Chapter one hundred and twenty
★ Cofiante, ou presunçoso? ★
{Seattle, Washington}
<Bárbara Sevilla narrando>Estávamos voltando para casa, apenas eu e Victor no carro, como tantas outras vezes. O silêncio preenchia o espaço entre nós, mas dessa vez havia algo mais. Encostei a cabeça na janela, distraída, observando as luzes de Seattle à noite. O céu estava limpo, cheio de estrelas, e o vento gelado dos vinte graus envolvia a cidade, trazendo uma sensação de inquietude que eu não conseguia ignorar.
Olhei para as palmas das minhas mãos, ainda marcadas pelos machucados da última crise de raiva. Um nó se formou na minha garganta ao lembrar de como minha mente se apagou naquele momento, deixando meu corpo agir por conta própria. Engoli em seco. Cada vez que perdia o controle, eu me odiava um pouco mais.
Preciso falar com a minha mãe... pelo meu pai. Fechei as mãos, sentindo o aperto das bandagens ao redor dos punhos, tentando ignorar a dor que ainda latejava. Meu peito se encheu de uma tristeza pesada, aquela sensação de estar quebrada por dentro, que eu tentava tanto esconder. Abri as mãos lentamente, apoiando os cotovelos nas coxas e juntando as mãos, tentando manter a compostura. Mas era difícil.
Victor parou no sinal vermelho, e eu joguei a cabeça para trás no banco, derrotada. Senti seu olhar sobre mim, mas me recusei a encará-lo, não queria que ele visse o quanto eu estava vulnerável naquele momento. Desviei o olhar para a janela, tentando controlar o rubor que ameaçava subir pelas minhas bochechas.
— Não acredito que eu tô saindo com você mais de uma vez na semana — murmurei, tentando mudar o foco.
— Você me adora — ele respondeu, com aquele tom convencido que sempre me irritava e... me atraía ao mesmo tempo. — É estranho ver você saindo e socializando.
— Agradeça a Eliza. Eu só tô cumprindo meu papel de Amy — respondi, tentando parecer indiferente.
— No fundo, você tá adorando tudo isso. Principalmente a parte de passar mais tempo comigo. Sozinha — ele provocou, com um sorriso insinuante.
Eu revirei os olhos, tentando não sorrir.
— Bem que você queria — respondi, tentando não dar a ele a satisfação de ver que suas palavras tinham algum efeito em mim.
Victor soltou uma risada baixa, aquela que sempre carregava um toque de desafio.
— Admito que não seria nada mal. — Ele lançou um olhar de canto para mim, com aquele sorriso torto que fazia meu estômago revirar, mesmo que eu tentasse ignorar.
Eu cruzei os braços, mantendo o tom desinteressado.
— Você e seu ego — murmurei, fingindo desdém. — Não consigo decidir o que é maior.
— Talvez você goste desse meu lado confiante. — Ele provocou, e eu senti seu olhar se fixar em mim novamente, mais intenso.
Eu virei o rosto para ele, arqueando uma sobrancelha.
— Confiante, ou presunçoso? — desafiei, apertando os lábios para não sorrir.
— Você me conhece bem o suficiente para saber que sou os dois. — Ele deu de ombros, ainda com aquele ar de quem estava se divertindo com a situação.
Seu sorriso cafajeste característico entregava tudo. Aquele sorriso era uma das coisas que mais me atraía nele. O jeito que ele ia de mudava seu jeito prestativo e simpático para seu sarcasmo com flerte, tinham um tom especial.
Decidi jogar o jogo dele aproveitei o farol aina fechado, inclinando-me um pouco na sua direção, até que nossos rostos ficassem mais próximos. Pude ver sua expressão endurecer um pouco, mas seus olhos não deixaram os meus, mesmo que o desconforto estivesse evidente.
— E eu te conheço o suficiente para saber que você adora quando eu te coloco no seu lugar — sussurrei, com um sorriso desafiador, sabendo que minha proximidade o deixava ainda mais nervoso.
Victor piscou, e por um breve segundo, vi o nervosismo cruzar seu rosto. Ele abriu a boca para responder, mas pareceu perder as palavras, o que só aumentou minha satisfação. Eu me afastei devagar, voltando a encostar na janela do carro, fingindo desinteresse.
— Alguma coisa para dizer? — perguntei casualmente, ainda sem olhar para ele.
Victor limpou a garganta, claramente tentando se recompor.
— Acho que é você quem gosta de jogar comigo. — Ele finalmente respondeu, com a voz um pouco mais rouca do que o normal.
— Talvez — murmurei, lançando-lhe um olhar de lado, com um sorriso que não consegui segurar. — Ou talvez eu só goste de ver até onde você aguenta.
Victor estreitou os olhos, como se estivesse avaliando minhas palavras, mas havia um brilho em seu olhar que mostrava que ele estava gostando do desafio. Ele inclinou-se ligeiramente na minha direção, sem tirar os olhos de mim.
— Acho que você não faz ideia de até onde eu posso ir, Babi — ele sussurrou, e dessa vez foi ele quem sorriu de maneira provocante.
Eu sustentei seu olhar, sentindo a tensão entre nós crescer ainda mais.
— Talvez um dia você tenha a chance de me mostrar — desafiei, sem desviar o olhar.
Victor abriu um sorriso lento, daquele tipo que revelava confiança, mas que também escondia algo mais profundo. Era o tipo de sorriso que me deixava com o coração acelerado, e que eu detestava por isso.
— Você vai se arrepender de ter dito isso — ele murmurou, voltando a atenção para a estrada, mas o sorriso em seu rosto mostrava que ele estava longe de esquecer o que eu acabara de dizer.
Depois do que eu disse sobre esquecer que a gente ficou, achei que tudo ia voltar normal. Mas, por enquanto, o jogo de flertes e desafios continuava, e isso era tudo o que eu conseguia lidar.
Me distraí novamente e peguei meu celular, sem prestar muita atenção, e comecei a girá-lo nas mãos, tentando afastar meus pensamentos. Estava distraída demais para segurar o aparelho direito, e ele caiu no chão do carro. Soltei um xingamento baixo, me abaixando para pegá-lo, mas antes que pudesse fazer isso, Victor estendeu o braço para me impedir.
— O que você tá fazendo? — Ele perguntou, a voz um pouco mais tensa do que o normal.
— Pegando meu celular que caiu, né? Ou você acha que eu vou te chupar? — minha frase deu um toque de piada e escárnio a situação. Ao ver o jeito como ele apertava o maxilar, os olhos focados na estrada eu revirei os olhos, mas com um meio sorriso, notando como ele parecia estar desconfortável.
Sem me importar com o que ele pensaria, tirei o cinto de segurança e me abaixei para pegar o celular, apoiando o braço na coxa dele. Senti o corpo de Victor enrijecer ao meu toque, e ele se remexeu no assento, como se seus pensamentos tivessem sido subitamente desviados. Estiquei o braço e finalmente alcancei o celular, mas ao me levantar, percebi que a tensão no ar tinha aumentado.
— Tá dirigindo igual uma tartaruga — comentei, colocando o celular no porta-luvas, tentando esconder o sorriso travesso que começava a se formar.
— Me distraí — ele murmurou, sem olhar para mim, os olhos fixos na estrada à frente.
Notei o quanto ele estava nervoso, e lancei um olhar inexpressivo e tenso para ele. Victor voltou a olhar para mim, seus olhos absortos em pensamentos que eu não conseguia decifrar completamente. Eu sorri de lado, com um toque de ironia, sabendo exatamente o que o tinha deixado assim. Mordi o lábio para não rir, apreciando o poder que eu tinha sobre ele naquele momento.
Victor apertou o volante com força, fechando os olhos por um breve segundo, como se estivesse tentando se recompor.
— Eu imagino — murmurei, colocando o cinto de segurança novamente, satisfeita com a pequena vitória que havia conseguido.
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case thirty nine
FanfictionSinopse: Em um prédio do FBI no estado de Washington, cidade de Tacoma trabalham o esquadrão setenta e oito composto por sete agentes, cada um com a sua especialidade. Bárbara Sevilla e Victor Jones não se dão bem, e após uma discussão que quase fe...