Chapter one hundred and forty-two
★ E, se você quiser, eu posso ajudar você a vencer essa timidez ★Aquelas palavras mexeram comigo de uma maneira que eu não esperava. Ela estava brincando, claro, mas havia algo no tom dela, algo na maneira como falou, que fez minha imaginação correr solta. E naquele momento, sob o céu estrelado de Tacoma, desejei que ela estivesse certa. Desejei que aquele encontro – se é que era um encontro – fosse o começo de algo que eu nunca havia tido a coragem de sonhar antes.
— Minha parte favorita do dia é olhar para o céu — Thaiga comentou suavemente, sua voz quase se misturando com a brisa noturna.
— Você faz isso com frequência? — perguntei, curioso.
— Sempre que posso. Todos os dias, ao pôr do sol, vou para a minha varanda e fico observando o céu. Me dá uma sensação de paz, especialmente depois de um dia estressante. Quando olho para as estrelas, parece que todos os problemas desaparecem, e percebo o quão pequenos somos em relação à imensidão do universo. Às vezes, as coisas que nos incomodam nem são tão importantes assim.
Havia uma melancolia suave na voz dela, e eu a observei deitar na grama, os olhos fixos no céu estrelado. O reflexo da lua cheia em seus olhos dava um brilho especial ao seu olhar. Sem pensar duas vezes, deitei-me ao lado dela, sentindo a grama úmida sob meu corpo e a estranha, mas agradável, sensação de estar naquele momento com ela. O silêncio entre nós não era desconfortável, mas sim repleto de uma compreensão mútua.
— É bom olhar as estrelas — concordei, tentando captar a mesma serenidade que ela emanava.
— E você, do que gosta? — Ela virou a cabeça em minha direção, seus olhos encontrando os meus. Houve um instante em que o mundo pareceu parar, e eu sorri involuntariamente.
— Gosto de sair com meus amigos. É o meu momento de paz — respondi, dando um suspiro que carregava muito mais do que simples palavras.
— Você me parece o tipo que fica no canto, meio excluído — ela brincou, e eu ri, aliviado com o tom leve que ela trouxe de volta à conversa.
— Sim, eu choro quando chego em casa — retruquei, entrando na brincadeira.
— Oh, tadinho — Thaiga debochou, e nós dois rimos, o som ecoando na escuridão ao nosso redor.
Mas então, senti algo mais profundo emergir, e meu tom ficou sério, mais pesado.
— Não é que eu seja excluído, mas... tenho muita dificuldade com a timidez. É por isso que acabo ficando na sombra do Gabriel e dependo dele para socializar — confessei, fechando os olhos, sentindo um peso saindo de mim ao admitir aquilo em voz alta.
— Eu não disse que você vive na sombra do Gabriel... — Ela começou a responder, mas eu a interrompi suavemente.
— Mas pensou. Todo mundo pensa. Eu e o Gabriel nos conhecemos no sexto ano. Eu era o aluno bolsista, aquele que ficava no canto da sala, enquanto ele era o garoto marrento que todo mundo respeitava. Um dia, ele me defendeu de uns idiotas do nono ano, e desde então, nos tornamos melhores amigos. Mas ouvi minha vida toda que, se não fosse por ele, eu teria sido oprimido até hoje, que sou emocionalmente dependente. Isso me pressiona tanto que, às vezes, me pergunto se o Bak anda comigo por pena.
Thaiga me olhou com uma mistura de compaixão e algo mais. Ela deitou a cabeça no meu ombro, um gesto tão carinhoso que fez meu coração acelerar.
— Você sabe que não precisa se importar com essas opiniões. Essas pessoas não conhecem você de verdade; só você sabe pelo que passou. E ser tímido não é algo ruim, Arthur. Muita gente é assim.
— Eu já perdi tantas oportunidades por causa disso — murmurei, sentindo uma leve amargura na voz.
— Às vezes, as coisas simplesmente não são para acontecer — ela respondeu, sua voz suave, mas firme. — Se você sente que a timidez é um problema, pode tentar melhorar, mas isso também faz parte de quem você é. — Ela tocou meu braço, e um calor reconfortante se espalhou por mim. — Olha, posso não conhecer você e o Gabriel tão bem ainda, mas sei que ele é seu melhor amigo por quem você é, não por pena.
Havia tanta gentileza em sua voz, tanta sinceridade, que não consegui evitar o sorriso que se espalhou pelo meu rosto.
— Obrigado, Thaiga — disse, minha voz carregada de gratidão genuína.
Ela sorriu de volta, e naquele momento, senti que talvez, só talvez, aquele fosse o início de algo realmente especial.
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case thirty nine
FanficSinopse: Em um prédio do FBI no estado de Washington, cidade de Tacoma trabalham o esquadrão setenta e oito composto por sete agentes, cada um com a sua especialidade. Bárbara Sevilla e Victor Jones não se dão bem, e após uma discussão que quase fe...