Capítulo oitenta e sete.

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Chapter Eighty-Seven
Por favor loirinha... ★

— Pronto, está limpo. — Carolina recuou com um sorriso sarcástico, deixando Gabriel balançar a cabeça, resignado.

— Agradeço, eu acho. — Gabriel respondeu, ainda sem acreditar no que havia acabado de acontecer.

— Não tem de quê. — Carolina deu de ombros com desdém, um brilho provocador nos olhos.

Os olhares de Gabriel e Carolina se encontraram, trocando um desafio silencioso. O sorriso zombeteiro dela contrastava com a seriedade nos olhos dele. Milena pigarreou, tentando dissipar a tensão que se formava.

— Vamos querer as bebidas ainda. — Marcos pediu ao garçom, que se desculpou novamente antes de se retirar.

— Conseguiu manchar muito? — Milena perguntou, com um toque de preocupação, mas Carolina soltou uma risada leve, divertindo-se com a situação.

— Um pouco, nada que não se resolva. — Gabriel deu de ombros, minimizando o incidente.

— Será que o restaurante tem um piano? — Marcos questionou distraidamente, olhando ao redor como se estivesse explorando o ambiente.

— Alguns restaurantes desse nível costumam ter. — Carolina comentou enquanto examinava as unhas pintadas de vermelho.

— Sempre quis aprender a tocar. — Marcos suspirou, revelando um lado mais contemplativo.

— A Milena fazia faculdade de música antes de entrar para o FBI. Ela toca piano. — Carolina revelou, olhando de soslaio para Milena, que imediatamente cruzou os braços, apertando os olhos em desaprovação.

— Isso era segredo! — Milena exclamou, visivelmente irritada.

— Você toca piano e nunca me contou? — Marcos perguntou, surpreso, tocando de leve os ombros dela. — Além de bonita, fofa e inteligente, ainda toca piano?

— Você nunca perguntou. — Milena respondeu, com as bochechas corando levemente.

— Vamos lá, toca pra gente! — Marcos insistiu, com um brilho de expectativa nos olhos.

— Nem pensar. — Milena respondeu firmemente, enquanto o rosto de Marcos se desanimava visivelmente.

— Por favor, Miih... — Ele implorou, mas Carolina interrompeu.

— Acho que não é qualquer um que pode ir até o piano. — Carolina comentou casualmente, brincando com o garfo no prato.

— Agora me senti levemente ofendido. — Marcos colocou a mão no peito, fingindo dor.

— Então, quer dizer que você e o Gabriel viraram membros do clube 'chuto pobres na rua'? — Milena zombou, fazendo aspas no ar.

— Vocês podem ir lá. Se alguém questionar, digam que estão comigo. — Gabriel respondeu, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Marcos se animou de imediato, enquanto Milena soltou um suspiro frustrado, sendo praticamente arrastada por ele. Carolina revirou os olhos, percebendo que agora estava sozinha à mesa com Gabriel.

O silêncio reinou por um momento, quebrado apenas pelo som do garfo de Carolina brincando no prato. Gabriel finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa e carregada de seriedade.

— Preciso que você finja ser minha namorada.

O garfo de Carolina caiu com um estrondo no prato. Seus olhos se encontraram com os de Gabriel, cheios de descrença.

— O quê? — Ela praticamente gritou, e Gabriel gesticulou para que ela baixasse o tom.

— Fala baixo! — Gabriel sussurrou.

— Eu preciso fazer o quê, Gabriel? — Carolina sussurrou de volta, sua voz carregada de raiva.

— Por favor, loirinha...

— Não me vem com esse 'loirinha' doce pro meu lado agora. — Carolina cortou, firme.

— Tá, tudo bem. Vai me ajudar ou não? — Gabriel insistiu, agora mais sério.

— Claro que não! — Carolina cruzou os braços. — O que eu quero de você é paz, Bak, me deixa em paz.

— Posso te ajudar mais com a Sarah Winchester. — Gabriel ofereceu, hesitante, já sabendo que iria se arrepender.

Carolina parou, sua expressão de raiva lentamente se transformando em consideração.

— Agora você está falando a minha língua. — Carolina admitiu. — O que exatamente você quer que eu faça, e como você vai me ajudar?

— Posso te elogiar para ela, arranjar uns casos para vocês trabalharem juntas... coisas assim.

— Interessante. — Carolina analisou as opções, pesando mentalmente se valeria o esforço.

— Em troca, você finge ser minha namorada em um jantar com minha mãe.

— Só no jantar? — Carolina estreitou os olhos, ainda desconfiada.

— Até minha mãe ir embora. — Gabriel respondeu, com um suspiro pesado.

— E quando ela vai embora? — Carolina perguntou, gesticulando para que ele fosse mais claro.

Gabriel abaixou a cabeça, passando a mão pelos cabelos, hesitante.

— Quando assinarem o divórcio no cartório... — Gabriel respondeu em um quase sussurro.

— Que merda. Seus pais estão se divorciando? — Carolina perguntou, sua voz um pouco mais suave. — E sua mãe está indo embora?

— Você realmente não tem filtro, né? — Gabriel respondeu com um tom de desdém, sem encará-la.

— Desculpa. — Carolina se corrigiu, ficando mais séria. — Mas espera aí... por que você ainda faz o que sua mãe manda? Você é adulto, Bak. Não precisa mais obedecer a sua mãe.

Gabriel hesitou por um momento, buscando as palavras certas. Quando finalmente falou, sua voz estava séria, quase melancólica.

— É fácil dizer isso, Carol, mas quando você vê sua mãe sozinha, magoada, e sabendo que a culpa é em parte sua... fica difícil ignorar. — Ele deu uma pausa, tentando controlar as emoções. — Meu pai já está distante, e se eu também me afastar, ela vai sentir que perdeu tudo. Não é só sobre obedecer, é sobre tentar evitar que ela desmorone completamente.

Carolina o observou em silêncio por um momento, processando as palavras dele. A firmeza na voz de Gabriel a fez reconsiderar sua postura.

— Entendi. — Ela finalmente respondeu, a raiva anterior suavizando. — Então, o que você precisa exatamente?

— Preciso de você para me ajudar a fingir que minha vida está sob controle, só até ela ir embora. Talvez seja a última vez que consigo fazer isso por ela.

Carolina suspirou, pesando as consequências do que ele pedia.

— Tudo bem, eu te ajudo. — Ela disse, com um sorriso resignado. — Mas não prometo fingir até o fim. No mínimo, até o jantar.

— Obrigado, de verdade.

— O que eu não faço para ter uma boa conversa com uma detetive renomada... — Carolina murmurou para si mesma, enquanto as bebidas eram finalmente servidas sem novos acidentes.

case thirty nineOnde histórias criam vida. Descubra agora