Capítulo cento e vinte e nove.

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Chapter one hundred and twenty-nine
Mulheres ★
{Tacoma, Washington}
<Milena Denvers narrando>

O dia foi marcado por revisões de pistas e preparativos para o próximo passo. No dia seguinte, nos reuniríamos para discutir as novas descobertas. Enquanto trabalhávamos concentradas, recebemos informações de novas testemunhas. Entre elas, estava Alisson. Decidimos, em consenso, não informar o Gilson imediatamente, pois temíamos que seu envolvimento pessoal poderia complicar a situação. Assim, nos dividimos: os rapazes e Santiago continuariam a varredura na boate, enquanto Decker e eu ficamos responsáveis por interrogar Alisson.

Chegamos à sala de interrogatório e avistamos Alisson, uma loira platinada, sentada na cadeira, visivelmente nervosa. Seu olhar estava perdido, e ela parecia assustada com o ambiente.

— Oi. — Ela disse, antes mesmo de iniciarmos qualquer pergunta.

— Oi. — Respondi de forma calma, tentando aliviar a tensão no ar.

— Eu vou ser presa? — Ela perguntou com a voz trêmula. Decker manteve a expressão neutra enquanto eu balançava a cabeça negativamente.

— Não estamos aqui para te acusar de nada. Só queremos entender melhor o que está acontecendo. — Expliquei, observando como ela ficava atenta a cada um dos nossos movimentos. — Sou a agente Denvers, e esta é a agente Decker. Ele é Joshua, o escrivão que vai registrar tudo o que você disser. E esse é seu advogado, Patrick.

Sentamos na mesa de frente para Alisson, que evitava o tempo todo contato visual. Eu já havia lidado com muitas coisas, mas nada me prepararia para o que estava por vir.

— Queremos apenas obter informações que possam nos ajudar na investigação. — Decker acrescentou com um tom tranquilizador. Alisson abaixou a cabeça, hesitante.

— Tem certeza que isso vai ser confidencial? — Alisson perguntou, ainda desconfiada. Carolina assentiu.

— As informações que você nos fornecer serão usadas para avançar na investigação, mas seu nome pode ser incluído nos registros oficiais. No entanto, tomaremos medidas para protegê-la, se necessário. — Carolina explicou.

— Sim, estamos aqui para ajudar. — Reforcei, observando enquanto ela relaxava um pouco, embora ainda visivelmente abalada.

— Tudo bem. — Ela finalmente disse, sua voz quase inaudível.

— Vamos começar do início. Como você começou a trabalhar lá? — Carolina perguntou, e Alisson ficou em silêncio por alguns segundos, refletindo. Patrick, o advogado, permaneceu em silêncio, observando Alisson.

— Eu precisava de um emprego, e conheci o Adam numa festa. Ficamos amigos e, depois, começamos a nos envolver. Tudo aconteceu muito rápido. Ele pode ser encantador no começo, mas é extremamente manipulador. Ele faz você esquecer que ele soca paredes para não socar você. — Alisson disse, sua voz tremendo. Ela baixou o olhar, e eu me forcei a manter a calma. — Quando confiei nele, contei que estava precisando de trabalho. Ele disse que poderia me ajudar, mas em troca de favores.

— Que tipo de favores? — Perguntei, tentando manter a voz firme. Alisson hesitou, olhando para os próprios braços, onde marcas roxas revelavam a violência que havia sofrido. Fiz um sinal discreto para Carolina, que assentiu, compreendendo a gravidade da situação.

— Alisson? — Insisti.

Patrick, o advogado, interveio com calma: — Alisson, você não precisa responder a essa pergunta se não quiser.

Ela balançou a cabeça, respirando fundo antes de continuar.

— Ele queria que eu ajudasse em um leilão. — Alisson revelou com um fio de voz.

— O que estavam leiloando? — Decker perguntou, sua voz grave refletindo o horror que ambas sentíamos.

— Mulheres. — A palavra saiu como um sussurro, e eu engoli em seco, deixando que Decker assumisse, pois ainda estava processando a informação.

— Que favores eles queriam de você? — Carolina prosseguiu, tentando manter a compostura enquanto Alisson começava a chorar silenciosamente, as lágrimas escorrendo por seu rosto pálido.

— Ele queria que eu participasse como se eu fosse um objeto. Prometeu que me "compraria" no final. — A voz de Alisson estava à beira de se quebrar. Troquei um olhar significativo com Carolina. Sabíamos que estávamos lidando com um dos piores casos de nossas carreiras. — Eu recusei, e comecei a planejar minha fuga.

— Como ele reagiu? — Voltei a perguntar, observando a dor refletida nos olhos de Alisson. Ela mal conseguia nos encarar.

— Ele me ameaçou. Disse que se eu tentasse sair, faria algo pior. Foi então que entrei para trabalhar na boate, há cerca de seis meses. — Alisson explicou, limpando uma lágrima solitária enquanto tentava recompor-se.

— Como funciona a boate? — Decker questionou, sua voz controlada apesar da tensão.

— Eu não sei tudo, mas acredito que as strippers que geram mais dinheiro ao longo do mês são leiloadas para homens ricos. — Alisson disse, sua voz carregada de repulsa. Eu me forcei a focar no trabalho, embora a náusea tentasse me dominar.

— E as que tentam fugir? — Perguntei, já temendo a resposta. Alisson deu uma risada amarga.

— Eu não sei. Nunca mais as vejo depois disso. — Alisson se virou para seu advogado. — Não quero mais falar.

— Vamos encerrar por aqui. — Carolina disse, sua voz sugerindo que ela também estava no limite.

Concordei com um aceno. Já havíamos extraído o máximo de Alisson, que estava emocionalmente devastada. Ela precisava de ajuda, não de mais pressão. Além disso, ainda havia outras mulheres para interrogarmos, e cada uma delas poderia trazer novas peças para o quebra-cabeça.

Saímos da sala, e assim que a porta se fechou, soltei um suspiro pesado, sentindo o peso do que acabáramos de ouvir.

— Espero que os meninos tenham encontrado algo útil. — Carolina comentou, e eu apenas concordei com um aceno silencioso, enquanto tentava processar tudo aquilo.

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