case thirty nine

Capítulo cento e dezessete.

Chapter one hundred and seventeen
★ Estou orgulhosa, crusher ★
{Tacoma, Washington}
<Arthur Miller narrando>

No dia seguinte, cada passo que eu dava em direção ao ponto de encontro com Thaiga fazia meu coração bater mais rápido. A expectativa de treinar com ela me deixava inquieto, e eu não sabia ao certo como reagir. Ao entrar na sala, avistei Santiago, que estava vestida com uma calça e uma blusa de moletom preta, com o cabelo solto. Sua beleza natural fazia-a parecer quase angelical, mas eu sabia que por trás daquele rosto estava uma guerreira.

Cumprimentei Thaiga, que estava dando um gole de água. Ela me olhou com um sorriso amistoso.

— Tá bem? — Thaiga perguntou, enquanto fechava a garrafa de água.

— Sim, e você? — Respondi, tentando soar casual.

— Bem. Por que decidiu aprender artes marciais? — Ela perguntou, curiosa, e eu dei de ombros.

— Para extravasar um pouco. E também melhorar minhas habilidades no trabalho.

Thaiga riu suavemente e ajeitou a postura, ficando séria.

— Tudo bem então. — Ela disse, assumindo uma expressão mais profissional. — O objetivo é simples: derrubar o adversário e mantê-lo imobilizado no chão por vinte segundos. Essa é a vitória. Pelo menos vai ser a regra entre eu e você, só pra começar.

— Parece fácil. — Disse, tentando soar confiante, mas por dentro já sabia que não seria tão simples.

— Vamos ver. — Thaiga respondeu com um sorriso desafiador, enquanto enrijecia o corpo e levantava a guarda.

Avancei contra ela com hesitação, lançando um golpe direto. Ela desviou com facilidade, girando o corpo de forma fluida, e juntou os pulsos em frente ao peito para bloquear minha tentativa de seguir com outro ataque. Antes que eu pudesse reagir, senti o impacto de seu joelho contra o meu abdômen. O golpe foi rápido e preciso, me jogando de costas no chão. Eu resmunguei, sentindo o ar sair dos pulmões.

— Novatos... — Thaiga murmurou, com um tom de superioridade, enquanto eu lutava para me levantar. — Tá devagar demais, Miller. Se continuar assim, qualquer um vai te derrubar em menos de um segundo.

— Rápido... tudo bem... — Sussurrei para mim mesmo, tentando me recompor. — Vem, Santiago.

Ela sorriu, claramente gostando do desafio. Avançou com velocidade, o corpo fluindo em movimentos ágeis e precisos. Voltei a tentar acertá-la, mas ela era rápida demais. A cada tentativa frustrada, eu caía mais uma vez. Thaiga era realmente boa. Seus movimentos eram uma combinação de técnica, força e agilidade. Eu estava começando a pegar o jeito, mas ainda estava longe do nível dela.

Após diversas quedas, me levantei ofegante, tentando manter o foco.

— Precisa de uma pausa? — Thaiga perguntou, com uma expressão de leve preocupação.

— Não. De novo. — Respondi, determinado.

Thaiga avançou rapidamente, tentando me atingir com um chute baixo. Eu consegui bloquear com o antebraço, mas ela girou habilmente e agarrou meu braço, tentando me derrubar com uma chave de braço. Em vez de permitir a queda, girei o corpo com força, tentando me livrar do seu aperto. Santiago rapidamente mudou de estratégia, segurando meu quadril para tentar me imobilizar. Seus pés ficaram suspensos no ar enquanto ela usava seu peso para tentar me derrubar.

Com um empurrão forte no ombro direito dela, consegui desequilibrá-la. Thaiga caiu no chão, mas voltou a se levantar com a mesma rapidez de antes.

Ela tentou me atingir novamente, mas dessa vez, consegui desviar e ela parou, surpresa. Aproveitei a oportunidade e segurei seus ombros, usando a força do meu corpo para derrubá-la no chão, prendendo-a sob mim. A sensação de vitória foi breve, pois assim que nossos olhos se encontraram, senti algo diferente. Seu rosto delicado estava a centímetros do meu, e sua boca curvava-se em um pequeno sorriso misterioso, quase debochado. Os olhos dela, fixos nos meus, me fizeram arrepiar até a nuca, e um frio percorreu meu estômago. Por um instante, achei que as pupilas dela haviam se dilatado. Sorrimos ao mesmo tempo, como se compartilhássemos um segredo não revelado.

Mas me distraí, e esse foi meu erro.

Thaiga apertou os olhos de forma maliciosa e, com um movimento rápido, me deu uma rasteira, mesmo no chão. O impacto foi duro, e senti minhas costas latejarem devido às inúmeras quedas anteriores. Meu pé latejava com a força da rasteira, e eu gemi de dor enquanto me contorcia.

— Caralho! — Exclamei, tentando me recompor.

— Esqueceu do principal, Miller: nunca baixe a guarda antes dos vinte segundos! — Thaiga disse, levantando-se com agilidade. — Levanta, Miller. — Ela estendeu a mão para me ajudar.

— Sabe aquela pausa? Vou precisar dela. — Murmurei, aceitando sua mão e me levantando com esforço.

— Tá melhorando. — Ela disse, colocando as mãos na cintura e rindo levemente. — Estou orgulhosa, Crusher.