Capítulo cento e sessenta e nove.

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Chapter one hundred and sixty-nine
Eu adoraria ★
{Tacoma, Washington}
<Marcos Diaz narrando>

A social com os meninos seguia seu curso, com Gabriel e Gilson concentrados em uma partida de hóquei de mesa. O som das paletas se chocando e risadas preencheu o ambiente, enquanto Arthur, em um canto, ensaiava chutes no ar, claramente influenciado pelo tempo que vinha passando com Thaiga. Sorri ao vê-lo tão envolvido, mas meus pensamentos estavam a quilômetros dali, presos na ideia de ligar para Milena.

Victor estava certo. Não dava para continuar fingindo que aquele beijo nunca aconteceu, que tudo entre nós era apenas uma amizade inofensiva. Isso não fazia sentido, e cada vez que eu pensava nela, sentia meu coração acelerar de um jeito que nunca havia experimentado antes. Por mais que eu quisesse evitar, a verdade era inegável: eu estava caindo de cabeça nessa.

Criei coragem, peguei o celular e, antes que a insegurança me dominasse, disquei o número dela.

— Oi, Mob. — A voz doce e suave de Milena atravessou a linha, derretendo qualquer vestígio de nervosismo que eu ainda pudesse ter.

— Oi, Mih. — Respondi, tentando manter a calma, mas a felicidade de ouvi-la me fazia sorrir feito um bobo. — Tá ocupada?

— Não, pode falar. — Ela respondeu, sua voz como uma melodia que eu poderia ouvir para sempre.

Me afastei do barulho dos outros, procurando um lugar mais tranquilo para continuar a conversa. Cada palavra dela fazia meu coração bater mais forte, como se estivesse prestes a pular do peito. Eu precisava vê-la, precisava saber se ela sentia o mesmo.

— Tá ocupada amanhã à noite? — Perguntei, tentando soar casual, mas a ansiedade fazia minha voz tremer um pouco.

— Amanhã e segunda, né? — Ela riu do outro lado, enquanto eu bebia um gole d'água para disfarçar o nervosismo.

— Eu sei. — Sorri, tentando encontrar as palavras certas. — Mas é aí, vai estar ou não?

— Não, estarei livre. Por quê? — A curiosidade em sua voz me fez respirar fundo.

— Nós dois podíamos... bom... sair para tomar sorvete de novo? — Sugeri, esperando que ela aceitasse.

— Eu adoraria. — A resposta veio rápida, sem hesitação, e meu coração deu um salto.

— Ok! — Eu estava quase gritando de empolgação. — A gente se fala amanhã, então?

— Claro! — Ela respondeu, e nos despedimos logo em seguida.

Desliguei o telefone e soquei o ar, comemorando como se tivesse vencido um campeonato. Arthur, que ainda treinava seus chutes, olhou para mim curioso.

— Ligou pra ela? — Ele perguntou, já sabendo a resposta pelo meu sorriso.

— A gente vai sair amanhã. — Respondi, sem conseguir esconder a felicidade.

Nesse momento, Gabriel fez um gol em Gilson no hóquei de mesa, e imediatamente começou a se gabar.

— Ra! — Gabriel exclamou, cheio de orgulho, enquanto Gilson lhe deu um tapinha no ombro, fingindo consolo.

— Eu ganhei todas as outras disputas. — Gilson retrucou, mas Gabriel não deixou barato, empurrando-o de brincadeira.

— Otário. — Gabriel resmungou, enquanto Gilson gargalhava.

— Mob vai sair com a Mih amanhã. — Arthur anunciou, como se fosse a notícia do dia.

— Fico surpreso que ela tenha te aturado por mais de dois encontros. — Gilson provocou, e eu estreitei os olhos em deboche, sabendo que ele estava só brincando.

— Ela só aguentou no primeiro porque eu e a Carol estávamos lá para ajudar. — Gabriel riu, e eu taquei uma almofada nele, rindo junto.

— Dá pra parar com essa implicância? — Protestei, mas não consegui conter o sorriso.

— Você só ligou pra Milena porque o Victor falou. — Gilson retrucou, cruzando os braços como se tivesse acabado de desvendar um segredo.

Eu suspirei, sabendo que ele estava certo, mas decidi não dar o braço a torcer.

— E daí? Pelo menos eu tenho alguém pra chamar pra sair. — Retruquei, tentando virar o jogo.

Gilson riu, balançando a cabeça.

— Enquanto vocês estavam saindo com as meninas, eu fui ver a Alisson. — Ele soltou, com uma naturalidade que fez todos nós olharmos para ele ao mesmo tempo, surpresos.

— O que foi? — Gilson questionou, percebendo nossas expressões. — Eu não posso deixar a timidez me vencer pro resto da vida.

Sorri, satisfeito com a determinação de Gilson. No fundo, todos estávamos lidando com nossos próprios medos e inseguranças, mas ali, naquela sala, era como se estivéssemos em um espaço seguro, onde podíamos ser nós mesmos. E isso, de alguma forma, fazia tudo parecer um pouco mais fácil.

case thirty nineOnde histórias criam vida. Descubra agora