Capítulo 145 - Papai

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Eu ainda não conseguia acreditar que a Luna havia me chamado de pai

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Eu ainda não conseguia acreditar que a Luna havia me chamado de pai. Era algo muito surreal.

Não consigo colocar em palavras como eu me senti... Na verdade, tudo o que envolve ela, eu não sei o que dizer. Eu não sei explicar como aconteceu, como o sentimento surgiu. Só sei que, quando eu a vi na ONG naquele dia catorze de dezembro, eu sabia que precisava tê-la ao meu lado e da Manu para o resto da vida.

Era como se estivéssemos destinados a nos conhecermos.

Estava vivendo o pior momento da minha vida. Ia fazer um mês que eu tinha me lesionado e minha temporada acabado. Eu ainda sofria com as lembranças daquele domingo. Acordava a noite assustado achando que eu estava ouvindo o choro angustiado e desesperado da Maya. Eu sonhava com ela ficando praticamente roxa na minha frente sem conseguir respirar. Ouvia o soco do Matteo quando eu menos esperava... Abria os olhos e via o rosto da Manu, dos rostinhos assustados dos gêmeos. De como a Mia me recebeu quando eu cheguei em casa pela madrugada. Do Pedri dizendo que ver o momento pela Tv foi tão agonizante que a Mia vomitou... A preocupação do Brad, Nick, Sol e Pilar me faz sentir mal por eles todas as vezes que eu lembro.

Esses eram e ainda são os meus pesadelos. Mesmo que meses tenham se passado, eu ainda sou assombrado por isso e sei que nem cedo isso vai sumir, ou talvez, nunca suma. Eu olho para o meu joelho e vejo as cicatrizes que além de causarem tantas dores em mim, causou dores nas pessoas que eu mais amo no mundo. Se eu pudesse, eu tiraria tudo o que eles sentiram ao meu ver lesionado. Eles não mereciam ter essas memórias para o resto da vida...

Mas, apesar de tudo, algo em mim naquele dia, no dia em que eu conheci a Luna, mesmo que uma pequena parcela, se curou.

Não estava botando fé que a Maya me levaria para a ONG, embora ela tivesse prometido. Eu sabia e era nítido o quão mal ela estava, se definhando e se culpando pela minha lesão. Acho que não foi só em mim que mudou algo, mas em todos também.

Na hora eu não percebi, mas olhar para a Luna era como olhar para a Bianca. Mesmo que tenhamos passado por poucos momentos juntos, todos foram especiais. Bianca era o sinônimo de força e resistência na ONG. Ela deu tudo para viver, lutou para sua filha crescer longe do monstro que teria que chamar de pai se tivesse contato com ele.

O que eu mais gostava na ONG era poder ficar com a Bianca no jardim. Era um escape que eu tinha dos treinos... Gostava de estar lá, de jogar com os meninos da minha idade, de brincar com a Manu e as outras crianças. Era meu refúgio... Mas, assim como todas as coisas na vida que vão e vem, tudo se foi em 2019 quando tudo aconteceu.

Voltei a frequentar a ONG somente no começo de 2022 quando eu tinha certeza que ninguém estaria lá. Mesmo contra sua vontade, Erick me avisava quando eu podia ir ou não para lá. Eu não ficava muito tempo, apenas me certificava que eles não estavam precisando de nada... Eu não vi a Bianca. Eu não vi a Luna.

A última vez que eu devo ter visto em uma visita não planejada na ONG no começo da pandemia. Eu levei para o Erick algumas máscaras e álcool em gel. Bianca estava chegando do hospital quando eu estava indo embora, e em uma conversa rápida, seus olhos verdes brilharam quando ela me contou que iria ter a guarda da sua filha de volta.

irrompible || pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora