Domingo, 14 de Julho, 2024
Eu não sabia que estava correndo risco de vida quando nessa manhã eu levantei e arrumei as minhas coisas para irmos para Berlim.
Maya já estava acordada, e quando entrei na cozinha, ela estava no telefone com alguém. Demorei pra entender que a pessoa que ela falou: "eu acho bom você estar arrumada e pronta quando eu passar aí" era a Helena. Geralmente, pela manhã a Maya é bem sem paciência. Ela sempre acorda antes de todo mundo porque segundo ela, ela precisa de pelo menos uma hora pra acordar antes de ter contato com outras pessoas.
Se você não quer morrer, você obedece. É regra falar com a Maya somente depois que ela mesma te da bom dia. Antes disso, ela vai te xingar e você ainda corre o risco de ser agredido. Certas coisas em relação a Maya você não entende, apenas obedece porque sua vida é importante demais.
Tomamos café juntos em uma padaria. Como só estava apenas nós dois em casa, ela já tinha arrumado tudo e não queria lavar louça de manhã. O problema da Maya de manhã acho que se aplica apenas à nós, porque ela é extremamente simpática e educada com os outros.
Parece até outra pessoa...
O seu tempo de acordar passou e ela ficou normal. Não sabia quem estava mais ansioso para a final da Eurocopa hoje: eu ou ela. Maya não parava de falar, principalmente, que estava morrendo de saudades dos gêmeos. Apenas eu e Maya que estamos vivendo uma rotina maluca entre Barcelona e Berlim. Ela precisa trabalhar, e eu continuar com a minha fisioterapia. Todo dia após um jogo da Euro, nós voltávamos para Barcelona e depois voltávamos para Berlim um dia antes ou no dia do próximo jogo.
Era uma loucura, era cansativo, mas não estava sendo impossível.
Pensei que o humor dela já estava regulado, mas quando paramos na casa da Helena para busca-la, eu pensei que as duas iam se matar. Eu estava no banco do carona, ao lado da Maya e estava quase me oferecendo pra dirigir. Ela e Helena entraram em uma discussão sobre o horário do voo, e cada vez mais eu me afundava no banco com medo de uma unha da Maya arranhar meu rosto.
— Faz quanto tempo que a Maya não transa?
Engasguei com a minha água. Olhei para a Helena vermelho, com lágrimas nos olhos. Ela encarava a Maya que estava do outro lado, comprando algo para comer. Tive que tossir algumas vezes, até me recuperar.
— O que?!
— Esse mau humor é falta de sexo, conheço ela. — Me olhou. — Você mora com ela, por isso que estou te perguntando.
Soltei uma risada desacreditado.
— Lena, não sou inspetor de sexo. Não fico perguntando isso... Ficou maluca?
— Pois deveria perguntar, então. — Deu de ombros. — Olha o mau humor dela. — Apontou.
Passei a mão pelo rosto, tomando mais da minha água. Helena não parava de falar do meu lado e eu estava quase que pedindo gentilmente para ela parar de falar. Já tinha falado clima, que um dia está calor e outro frio; do ar condicionado do CT; dos relatórios atrasados; o fato dela ter que atender muitos jovens essa temporada; da roupa dela que estava feia e teve que se arrumar correndo por culpa da Maya; do horário do voo; de ter que andar muito...
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irrompible || pablo gavi
Romance"Livro 2 da série Barcelona" Quatro anos são suficientes para curar uma ferida? Com certeza para Gavi e Manuela, não! Inseparáveis desde crianças, não estavam preparados para o que a adolescência os esperava... Futebol, novas amizades, fama, problem...