case thirty nine

Capítulo noventa e sete.

Chapter Ninety-seven
★ Ah, o Bak só fala de você o tempo todo ★
{Tacoma, Washington}
<Carolina Decker narrando>

Entrei na residência dos Di Laurentis — ou melhor, no que eu poderia chamar de castelo Di Laurentis — com passos firmes e uma pitada de ansiedade. Cada passo ecoava em meu pensamento: "Por que eu me meto nessas furadas?". Realmente, não me lembro da última vez que jantei com a família de algum namorado. E, para ser franca, Gabriel não é exatamente meu namorado. Mas aqui estou eu, forçando-me a agir como se fosse.

A casa dos Di Laurentis era uma obra-prima de três andares, com uma paleta de tons pastéis que acentuava a elegância do lugar. A escada, de uma suavidade quase cinematográfica, se destacava com seu corrimão em madeira polida e degraus impecáveis. O hall de entrada era tão imponente quanto acolhedor, com móveis sofisticados e uma decoração que exalava riqueza e bom gosto. Senti um frio na barriga ao comparar com minha própria casa, que mal tinha uma sala de estar decente, quanto mais um hall digno de um conto de fadas.

— Bak, eu sabia que você tinha dinheiro, mas não tanto — comentei, maravilhada com cada detalhe luxuoso da casa.

— Você me chamou de Bak. Isso é um avanço em relação ao "meu cérebro me disse que você não presta" — ele retrucou, fazendo referência a uma de nossas discussões passadas.

— Se você tivesse me mostrado sua conta bancária antes, já teria me tornado sua melhor amiga há tempos — falei com um sorriso irônico, e ele riu, com um som que parecia um pouco nasal.

— Fico lisonjeado, princesa.

Dei uma risada e parei de admirar o "castelo Di Laurentis". Nesse momento, um grito juvenil cortou o ar, e um garoto de cerca de dezesseis anos desceu correndo pelas escadas com uma energia contagiante.

— Finalmente, Bak! Quero te mostrar a nova atualização de... — Ele interrompeu a fala quando percebeu minha presença.

— Oi para você também, Arthur — Gabriel interveio, balançando a cabeça com um leve sorriso.

— Eita, desculpa, eu não sabia que você tinha visita.

— Onde está a mãe? — Gabriel perguntou.

— Ela está no quarto. Já desce para o jantar — respondeu Arthur, ainda visivelmente distraído.

— Carol, esse é o Arthur, meu irmão mais novo — Gabriel nos apresentou, e eu acenei cordialmente.

— Eu prefiro Thur, ou Thurzin, tanto faz — ele comentou, e eu ri, assentindo.

— Thurzin, essa é a Carolina... minha namorada.

Ouvindo isso, me peguei questionando se era hora de fazer uma pequena performance. Namorada do Gabriel. Um dia você está na pré-escola desenhando girassóis e, no outro, arrisca sua vida no FBI enquanto finge ser namorada de um detetive.

— Ah, o Bak só fala de você o tempo todo — disse Thurzin, e Gabriel fez um gesto de "cala a boca", balançando a cabeça.

— Ele falou isso? — Perguntei, com um sorriso debochado.

— Coitada de você, o Gabriel é insuportável quando quer — lamentou Thurzin, e eu não pude evitar rir.

— Já deu sua hora, né, Arthur?

— Hora? Hora de quê?

— De sumir, vai — Gabriel ordenou com um gesto de mão para a escada.

Thurzin correu para o seu quarto, e eu ri mais uma vez.

— Você fala de mim para sua família? — Perguntei, e Gabriel ignorou a pergunta. Resolvi então mudar de assunto. — Seu irmão é uma graça — comentei.

— Você não faz ideia — ele zombou, justo quando uma mulher elegante se aproximou.

A mulher tinha uma presença marcante, vestindo roupas sofisticadas, porém confortáveis. Parecia ter uns cinquenta e poucos anos, mas seu charme e cuidados com a aparência a faziam parecer atemporal. Seus olhos tinham a mesma cor dos de Gabriel, e seu rosto exibia um sorriso acolhedor.

— Oi, você deve ser a Carolina Decker. O Gabriel adora falar de você. Sou a mãe dele — disse, estendendo a mão para me cumprimentar.

Parece que Gabriel não tira meu nome da cabeça e, por consequência, os Di Laurentis também estão se tornando fãs. Este será um evento interessante.

— É um prazer conhecê-la, Sra. Di Laurentis — respondi, apertando sua mão gentilmente.