Capítulo Cinquenta e seis.

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Chapter fifty-six
Obrigada

Victor se aproximou do PC e eu fiquei apenas de longe observando. O ambiente estava mal iluminado, com a luz fraca do sol da tarde entrando pelas persianas. Havia um ar de tensão no ar, o silêncio apenas quebrado pelos gemidos de dor de Jonathan, ainda no chão. Victor ligou o computador e ficou na frente da tela. Ele desbloqueou como mágica, mesmo sem saber a senha. Eu pensava que hackers eram tipo demônios disfarçados, especialmente o Hacker Victor Jones.

— É o que exatamente você tá procurando nesse computador? — Perguntei, mantendo uma certa distância. Ele deu de ombros, focado na tela.

— Me falaram para pegar os arquivos da pasta.

— Seja mais específico — Victor disse, analisando a tela do computador com olhos críticos.

— Eu não sei! Eu juro que não sei o que tem aí! — Jonathan levou as mãos em rendição, sua voz tremendo.

— Você é inútil — resmunguei, cruzando os braços.

— Obrigada — ele respondeu com ironia, sua voz um sussurro de sarcasmo.

— Vou passar isso pro pendrive — Victor comentou, tirando um pendrive do bolso e eu franzi as sobrancelhas, abrindo a boca levemente indignada.

— Cara, você anda com pendrive pra todo lugar? — Falei incrédula, tentando esconder minha frustração com a situação.

— É essencial pra mim. Ainda mais que investigar um caso, né? — Victor disse como se fosse óbvio, sem tirar os olhos do computador.

Jonathan continuou no chão, gemendo de dor a cada vez que se movia, e eu evitava olhar para a cena. Minhas crises de raiva vinham pelo menos cinco vezes por mês, geralmente quando eu estava acumulando muitas coisas. Eu evitava sair de casa quando isso acontecia, mas agora, no meio de uma missão, não tinha escolha. Sentia-me a pior pessoa do mundo quando isso acontecia e odiava me sentir vulnerável.

Victor tirou o pendrive da CPU e guardou no bolso da bermuda. Ele se aproximou de mim de novo, sua expressão séria.

— Dá a arma, Sevilla — Victor estendeu a mão.

— Não age como se eu fosse criança — falei com a voz séria, entregando a arma e saindo do ambiente.

Voltei para a área externa e me apoiei na grade, olhando o mar enquanto o vento fresco batia em meu rosto, balançando meu cabelo. Aquela situação estava acabando comigo, e eu estava me auto destruindo cada vez que pensava nisso.

— Sevilla — Victor apareceu do meu lado, mas eu não virei para encará-lo. — Quer água? — perguntou, hesitante.

— Eu tô de boa — respondi, abaixando a cabeça.

— Tem certeza?

— Não precisa forçar para se preocupar comigo, tá? Eu sei me cuidar sozinha faz tempo, já sou bem grandinha — respondi em um tom meio ríspido.

— Babi... — Ele começou, e eu o interrompi.

— Para, eu sei que falaram pra vocês terem paciência comigo por isso. Eu tô cansada de todo mundo me tratar como se eu tivesse cinco anos toda vez que isso acontece, eu sei me cuidar sozinha! E eu sei que isso é culpa minha, tá?! — Eu falei e olhei para ele. Victor balançou a cabeça e murmurou algo para si mesmo, antes de me olhar com um pouco de impaciência.

— Se você quer saber, eu não tô forçando para me importar com você. E eu nunca disse que achava que isso era culpa sua, você que tem a imagem de que eu sou a pior pessoa do mundo — ele disse, e eu observei atentamente suas palavras. — Se você não quer ajuda, beleza, mas não age assim, tá bom? — Victor disse, e eu voltei a olhar para o mar.

Ele estava certo. Victor não tinha feito nada para mim, ele só tinha perguntado se eu estava bem. E novamente eu descontei meu nervosismo em pessoas que não mereciam.

— Bárbara, para de se autosabotar. Isso não é culpa sua — Victor voltou a falar, e eu assenti com a cabeça, sentindo um peso sair de meus ombros.

— Obrigada.

Foi uma das primeiras vezes que a gente se deu bem de verdade.

case thirty nineOnde histórias criam vida. Descubra agora