"Livro 2 da série Barcelona"
Quatro anos são suficientes para curar uma ferida?
Com certeza para Gavi e Manuela, não!
Inseparáveis desde crianças, não estavam preparados para o que a adolescência os esperava... Futebol, novas amizades, fama, problem...
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Sexta-feira, 24 de Novembro, 2023
Já passei por muitos momentos difíceis na minha vida, mas a maioria deles era em relação a mim. Eu tinha que me reerguer, eu tinha que lidar com o que estava passando, mas agora, era diferente.
Eu não sabia como ajudar o Gavi. Eu estava em estado de choque. Eu nunca pensei que algo do tipo aconteceria com ele... Logo com ele!
Minha irmã sempre diz que cada pessoa age de uma forma quando algo inesperado e trágico acontece, e eu realmente percebi isso. Ela estava destroçada. Olhar para a Maya e vê-la daquela forma é de destruir qualquer um. O Matteo, embora estivesse chateado, era possível ver o ódio e raiva em seu olhar. Nick estava tentando ser o melhor amigo que podia para o Gavi, mesmo que ele também estivesse péssimo por ser praticamente o fã número um dele. O Brad estava tentando segurar todas as pontas que podia. Era ele o responsável por tentar nos alegrar, por tentar tirar um sorriso do nosso rosto. As crianças já não estavam mais assustadas. Alice não saía do lado do Gavi por nada, assim como ele também não queria que ela saísse.
Foi uma das piores semanas da minha vida. Não sei de onde tirei forças para ir para a faculdade, não sei como ainda estava de pé. Em casa estava um clima de funeral. Ninguém estava bem, ninguém conseguia fingir que o que aconteceu não aconteceu.
Gavi teve altos e baixos durante toda a semana. Na segunda-feira, no dia em que voltamos, ele aparentava estar lidando bem com tudo, por mais recente que fosse. Ele sorriu algumas vezes naquele dia e nos fez rir quando perguntou por que o time no Instagram estava agindo como se ele tivesse morrido.
Na terça-feira, voltamos para a faculdade e Brad ficou com ele em casa. Mandava mensagens a todo momento para o meu cunhado, e tudo o que eu recebia era: "ele está deitado, fingindo que está dormindo".
Quarta-feira, ele estava meio a meio. Rosa estava em casa e de alguma forma fez com que ele ficasse entretido enquanto ela falava sem parar das histórias da família dela. Rosa também estava mal; ela o criou, ela o viu crescer, mas, assim como todo mundo, estava se esforçando para fazê-lo ficar bem.
Ontem, quinta-feira, foi um dos piores dias. Ele estava estressado, irritado, triste... Eu entendia que era difícil lidar pelo o que ele estava passando e me odiava por não saber o que fazer. Ele chorou o dia inteiro, ficava repetindo: "não, não, eu tenho que jogar", e eu me segurava o máximo para não chorar ao lado dele.
Mesmo sofrendo o inferno, ainda assim ele se esforçava para mostrar que estava bem para a Maya. O estado que minha irmã ficou no domingo me assustou. Todos com quem conversei que estavam no vestiário da Seleção disseram que ficaram assustados com a Maya, assim como o Matteo também e o soco que ele deu no técnico. Era claro que os dois estavam se culpando. Várias vezes em que a Maya acordava de madrugada pra dar os remédios do Gavi e ele reclamava de dor, ela falava "eu queria que fosse eu no seu lugar".
