Capítulo 159 - Frustração

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Algumas Semanas Depois – Maio, 2024

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Algumas Semanas Depois – Maio, 2024

A frustração tomava conta de mim como um peso que eu não conseguia soltar. Cada passo dado na recuperação parecia insuficiente, como se eu estivesse sempre um passo atrás do que esperava. Todos diziam que eu estava indo bem, que a recuperação era boa... mas a verdade é que, por dentro, eu me sentia preso, impotente. Sabia desde o início que essa jornada seria longa, que o rompimento do LCA não era algo simples, e que meu retorno ao campo podia demorar. Mas algo dentro de mim, talvez um excesso de otimismo ou aquela teimosia que sempre carreguei, me fez acreditar que eu seria diferente. Que eu conseguiria voltar antes do tempo previsto.

Agora, com a temporada se aproximando do fim, eu ainda estava no mesmo lugar: fisioterapia, sessões de fortalecimento, e a expectativa cada vez mais distante de vestir novamente a camisa e entrar em campo. A sensação de estar parado enquanto o mundo do futebol continuava girando era sufocante.

Minha família tem sido meu maior apoio, e eu sei que sem eles, teria sido ainda mais difícil. A Sol, por exemplo, mesmo agora que estou na fase final da recuperação, não para de vir à minha casa e fazer questão de me ajudar nos exercícios. Ela é incansável, como se acreditasse mais na minha recuperação do que eu mesmo. Eu tento não demonstrar o quanto isso às vezes me pesa, mas sei que ela percebe quando meus olhos se enchem de cansaço. Ainda assim, ela insiste, e eu sou grato por essa força.

A Luna e a Alice... Essas duas me trazem uma leveza que eu não consigo encontrar em nenhum outro lugar. As risadas delas me fazem esquecer, por um momento, tudo que estou passando. Elas sempre estão junto comigo, correndo ao meu redor enquanto eu faço os exercícios, como se fossem parte do meu próprio time de suporte. Luna, com seu jeito doce e brincalhão, me lembra todos os dias o motivo pelo qual a vida ainda é bonita, mesmo em meio às dificuldades. E o Arthur... Ah, o Arthur não deixa passar uma oportunidade de perguntar quando a gente vai voltar a jogar bola juntos. "Logo, campeão", eu sempre respondo, mesmo que por dentro a dúvida ainda me consuma. Será que vou voltar a ser o jogador que ele admira tanto? Será que ainda sou aquele Gavi?

Mas se tem alguém que realmente mantém minha cabeça no lugar, é a Manu. Ela é o meu pilar, meu refúgio quando o mundo parece desabar. Não há um dia em que ela não esteja ao meu lado, segurando minha mão, me apoiando de todas as maneiras possíveis. Sua presença é como uma âncora, me impedindo de afundar nos meus próprios pensamentos. Às vezes, só o fato de ela estar lá, quieta, sem dizer nada, já é suficiente para que eu me lembre de que não estou sozinho. Ela acredita em mim, e isso, por si só, me dá forças para continuar.

As sessões de terapia com a Eliana também têm sido essenciais. Falar sobre meus medos, sobre a incerteza de voltar ou não a ser o jogador que eu era, tem me ajudado a organizar tudo aqui dentro. Eliana tem um jeito calmo, que me faz sentir que é seguro expor minhas fraquezas. E depois de cada conversa, saio com a cabeça um pouco mais leve, embora a luta continue.

irrompible || pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora