case thirty nine

Capítulo oitenta e nove.

Chapter Eighty-Nine
★ Não ia resistir as minhas coxas ★ 
{Seattle, Washington} 
<Bárbara Sevilla Narrando>

Eu havia perdido a noção do tempo. Já se passava uma semana e meia desde que eu saí de casa, e isso estava começando a me agoniar. Sentada na cama, tentei organizar meus pensamentos sobre o que precisava fazer naquele dia. Um bocejo escapuliu de mim, e ao olhar para o relógio, vi que eram 11h30. Para mim, isso era como se fosse 6h00 da manhã. Passei a mão no rosto, tentando espantar a sonolência, quando ouvi batidas na porta. Resmungando alto, levantei-me com uma mistura de raiva e cansaço e fui até a porta.

— Não, eu não vou pedir desculpas por ter te acordado — Victor anunciou antes mesmo de eu abrir a porta completamente.

Apoiei o braço no batente, tentando disfarçar a irritação. Vestia uma calcinha preta e um moletom verde-escuro, que cobria metade das minhas coxas, o que apesar se expor muito era o suficiente para me deixar envergonhada. O moletom era confortável, mas definitivamente não estava feito para impressionar.

— Não, não vai.

— Tá tarde.

— São 11h30, Victor, 11h30! — Rebati, minha voz carregada de irritação.

— A gatinha tá brava? — Ele riu, um sorriso divertido no rosto.

— 11h30! — Repeti, mais furiosa.

— Isso não é tarde?!

— Você veio aqui para me lembrar que eu acordo tarde ou vai dizer o que quer? — Perguntei, tentando manter a calma.

Victor deu uma rápida olhada para baixo, seus olhos passeando sobre meu corpo com um interesse que não consegui ignorar. Eu estava apenas de calcinha e o moletom que cobria metade das minhas coxas. Seus olhares intensos, focados nas minhas pernas, me deixaram um pouco envergonhada. Eu não tinha percebido que esqueci de trocar de roupa.

— Victor, acorda! — Estalei os dedos em frente ao seu rosto, tentando chamar sua atenção.

— O que foi? — Ele piscou, como se despertasse de um transe.

— O que foi digo eu, suas coxas distraíram sua cabeça?! — Disse, com um tom sarcástico, enquanto ele cruzava os braços. — Eu não falei no duplo sentido, garoto! — Eu exigi, e ele respondeu com um sorriso de cafajeste que só fez minha irritação crescer. Revirei os olhos. — Um minuto. — Fechei a porta e fui até o guarda-roupa procurar uma roupa mais decente.

Vestindo rapidamente uma calça preta de moletom e uma blusa de gola alta preta, tirei o moletom e abri a porta novamente.

— Agora pode falar.

— Agora que eu já vi toda a cena, não precisava trocar de roupa.

— Bem que você queria. Não ia resistir às minhas coxas. — Usei um tom de falsa sedução, embora soubesse que ele estava apenas brincando. Victor ignorou o meu comentário com uma expressão de indiferença.

— Tá usando o moletom que eu te emprestei quando a gente veio pra Seattle? — Ele observou, com um tom sarcástico em sua voz, referindo-se à roupa que eu estava usando anteriormente.

— Ah, é bom para dormir — dei de ombros. Ele revirou os olhos, claramente entediado com a conversa. — Por que você queria de volta?

— Mesmo se eu quisesse, você não ia me dar. — Ele respondeu, sua voz carregada de ironia. Apertei os olhos, captando o duplo sentido. — O moletom, só para deixar claro.

— Vamos parar com as piadinhas de duplo sentido. — Gesticulei, tentando mudar o foco da conversa. Ele deu de ombros, aceitando a mudança de assunto. — O que você quer?

— Amanhã tem festa.

— Me conta mais. — Encostei a cabeça no batente da porta, entediada.

— Só sei que a Eliza vai dar a festa porque o Diogo me disse. — Victor explicou, passando a mão pelos cabelos com um gesto distraído.

— A Eliza convidou o Diogo? Eles têm uma relação meio estranha. — Falei, pensativa.

— Tecnicamente, não convidou. Enfim, é uma longa história.

— O Mob sabe que você tem um novo melhor amigo? — Perguntei, com um tom de brincadeira. Victor resmungou, claramente irritado.

— O Mob não manda na minha vida só porque é meu melhor amigo... Mas não é para você contar para ele, entendeu, Bárbara?

— Aham, claro. — Cruzei os braços, rindo. — Era só isso?

— Não, me encontre na sala em dez minutos. Temos novas pistas. — Victor virou-se para ir embora, mas parou novamente, um sorriso travesso no rosto.