Capítulo cento e cinquenta e dois.

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Chapter one hundred and fifty-twenty-two
Você acha que é fácil pra mim? ★
{Seattle, Washington}
<Bárbara Sevilla Narrando>

Entramos no carro, e a tensão era pairava. Victor estava inquieto, mexendo no volante sem parar.

— Olha, entrar lá sem um mandato é ilegal. Eles podem anular as provas e comprometer todo o nosso trabalho — disse ele, tentando manter a calma.

— E você sugere que a gente volte pra casa e espere três dias pra conseguir um mandato? — Respondi com ironia.

— Eu só não quero fazer nada ilegal. Minha mãe sempre me ensinou a não mentir — ele disse, e a menção à mãe me irritou ainda mais.

— Te ensinou tão bem que você mentiu pra ela sobre estar fora da cidade. Que ironia, né? — Retruquei, sabendo que estava cutucando uma ferida.

Victor ficou em silêncio por um momento, seu olhar caindo. Era evidente que minhas palavras o atingiram. Mas antes que eu pudesse me sentir mal por isso, ele respondeu:

— Consegui o mandato, tá? — Ele disse, me surpreendendo. — De nada por salvar nossa pele.

— Como conseguiu um mandato tão rápido? — Perguntei, sem esconder minha perplexidade.

— Menti e disse que era de urgência — respondeu ele, sem nem piscar.

— E você ainda disse que não pode mentir? — Ironizei, sentindo a hipocrisia em cada palavra.

Victor bufou, claramente frustrado.

— Você tá brava porque eu tô agindo de acordo com a lei, ou porque não fiz exatamente como você queria?

— Eu tô brava porque você não confia em mim, Victor! — Soltei, minha voz carregada de frustração. — Você sempre tem que ter o controle de tudo, como se eu não fosse capaz de tomar decisões por nós dois.

— Não é questão de controle, Bárbara! — Ele rebateu, sua voz subindo um tom. — É a nossa carreira, nossa vida que tá em jogo. Não se trata de você ou de mim, mas do que é certo. Eu só... eu só não quero que a gente faça algo que vá nos ferrar no futuro.

— E você acha que eu não me importo com isso? — Perguntei, meu peito apertando. — Acha que eu sou irresponsável? Que eu não penso nas consequências?

— Não é isso, Babi... — Ele começou, mas eu o interrompi.

— Não me chama de Babi quando está tentando justificar por que não confia em mim — disse, olhando diretamente nos olhos dele. Vi a expressão dele mudar, algo entre tristeza e decepção. — No meu trabalho... — Corrigi tentando não parecer sentimental demais.

— Você acha que é fácil pra mim? — Victor perguntou, sua voz agora mais baixa, quase um sussurro. — Mentir pra minha mãe?Você não faz ideia da história toda. Se soubesse ia me entender. Eu odeio isso. Eu odeio mentir, mesmo que seja pra proteger ela. E aí você joga isso na minha cara como se fosse um jogo?

Minhas palavras haviam atingido Victor de uma forma que eu não esperava. Ele parecia genuinamente machucado, e isso fez com que um misto de arrependimento e admiração tomasse conta de mim. Eu sabia que ele era um homem de princípios, e talvez por isso eu o admirasse tanto. Mas ao mesmo tempo, essa necessidade de aprovação dele me irritava. Era como se eu precisasse provar a cada momento que era digna da confiança dele, mesmo sabendo que eu era capaz.

— Eu só queria que você acreditasse mais em mim, Victor — disse, suavizando o tom. — Eu sei que você tem seus princípios, mas eu também sei o que estou fazendo. Eu não sou só alguém que você precisa proteger ou salvar.

Victor soltou um suspiro pesado, fechando os olhos por um instante.

— Eu acredito em você, Bárbara. Mas você precisa entender que não se trata só de confiança. Eu... eu não sei o que faria se algo acontecesse com você... — Ele próprio se interrompeu. — Acontecesse com o caso porque não seguimos as regras.

Fiquei em silêncio, digerindo suas palavras. Ele estava chateado, e isso me afetava mais do que eu gostaria de admitir. Havia algo na maneira como ele falava, na preocupação genuína que ele sentia, que me fazia querer lutar ainda mais pela aprovação dele. Mesmo que fosse irritante, eu não podia ignorar o fato de que parte de mim queria que ele visse o quanto eu era capaz.

No fundo, saber que ele se preocupava tanto assim comigo me trazia uma estranha sensação de conforto. Mas ao mesmo tempo, eu não podia deixar de sentir que ele ainda não me via como uma igual.

— Tudo bem, Victor — disse finalmente. — Vamos fazer isso do seu jeito, mas... eu preciso que você confie em mim mais do que só nas palavras. Preciso que você veja que eu sou tão capaz quanto você de lidar com essa situação.

Victor assentiu, seu olhar fixo no meu. Havia uma compreensão mútua ali, mesmo que ainda restasse um pouco de tensão entre nós.

Com a situação um pouco mais estabilizada, saímos do carro e seguimos para a casa de Collin. Entramos pelas portas dos fundos, movendo-nos o mais silenciosamente possível. Collin estava na mesa de jantar, mexendo no notebook.

Victor tocou o ombro dele para chamar sua atenção. Collin se assustou e olhou para nós, surpreso.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Ele perguntou, dando um passo para trás.

— Sabe quem nós somos? — Victor arqueou as sobrancelhas.

— Claro que sei. Todo mundo sabe quem vocês são — Collin revirou os olhos, demonstrando mais irritação do que medo.

Eu e Victor trocamos olhares cúmplices e depois me aproximei, preparando-me para o confronto. As palavras de collin me fez pensar se a gente era algum tipo de ameaça pra esse pessoal.

— Eu sei o que vocês querem — disse Collin, e eu olhei para ele com desdém.

— Ah é? E o que a gente quer? — Victor perguntou, zombando, mas eu logo tomei a frente.

— Então você vai começar a falar ou não? — Perguntei, minha paciência já se esgotando.

— Vocês têm um mandato? Se não, não sou obrigado a falar — Collin respondeu com arrogância.

— E o que você entende de leis? Porque se entendesse, saberia que é crime hackear e apagar registros sem permissão — Victor respondeu, seu tom firme e decidido.

Mais uma vez, eu senti aquela admiração por ele crescer, mesmo que a situação ainda me irritasse. Victor era extremamente compreensível e justo, mas quando se tratava do trabalho eu sabia o quanto ele podia ser determinado e um pouco rude se necessário.

— Não tenta mudar de assunto — falei, levantando a voz.

— Ela é meio mandona, né? — Collin comentou, e Victor gesticulou.

— Ela manda. Se ela falou, tá falado. Eu só estou acompanhando — ele respondeu, e isso fez com que algo dentro de mim se acalmasse. Saber que, apesar de tudo, Victor ainda me apoiava era reconfortante.

— Você falando ou não, se a gente te entregar pro pessoal dos registros da máfia, você vai preso por no mínimo dez anos por cúmplice de crimes envolvendo a máfia. Então é melhor você começar a falar — ameacei.

Collin finalmente cedeu, mas havia algo em sua expressão que me dizia que ele já esperava por essa visita.

— Tudo bem, o que vocês querem saber? — Ele perguntou, sem muito entusiasmo.

Victor se virou para mim, murmurando:

— Como você consegue persuadir tão bem?

Eu sorri de lado, respondendo:

— Eu te disse pra confiar em mim. Nunca mais me subestime.

Então, voltei minha atenção para Collin.

— Qual é a relação da Ariel com a Lara Cooper?

case thirty nineOnde histórias criam vida. Descubra agora