Dia Seguinte — Quinta-feira
No café da manhã, senti que a qualquer minuto a Manu ia me xingar ou me bater, e olha que ela é uma pessoa bem calma, quase nunca se estressa, o que é curioso levando em conta quem são seus irmãos. Essa noite, com certeza foi uma das piores que eu já tive na minha vida todinha... Só não perde para as noites dos dois primeiros meses de lesão.
Eu não conseguia dormi, de nenhuma forma. Por um momento, eu me senti o Alex, e acho que se formos levar em consideração que ele é um recém-nascido, o único errado sou eu mesmo.
Manu não disse nada, mas era impossível que ela estivesse conseguido dormir, não tinha como. Eu não estava me aguentando, então imagino ela. Sei bem os dias em que estou chato — insuportável — e essa semana estava sendo um verdadeiro inferno.
Eu sabia que essa semana não estava sendo fácil, nem pra mim, nem pra Manu. A recuperação do LCA estava me tirando do sério. A paciência, que nunca foi meu ponto forte, estava se esgotando rapidamente, e o fato de que eu tinha noites como a de ontem, em que simplesmente não conseguia dormir, só piorava tudo. Cada segundo acordado parecia um lembrete de que eu ainda estava longe de voltar ao campo.
Na minha cabeça, eu tentava manter uma atitude positiva, me concentrando nos pequenos avanços. Voltar ao campo para treinos leves já foi uma grande vitória, mas no fundo, eu sabia que ainda tinha um caminho longo pela frente. O problema era que, a cada passo que eu dava, parecia que havia uma pedra no caminho, me forçando a ir mais devagar do que eu queria. E isso estava me corroendo por dentro.
Terminei o café com um suspiro, observando Manu enquanto ela terminava de arrumar sua bolsa para a faculdade. Ela estava quieta desde a noite passada. Talvez tentando não me pressionar, mas eu sabia que ela não estava exatamente feliz com meu comportamento. Eu não estava sendo o melhor namorado, e ela merecia muito mais do que aquele cara rabugento que eu estava sendo nos últimos dias.
Como todos os dias, a Maya saiu mais cedo com as crianças para leva-las a escola e Brad saiu em seguida. Nick subiu para arrumar suas costas e Manu permaneceu na sala arrumando sua bolsa. Deixei a cozinha a mais organizada que eu consegui, mesmo sabendo que quando a Rosa chegasse ela ia organizar tudo do jeito dela e da Maya — as duas tinham um jeito próprio de arrumar as coisas.
Olhei para a sala e Manu continuava lá. Estendi o pano de prato, passando a mão pelo meu cabelo e indo para a sala.
— Manu... — Chamei, quase hesitante. — Me desculpa pela noite desastrosa de ontem.
Ela parou o que estava fazendo, virando o rosto para me olhar com aquele jeito carinhoso que só ela tem, mas que eu também sei que esconde um pouco de frustração. Manu sempre foi o meu maior apoio, desde o dia em que me machuquei, mas eu sabia que eu estava tornando tudo muito mais difícil pra ela. Era como se, ao invés de melhorar, eu só estivesse carregando ela junto com todos os meus problemas.
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irrompible || pablo gavi
Romance"Livro 2 da série Barcelona" Quatro anos são suficientes para curar uma ferida? Com certeza para Gavi e Manuela, não! Inseparáveis desde crianças, não estavam preparados para o que a adolescência os esperava... Futebol, novas amizades, fama, problem...