Capítulo cento e cinquenta e quatro.

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Chapter one hundred and fifty-four
  Sei que você conhecia a Lara, Victor ★.

— Larga ele, Jones!

— Olha só, ele ficou bravo, — Collin zombou, um sorriso cínico esticando seus lábios enquanto Victor apertava os punhos, claramente à beira de explodir. A raiva em seu rosto era tão intensa que quase podia sentir o calor emanando dele. Observava a cena, perplexa.

Durante os três anos trabalhando com Victor, já o vi atirando, lutando, enfrentando situações que fariam muitos desmoronarem. Mas nunca o vi assim, dominado por uma fúria que parecia pessoal. Algo dentro de mim se agitou com a lembrança de PH perguntando a Victor se ele estava bem com o Caso trinta e nove. Agora, tudo fazia sentido. Aquilo era pessoal. Victor tinha algum tipo de ligação com Lara, algo que ele estava escondendo.

— Solta ele, Victor, — insisti, mas ele não se moveu, os olhos fixos em Collin, como se quisesse queimá-lo com o olhar. Suspirei, tentando manter a calma. Se aquela situação saísse do controle, nós dois estaríamos em apuros. — Abuso de autoridade, lembra? — avisei, com um toque de deboche, esperando que isso o fizesse voltar à razão.

Victor respirou fundo, relaxando ligeiramente, mas ainda segurando Collin com firmeza.

— Você não sabe nada sobre ela, — Victor rosnou, os músculos de seu braço ainda tensos, prontos para explodir.

Passei a mão no rosto, tentando aliviar a tensão que sentia.

— Sei mais do que você imagina, — Collin retrucou, mas sua voz estava trêmula, e eu podia ver o medo crescendo em seus olhos.

Victor se inclinou para mais perto de Collin, a voz agora baixa e ameaçadora.

— Escuta bem, — ele disse, seu tom frio como gelo. — Você vai avisar a Ariel que acabou. Vai parar de trabalhar para ela. Vai desaparecer do mapa.

Collin manteve-se em silêncio, o olhar fixo no chão. Antes que pudesse reagir, Victor o soltou de repente, mas não antes de desferir um soco direto no rosto dele. O impacto foi tão forte que Collin cambaleou e caiu no chão, limpando o sangue que escorria do canto da boca.

— E avisa que passamos por aqui, — Victor acrescentou, a voz pingando sarcasmo. Antes que ele pudesse tentar algo mais, agarrei seu braço, puxando-o para longe.

— Vamos logo, Jones.

Arrastei Victor até a saída, meu coração batendo acelerado. Entramos no carro em silêncio, e ele me entregou as chaves. Tomei meu lugar no banco do motorista, tentando acalmar a mente enquanto ligava o carro e colocava o cinto de segurança.

— Desculpa, — Victor murmurou, olhando para frente, mas eu balancei a cabeça, tentando processar tudo.

— Achei que tinha dito que não queria comprometer nosso trabalho. Fazer as coisas do jeito certo, lembra? Você podia ter levado uma advertência séria por abuso de autoridade, — falei, minha voz mais severa do que eu pretendia.

— Você tem três advertências por abuso de autoridade, Bárbara, — ele retrucou, e aquela resposta me irritou mais do que eu esperava. Ele sabia como cutucar exatamente onde doía.

— Isso não é sobre mim, Victor, — rebati, sentindo uma pontada de frustração.

— Se eu levasse uma advertência, você não ia se importar, — ele disse, virando-se para o lado, como se quisesse encerrar a conversa.

Mas eu me importaria, respondi mentalmente, surpreendendo-me com a intensidade do sentimento. Era irônico pensar que agora eu me importava com Victor, algo que um mês atrás não teria sequer passado pela minha cabeça. Isso me confundia, me deixava incerta sobre onde estava pisando.

— Você sabe que não pode misturar sua vida pessoal com os casos, — murmurei, mantendo os olhos na estrada, mas sentindo o peso do olhar dele sobre mim.

— Do que você está falando? — ele perguntou, a voz carregada de exasperação.

— Sei que você conhecia a Lara, Victor, — respondi, meu tom mais suave agora. — Eu percebi quando o PH te perguntou se havia algum problema em ser o Caso trinta e nove. Não sei se vocês eram amigos, namorados ou qualquer outra coisa, mas isso não importa. Viemos aqui porque estragamos o caso com o Kenati, para mostrar que sabemos trabalhar em equipe. Se falharmos no Caso trinta e nove, vão ter certeza de que somos imaturos e incapazes de trabalhar juntos. As coisas vão piorar muito para nós.

Victor suspirou, concordando, e passou as mãos pelo rosto, como se tentasse afastar os pensamentos que o perturbavam. Eu me concentrei na estrada, tentando ignorar o incômodo que a cena anterior havia despertado em mim. Não era apenas a possível advertência que me incomodava. Era o quanto Victor parecia disposto a defender Lara, e a dúvida crescente se eles tinham sido mais do que apenas conhecidos.

Aquele sentimento de ciúmes que eu não queria admitir me deixou ainda mais irritada, e eu odiei o fato de me importar tanto.

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