Capítulo sessenta e dois.

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Chapter sixty-two
★  apostado
<Victor Jones narrando>

Eu fiquei feliz que minha irritação a Babi deu certo. Agora ela ia jogar comigo. Ia ser divertido.

— Sabe jogar, amy? — Diogo disse, se dirigindo a Babi.

— Sei. — Babi respondeu, irritando-se por estarem subestimando suas habilidades. Eu ri, achando sua determinação empolgante.

— Só não melhor que eu. — Continuei a provocação. Babi finalmente estava me dando abertura para eu fazer brincadeiras com ela, e isso me dava uma sensação de frio na barriga.

— Aposto que eu jogo melhor que você. — Babi respondeu.

— Quer apostar o quê? — A desafiei, achando aquela situação engraçada.

Depois de quase três anos, eu senti que minha relação com a Babi estava amadurecendo aos poucos. A gente não estava mais discutindo tanto quanto antes, pelo menos não discussões sérias. E eu acho que isso estava despertando mais a minha atração por ela. Eu finalmente admiti para mim mesmo que a achava interessante e linda. Mas, ao mesmo tempo, eu reprimi tanto isso que agora não sabia lidar e nem até onde esse desejo ia. Era confuso. Uma parte de mim queria se aproximar, entender o que eu realmente sentia. Outra parte estava com medo das consequências, de como isso poderia afetar nossa dinâmica.

Às vezes, eu me pegava observando-a, tentando decifrar cada pequena expressão, cada movimento. Quando ela ria, era como se o mundo ao meu redor desaparecesse por um momento. E, ao mesmo tempo, eu lutava contra esse sentimento, me lembrando de todas as vezes que brigamos, de todas as provocações. Era como estar preso em um ciclo de desejo e negação, sem saber qual lado ceder.

— Quando eu ganhar... — Babi disse, e eu ri levemente.

— Se você ganhar. — Corrigi.

— Quando eu ganhar, você vai ter que pagar o que eu quero até o final do mês.

— Isso é baixo. Meu dinheiro não dá pra isso. — Resmunguei, e ela balançou a cabeça de modo irônico.

— Recebemos o mesmo salário, não adianta meter essa pra cima de mim.

— Tá tudo bem. Mas, se eu ganhar, você me beija. — Eu disse quase como um ato impulsivo.

O silêncio que se seguiu parecia pesar no ar. Eu observava Babi atentamente, tentando entender o que ela estava pensando. Ela riu moderadamente, mas havia algo mais ali. Um brilho nos olhos que eu não conseguia decifrar.

— Ata. — Ela disse de modo sarcástico, e eu sorri de canto. — Pera aí, tá falando sério?

— Por que, tá com medo de perder? — Tentei mudar o rumo da conversa.

Bárbara subiu o olhar que foi de encontro ao meu. Seus olhos estavam diferentes, eu achei que era irritação, mas tinha um toque diferente. Eu não fazia ideia do que ela estava pensando. Ela analisou meu rosto, e eu sorri, desafiando-a.

Eu sabia que estava mexendo com seu ego, Babi adorava desafios. Saber que ela supostamente me odiava era sexy. Babi desviou o olhar, pensativa.

— Tá nervosa?

— Claro que não. — Ela disse, e eu fingi acreditar, balançando a cabeça. — Por quê?

— Por quê o quê?

— Por que quer apostar beijo?

— Você me odeia, isso ia te irritar. Gosto de te ver irritada. — Eu disse, deixando transparecer em meu tom que eu estava mentindo. Quase em tom de brincadeira.

A verdade é que nem eu sabia exatamente a resposta disso. Por que eu queria tanto beijá-la? Era a curiosidade, a vontade de entender o que eu realmente sentia? Ou era apenas mais uma provocação, um jeito de mantê-la próxima, mesmo que de forma conturbada? Babi me confundia mais do que qualquer outra pessoa. Eu sentia algo forte por ela, algo que ia além da simples atração física. Mas era difícil admitir isso para mim mesmo, quanto mais para ela.

— Fala sério, Jones. — Ela disse, e eu fiquei pensativo em silêncio. Babi percebeu que eu não ia responder e estalou a língua, olhando pro lado contrário de onde eu estava. — Tá, apostado.

Eu não sabia exatamente decifrar o tom da sua voz. Mas eu não estava esperando, de jeito nenhum, que ela concordasse com a aposta. Eu tinha dito por impulso. Aquilo podia ser bom ou podia gerar outra discussão. Eu teria que descobrir. Tentei esconder minha surpresa e me concentrar no jogo.

Acho que os pensamentos sobre o desejo que eu tinha pela Bárbara preencheram minha mente demais, porque eu estava perdendo tempo e já estávamos no final do segundo período. Estava perdendo de 26 x 19. Resmunguei quando errei a cesta e ela se animou. Se eu apelasse, talvez desse.

Prensei os lábios e peguei o controle dela.

— Ei! — Ela esbravejou.

— Vem pegar. — Levantei, e ela tentou pegar o controle, mas eu levantei o braço, impedindo-a.

— Me dá!

— Entende por que eu te chamo de anã gótica? — Provoquei por ela ser bem menor que eu.

— Cala a boca. — Ela odeia que zombem de sua altura.

Bárbara subiu no sofá para alcançar o controle, e quando ela pegou, eu a joguei por cima do ombro.

— Para, me põe no chão! — Babi esbravejou.

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