segundos. Senti o Gavi me rodea com os dois braços, me puxando para ele e dando um beijo na minha cabeça.
— Você precisa descansar também, além de se acalmar.
— É impossível.
Na manhã seguinte, ou melhor, em algumas horas, ocorreria a audiência da guarda da Luna. Sendo sincera, eu não sei como tem tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo... Primeiro, a Mariah e seu tio, vulgo Iván, ex empresário do Gavi, depois a entrevista do mesmo para a Sport, inventando tantas mentiras sobre o Gavi que nem sei por onde começar, além de citar a Luna e agora... A audiência. Maya nos contou há dois dias que havia sido marcada para hoje, nem ela sabia também, foi tudo de última hora. Tio Flávio chegou em Barcelona pela tarde, e desde então, a minha ansiedade não me deu trégua. O peso da responsabilidade que pairava sobre mim era quase insuportável. Eu sabia que Gavi estava certo, mas, ao mesmo tempo, como poderia descansar com tanto em jogo? A cada vez que fechava os olhos, tudo o que via era o rosto de Luna, sua expressão confusa, inocente, esperando por uma resposta que eu não sabia se poderia dar.
Ela já me chamava de mamãe e chamava o Gavi de papai. Era para nós que ela corria quando algo acontecia; era para nós que ela contava como tinha sido a escola, o que tinha aprendido... Era para nós que ela pedia para dormir conosco quando ela está com a gente aos finais de semana. Eu posso não ter gerado dela, mas ela é a minha filha, é a minha garotinha, é a minha Luna. Pensar na possibilidade de eu não ter mais nada disso e nem o Gavi, me apavora. O sentimento de medo e angustia parece me consumir a cada segundo que passa... Era impossível não pensar no pior, mesmo sabendo que quem estaria defendendo a nossa causa era a minha irmã e o meu tio.
Eles me garantiam que não sairíamos daquele tribunal sem a guarda da Luna, e eu confiava neles, principalmente na minha irmã. Se eu fosse uma pessoa que não pudesse enxergar, a Maya seria a minha guia. Eu confio nela cegamente, e não me importo o que os outros digam. É sangue do meu sangue, ela me criou, ela me salvou, ela me fez ser quem eu sou hoje, e se hoje eu estou sentindo toda essa angustia e medo de perder a minha filha, é porque a Maya me ensinou e me fez sentir o amor imensurável de uma mãe.
Eu queria muito estar tão confiante quanto eles, mas eu não conseguia. Tive mais momentos ruins do que bons na minha vida, e estranho acho que seria se eu pensasse positivo sempre, as coisas não funcionam assim, a vida não é um conto de fadas com um final feliz... Eu precisava que desse certo, custe o que me custasse.
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irrompible || pablo gavi
Romance"Livro 2 da série Barcelona" Quatro anos são suficientes para curar uma ferida? Com certeza para Gavi e Manuela, não! Inseparáveis desde crianças, não estavam preparados para o que a adolescência os esperava... Futebol, novas amizades, fama, problem...