Capítulo cento e trinta e quatro.

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Chapter One Hundred and Thirty-Four
  Claro! ★
{Tacoma, Washington}
<Bianca Santiago narrando>

Este caso estava mais tenso do que qualquer outro em que já havíamos trabalhado, e até falar sobre ele era difícil. Sentíamos a pressão em cada respiração, como se o peso de cada nova descoberta esmagasse um pouco mais nossa esperança. A sala estava em silêncio sombrio, cada um de nós perdido em pensamentos sobre as vítimas que precisávamos salvar.

— Continua, — disse GS, sua voz baixa e carregada de uma emoção que não se podia ignorar. Eu acariciei seus braços, sentindo a tensão em seus músculos. Ele estava claramente envolvido de uma forma pessoal neste caso, algo que raramente demonstrava.

— Ela vai ficar bem, GS. Nós vamos tirá-la de lá, — sussurrei, tentando confortá-lo. Ele me deu um meio sorriso, mas seus olhos não conseguiram esconder a preocupação que sentia.

Milena retomou a palavra. — Ela demonstrou medo ao falar e chorou durante o depoimento. — Observei quando GS ficou tenso novamente, e apertei seus ombros de maneira reconfortante.

— Ela contou que conheceu Adam Williams numa festa. Eles começaram a se envolver, e como já dissemos, ele é extremamente manipulador e agressivo. Alisson confiou nele quando mencionou que precisava de trabalho, e foi então que ele sugeriu que ela participasse de um leilão de mulheres, prometendo comprá-la, — Carolina explicou, sua voz cheia de repulsa. Milena, ao ouvir isso, se afastou do grupo e vomitou ao lado do lixo, enquanto eu franzia as sobrancelhas, sentindo uma onda de enjoo e desgosto subir pela garganta.

Gabriel foi rápido em segurar o cabelo de Milena para trás, enquanto Mob esfregava suavemente suas costas. Carol, tentando manter a compostura, respirou fundo e tomou um gole de água. Milena limpou a boca e bebeu um copo cheio de água, tentando se recompor.

— Quando ela recusou, foi ameaçada e forçada a trabalhar na boate, — Carolina continuou, e eu baixei a cabeça, tomada por uma mistura de tristeza e nojo. Pensar na brutalidade com que essas mulheres eram tratadas era sufocante. — Nosso próximo passo é encontrar as gravações que desapareceram, descobrir mais sobre a boate, e continuar interrogando as vítimas.

Todos assentiram em silêncio, absorvendo o que havia sido dito. — Dispensados, — Carolina finalizou.

Respirei fundo enquanto Mob e Bak saíam com Milena, e Carolina se dirigiu ao escritório do PH. Fiquei parada, perdida em pensamentos sombrios sobre a situação. Como alguém podia realmente ter coragem de tratar mulheres dessa forma? Como se fossem apenas objetos descartáveis. Como mulher, era difícil não sentir o peso pessoal desse caso, imaginando que poderia facilmente ser eu ou qualquer outra mulher naquela situação. Tentei afastar esses pensamentos, mas o nó na minha garganta não desaparecia.

Depois de alguns minutos de silêncio, apenas interrompido pelo barulho de papéis sendo mexidos, o ambiente finalmente começou a relaxar. GS se levantou para ir comer, e eu fiquei observando o Crusher sair da sala. De repente, uma ideia me ocorreu, e eu corri para alcançá-lo.

— Arthur! — chamei, minha voz ecoando pelo corredor.

— Sim? — Ele se virou para mim, com um olhar curioso.

Eu hesitei por um momento, engolindo em seco antes de continuar. — Eu sei que não é o melhor momento para perguntar isso, mas... — Parei, sentindo meu coração disparar. Crusher arqueou as sobrancelhas, esperando. Lembrei-me das palavras de Victor. *Se ele não aceitar, ele é quem sai perdendo*. Respirei fundo, enchendo-me de confiança.

— Você quer sair comigo no sábado? Podemos dar uma volta pela cidade... — deixei a pergunta no ar, tentando não demonstrar o quanto aquele momento significava para mim.

Um sorriso lentamente se formou no rosto dele. — Claro, — ele respondeu com uma naturalidade que me surpreendeu.

— Sério? — perguntei, ainda um pouco incrédula.

— Claro! — Ele confirmou com uma risada suave.

— Então... a gente se vê, — murmurei, apontando para qualquer lugar, sentindo minhas bochechas corarem. Virei-me e saí quase correndo, como uma adolescente que havia acabado de marcar o primeiro encontro.

Assim que me vi sozinha, a primeira coisa que quis fazer foi contar ao meu melhor amigo. Peguei meu celular e disquei o número de Victor. Depois de três toques, ele atendeu.

— Já te disse que inventaram mensagens, Santiago, — ele provocou, com o tom sarcástico de sempre.

— Desculpa, eu me empolguei! Ele aceitou! — respondi, sem conseguir esconder a animação na minha voz.

— Quem aceitou o quê? — ele perguntou, claramente tentando me provocar.

— Ai, deixa de ser tanso, o Arthur! Chamei ele para sair no sábado, — expliquei, quase pulando de felicidade.

— Sabia que você ia conseguir. Te disse que era só chamar. Você precisa confiar mais em você às vezes, — ele disse, e eu podia imaginar o sorriso em seu rosto do outro lado da linha.

— É verdade, — concordei.

— Depois me conta como foi, — ele pediu.

— Pode deixar. Onde você está? — perguntei, ouvindo um barulho de chaves ao fundo.

— Fui levar a Liza no shopping, — ele respondeu, e logo depois ouvi ele falar com alguém, — Hey, anã gótica. — Reconheci imediatamente o tom afetuoso na voz dele ao falar com Bárbara.

— Quem é Liza? Manda um beijo pra Babi, — brinquei, curiosa.

— Depois te conto. Agora preciso fazer umas coisas, — ele murmurou.

— Estou com saudades, idiota. Preciso de um melhor amigo pra fofocar. Volta logo, — falei de maneira divertida, e ouvi sua breve risada.

— Também estou com saudades, Bia. A gente se fala — ele disse, e eu senti uma onda de calor no peito.

— Tchau. — respondi, e então desliguei, sentindo-me mais leve, como se tudo fosse dar certo.

case thirty nineOnde histórias criam vida. Descubra agora