Capítulo cento e noventa e dois.

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Chapter one hundred and ninety-two
Você me magoou ★
{Tacoma, Washington}
<Carolina Decker narrando>

O dia parecia arrastar-se lentamente, com uma atmosfera carregada de tensão e ressentimento que pairava sobre o escritório. O outono havia chegado, mas o calor era opressor, como se a estação estivesse desafiando o clima normal. Enchi meu copo com água gelada, tentando aliviar o calor e a culpa que me consumia. Carter e Santiago passaram por mim, cumprimentando-me sem muita cerimônia.

— Bom dia — disse GS, com um sorriso que não alcançava seus olhos. Bianca, sem pausar, passou reto.

— Bom dia — respondi, mas minha voz estava carregada de um peso que eu não conseguia disfarçar. A culpa por ter discutido com Thaiga me consumia. Não deveria ter deixado a situação chegar a esse ponto, e agora a falta dela me doía mais do que eu esperava.

Respirei fundo, tentando afastar a névoa de frustração que parecia pairar sobre mim. Foi quando vi Gabriel se aproximar. Ele parecia estar carregado de uma tensão própria, uma que eu havia contribuído para criar.

— Gabriel! — Chamei-o com uma urgência que estava se transformando em desespero.

Ele se virou para mim, o rosto fechado e os olhos frios. — Fala, Decker.

— O que foi? — perguntei, forçando um tom que tentava disfarçar a ansiedade.

— O que foi, você? Você tem me evitado a semana inteira. — Sua voz estava ríspida, a frustração evidente em cada palavra.

— Não é verdade...

— Sim, é! Você me evitou, Carolina. Está tão claro quanto a luz do dia. — Ele não tentou esconder a irritação. — O que está acontecendo com você? No começo, você me odiava sem motivo, depois virou minha amiga, me beijou, foi na minha casa, e agora surta com todo mundo e ainda me evita.

— Eu não surtei! — Minha voz soou defensiva, mas a verdade era que eu estava exausta de tentar lidar com tudo ao mesmo tempo.

— Sério? Você brigou com todos, magoou sua melhor amiga. Isso não é surtar? — Gabriel estava claramente magoado e indignado.

— Você está bravo pela Thaiga?

— Todo mundo está. Thaiga é amiga de todo mundo no esquadrão. Mas isso não é só sobre ela. É sobre suas atitudes com todos, especialmente comigo. Está afetando a gente. — Seu olhar estava carregado de dor e desilusão.

— Eu sei que errei. Não precisa me dar um sermão — retruquei, a voz um misto de raiva e desespero.

— Você sabe que errou? Então por que está fugindo? É tão difícil admitir que está errada e pedir desculpas?

— Acabei de pedir desculpas! — Interrompi, sentindo o calor das lágrimas na ponta dos olhos.

— O que você quer de mim, Carolina? — Ele cruzou os braços, a expressão um misto de resignação e frustração.

— Eu não sei! — Admiti, minha voz tremendo. — Eu não sei como me sinto. Não sei o que quero daqui para frente. Estou confusa sobre o meu antigo relacionamento, e não quero te magoar.

— Você já me magoou. — Ele falou com uma frieza que cortou meu coração.

— Gabriel...

— Se não sabe o que quer, é melhor descobrir logo. Porque eu cansei de correr atrás de você. — Ele lançou a última palavra com uma força que parecia determinar um fim inescapável e virou-se, saindo com um passo firme.

Fiquei sozinha, o peso das palavras de Gabriel ressoando em minha mente. O calor da sala parecia ter aumentado ainda mais, refletindo a tempestade emocional que eu sentia. Meus pensamentos estavam um caos, e a realização de que eu havia causado dor a Gabriel só piorava a situação.

Sentei-me na beira da mesa, o frio do chão contra minhas pernas tentando me trazer de volta à realidade. A briga com Thaiga, o peso do meu passado com Samuel, e a confusão sobre Gabriel formavam um emaranhado de problemas que eu não sabia como resolver. A responsabilidade parecia esmagadora, e eu não tinha certeza de como sair dessa situação sem causar mais danos.

Enquanto o escritório se esvaziava ao meu redor, eu me perguntava se seria possível consertar o que havia quebrado, ou se eu estava destinada a assistir as peças se afastarem, sem saber como reuni-las novamente. A única certeza que eu tinha era que precisava enfrentar meus próprios demônios e encontrar uma maneira de seguir em frente, tanto com o meu passado quanto com o meu futuro incerto.

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