case thirty nine

Capítulo noventa e dois.

Chapter Ninety-Two 
★ O lugar é uma bagunça completa ★

O clima na sala estava pesado. Depois da bronca que levamos mais cedo, o ânimo de todos tinha praticamente evaporado. Cada um se refugiava em seu próprio espaço, focado no trabalho, mas o silêncio era quase sufocante. As expressões sérias denunciavam o estado de espírito da equipe. Ninguém parecia disposto a conversar, muito menos a sorrir.

O barulho da porta abrindo anunciou a chegada de Gabriel e Arthur. O silêncio na sala era tão absoluto que o som dos passos deles ecoou, aumentando ainda mais a tensão no ar. Gabriel observou a equipe em silêncio por um momento antes de falar.

— Estranho ver vocês tão quietos assim — comentou, tentando aliviar a atmosfera, mas ninguém respondeu. Arthur apenas assentiu enquanto mexia nos cabelos, exibindo seu charme característico, mas a atitude não surtiu efeito.

Todos ignoraram a tentativa de descontração e voltaram ao trabalho, desanimados. Eu tentei esboçar um sorriso, mas ele morreu antes de se formar completamente.

— Posso começar hoje? — me prontifiquei, tentando tomar as rédeas da situação. Gabriel gesticulou para que eu prosseguisse. — Como vocês sabem, eu e as meninas fomos à boate ontem para investigar.

— O que descobriram? — Gabriel perguntou, cruzando os braços enquanto se acomodava em sua cadeira.

— O lugar é uma bagunça completa — comecei, tentando organizar as ideias na mente. — Conversamos com algumas das strippers.

— Uma delas disse que há regras que devem ser seguidas à risca — Milena acrescentou, mexendo nos cabelos, seu olhar distante.

— E que elas podem ser punidas se não as cumprirem, mas não se sentiram à vontade para explicar como. Deduzi isso pelos hematomas que vimos em algumas delas — Carolina continuou, e Gilson, ao ouvir isso, estremeceu visivelmente.

— Elas estavam realmente assustadas — Milena comentou, a preocupação em sua voz era evidente. Carolina assentiu em concordância.

— Especialmente quando perguntamos sobre o Adam — Carolina complementou, sua voz carregada de tensão.

— Isso também percebi — concordei, lembrando-me do nervosismo que tomou conta das mulheres ao mencionarmos o nome dele. As outras garotas soltaram murmúrios de aprovação.

— Por enquanto, é isso — finalizei. — Hoje vamos tentar analisar os arquivos dos computadores da boate, e amanhã devemos voltar lá. O que vocês descobriram nas câmeras do motel?

Marcos, que estava sentado em um canto, se levantou, indicando que tinha algo a dizer. Sentei-me novamente, dando-lhe a vez.

— Ah, sobre isso — ele começou, sua voz baixa, mas firme. — Encontramos indícios de violência de Adam contra Nancy.

— Então ele já demonstrava ser uma pessoa violenta? — Milena questionou, apoiando o braço na mesa, seu olhar fixo em Marcos.

— Sim, mas o que quero dizer é que em algumas vezes eles estavam alcoolizados — explicou Gabriel, seu tom cauteloso.

— Ele levantou a mão para ela várias vezes — Arthur continuou, sua expressão séria enquanto falava.

— Mas nunca chegou a bater de verdade, não nas gravações que vimos, não sabemos como era dentro do quarto  — completou Gilson, sua voz trêmula, como se a tensão na sala tivesse finalmente começado a afetá-lo.

— E acho que, por causa da bebida, Nancy não se lembrava desses episódios no dia seguinte — acrescentou Gabriel, pensativo.

— Ainda não analisamos tudo, mas vamos continuar verificando. Assim que tivermos mais informações, passamos para vocês — Marcos concluiu, tentando transmitir uma confiança que todos sabiam ser frágil naquele momento.

— Ótimo — falei, tentando pôr fim ao clima pesado. — Vamos fazer um intervalo por enquanto.

Enquanto todos começavam a se levantar, a tensão ainda pairava no ar. Sabíamos que o caso estava longe de ser resolvido e que cada nova descoberta apenas adicionava mais camadas de complexidade à investigação. A bronca de mais cedo ainda ressoava nas nossas mentes, deixando claro que o fracasso não era uma opção. Precisávamos encontrar Adam e descobrir toda a verdade, mas para isso, seria necessário mais do que apenas trabalho em equipe. Seria preciso enfrentar os próprios demônios que cada um de nós carregava.