Capítulo cento e vinte e cinco.

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Chapter one hundred and twenty-five
Já vai princesa? ★
{Tacoma, Washington} 
<Carolina Decker narrando>

Mais um dia de trabalho. Meu foco estava nas pistas que conseguimos no caso, cada detalhe parecia ser uma peça crucial para o próximo passo. Entrei na sala de operações e fui imediatamente surpreendida por uma cena inusitada: Santiago e Miller estavam lutando. Thaiga golpeava o ombro do Arthur, e logo em seguida suas coxas. Ele caiu no chão, prensando os lábios para conter os gemidos de dor. Tentou levantar, mas Thaiga o segurou pelos ombros, mantendo-o no chão. Eles se entreolharam de uma maneira que me fez franzir a testa.

— O que vocês estão fazendo? — perguntei, chamando a atenção dos dois. — Não acham que já estão grandinhos demais para brincar de lutinha?

— Não estamos brincando — Thaiga respondeu, ajudando Miller a se levantar. — Estamos treinando.

— Artes marciais — ele completou, apoiando-se na parede.

— Claro, sei — respondi, não escondendo o tom irônico.

Thaiga foi até o bebedouro, e Arthur se jogou em uma das cadeiras, enquanto eu ajeitava nosso quadro de investigação. Foi então que ouvi a leve risada do Crusher.

— Decker... passou bem o final de semana, né? — ele provocou, e Thaiga, ao voltar, jogou o copo descartável no lixo.

— Estamos em horário de trabalho, Miller — respondi, tentando cortar o assunto ali mesmo.

— O que aconteceu no final de semana? — Thaiga perguntou, mas eu preferi ignorar.

Como se já não fosse o bastante o beijo de Gabriel invadir meus pensamentos constantemente, agora até os colegas comentavam sobre. Sempre que aquela lembrança vinha à tona, eu sentia a pressão suave dos lábios dele contra os meus, e o gesto doce de seu dedo acariciando meu queixo... Era uma sensação que me perturbava, e ao mesmo tempo, me fazia desejar mais. Algo que eu não queria admitir, nem para mim mesma.

— Nada — menti, tentando parecer despreocupada.

Sentei ao lado de Thaiga e, em seguida, Milena entrou na sala, trazendo um sorriso contagiante no rosto.

— Fiz comida chinesa! — ela anunciou, distribuindo potes para cada uma de nós.

Eu e Thaiga trocamos um olhar de cumplicidade antes de colocar uma garfada na boca ao mesmo tempo. Meus olhos lacrimejaram, e tive certeza de que minha pressão arterial disparou. Será que a Milena tinha colocado um pote inteiro de sal na comida?

— E aí? — Miih perguntou, esperançosa.

— Está ótimo... — forcei um sorriso, mentindo descaradamente.

— Uma delícia — Thaiga completou, tentando não rir.

Assim que Milena deu as costas, cuspimos a comida ao mesmo tempo. Ela definitivamente não era a melhor cozinheira do mundo, mas insistia em aprimorar essa habilidade.

Deixei a comida de lado e peguei meu celular, lembrando de novas informações.

— Victor ligou — comentei casualmente.

— O Victor ligou?! — Mob surgiu do nada, me assustando.

— O que ele disse? — Thaiga perguntou, enquanto bebia água.

— Muitas coisas, mas o principal é que já sei como vamos recuperar as gravações do motel no dia em que a Nancy desapareceu.

— Sobre isso... vocês não têm que ir para a boate hoje? — Arthur perguntou, e todas assentimos.

— Vamos à noite — Bianca respondeu.

— E vocês acharam algo útil nas gravações? — Denvers perguntou, e os meninos assentiram.

— Estamos esperando Di Laurentis e Carter para começarmos — Miller explicou.

— E onde eles estão? — perguntei, notando a ausência deles.

— Não sabemos, mas disseram que chegam em poucos minutos — Marcos deu de ombros.

Bufei, odiava atrasos. Sentada ali, comecei a ficar entediada, observando o ambiente ao meu redor. Mob apoiou a cabeça em uma das mãos, olhando fixamente para Milena. Revirei os olhos e chutei sua perna por debaixo da mesa. "Para de babar, idiota", transmiti com o olhar, e ele apenas deu de ombros. Enquanto isso, Arthur e Bianca conversavam animadamente sobre treinos, e eu realmente começava a suspeitar que algo estava rolando entre eles. Milena sorriu para o Mob, e eu senti o tédio se intensificar. Chega de segurar vela.

— Tudo bem, vou tomar um ar. Volto quando os meninos chegarem — anunciei, levantando-me, e todos assentiram.

Saí da sala e, ao virar o corredor, dei de cara com Gabriel. Dei um passo para trás, surpresa, mas ele bloqueou a saída com um sorriso no rosto.

— Já vai, princesa? — ele perguntou, e naquele momento, o ar me fugiu. Minhas palavras se perderam antes mesmo de serem formadas.

O toque do apelido "princesa" na sua voz trouxe à tona lembranças do beijo que compartilhamos. Por que eu não conseguia simplesmente esquecer aquilo? O modo como ele me chamou, o jeito que seus olhos me prendiam... Era como se algo estivesse se quebrando dentro de mim, uma barreira que eu sempre ergui para manter tudo sob controle. Agora, Gabriel estava ali, desafiando cada pedaço de autossuficiência que eu havia construído.

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