Era óbvio o motivo pelo qual eu fui para Berlim: Manu. Não a deixaria sozinha jamais em um encontro familiar longe de ser tranquilo.
Eu estava morto de cansaço, mas mesmo assim, eu fui. Eu, Maya e Mia estávamos mortos. Se deixassem, eu dormiria por umas dez horas seguidas ou mais se pudesse. Eu estava morto!
Com certeza, o que eu menos desejava para uma segunda-feira era estar trancado dentro de um tribunal para refazer um testamento para bebês que nem nasceram ainda. Isso para mim não fazia sentido, chegava a ser ridículo!
Quando eu era menor e vim com a Maya assim que cheguei a Barcelona, não entendia. A verdade é que eu fui entender sobre a família Azevedo Martinez há muito pouco... Principalmente, Paloma e Ricardo. Não entendo porque eles fazem certas coisas, e se você tentar parar para pensar, acaba perdendo a cabeça no processo.
E isso quase me ocorreu em 2019. Quando coloquei minha cabeça no lugar somente há uns dois anos atrás, eu comecei a me perguntar e me questionar o porquê eles faziam o que faziam, principalmente a Paloma. A ausência deles como pais sempre me intrigou muito. Porra, eles tiveram quatro filhos... Se não queriam ser pais, porque não pararam na Maya? Ou melhor, porque nem tentaram? Não fazia sentido pra mim.
Um dos meus maiores sonhos era ser pai. Eu sabia das dificuldades que enfrentaria com a Manu, mas isso não me assustava, nem um pouco. Me dói saber que há tantas pessoas no mundo querendo realizar o sonho de ter um filho e não conseguem, mas há pessoas no mundo que têm filhos incríveis e não valorizam isso.
Paloma e Ricardo não valorizavam os filhos que tinham. Doía em mim... Doía ver a forma como Paloma olhava para Maya, como a culpava. Como ela olhava para a Manu por estar do meu lado. Como o Ricardo olhava para o Matteo por estar decepcionado com o relacionamento dele e da Valentina, assim como ele olhava para todos os filhos com culpa.
Nick era o único que escapava. Ele sempre tentou prezar pelo bom ambiente dos pais, desde pequeno. Ele conseguiu por um tempo, e de todos eles, ele era o que melhor tinha um relacionamento com todos eles.
Não entrava na minha cabeça como a Paloma podia tratar a Maya do jeito que tratava. Era nítido o ódio que ela sentia da própria filha, é claro, a Maya sabia disso também. Por mais que ela fale que não a afeta, isso é impossível. Dava pra ver pelo o olhar dela quando ela brigava com a mãe que não queria que fosse daquele jeito, mas ela precisava agir da forma como ela agia pra se autoproteger. Maya criou uma muralha ao redor dela e dos irmãos, que jamais, e nem ninguém, poderia derrubá-la.
E eu apreciava isso. Achava lindo... Mas sabíamos que custava muito da Maya, custava muito do emocional e psicológico dela.
Não estava entendendo os rumos que aquele testamento estava tendo. Sabia que confusões e bate-boca iriam ter, mas não pensei que meu nome acabaria sendo envolvido. Não estava entendendo absolutamente nada do que a Paloma estava falando pra mim ou melhor, insinuando.
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irrompible || pablo gavi
Romance"Livro 2 da série Barcelona" Quatro anos são suficientes para curar uma ferida? Com certeza para Gavi e Manuela, não! Inseparáveis desde crianças, não estavam preparados para o que a adolescência os esperava... Futebol, novas amizades, fama, problem...