Capítulo noventa.

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Chapter Ninety.
  Gatinha, tenho vários talentos que você ainda vai descobrir um dia ★

Fui ao banheiro, tentando me recompor e ajeitar o visual. Após escovar os dentes e pentear o cabelo, dirigi-me à sala onde Jones estava sentado em frente ao computador. Ele estava tão concentrado que nem percebeu minha chegada até que eu me posicionei atrás dele.

— Aqui — Victor me entregou um copo de café. — Vai precisar disso.

— Valeu — respondi, agradecendo enquanto bebia um gole.

Victor se virou para o computador e ajustou a tela para que eu pudesse ver. Uma série de números separados por pontos estava exibida. Franzi o cenho e tomei outro gole do café.

— Isso é um endereço de IP — explicou Victor, notando minha expressão confusa. Eu dei de ombros, pedindo mais detalhes.

— Seja mais específico.

— Esses números estavam nos arquivos que pegamos na lancha. Rastreiei o endereço de IP, e ele está localizado a quatro quarteirões daqui. O computador de lá está cheio de informações.

— Que tipo de informações? — perguntei, cruzando os braços.

Victor virou a tela novamente. — Parece ser um ponto de encontro para tráfico de drogas. O principal traficante é um tal de Breno.

— E como isso nos ajuda? — indaguei.

— A questão é que acho que pegamos o arquivo errado. Isso pode ser uma distração, algo para desviar nossa atenção para outro caso e nos fazer esquecer do principal. Quando você chegou lá, o Jonathan já estava no computador?

— Não que eu tenha visto. Eu demorei um pouco para abordá-lo.

— Então talvez ele já tivesse levado o arquivo original — deduziu Victor, revirando os olhos.

— Droga, devia ter sido mais rápida — murmurei, frustrada com o descuido.

— Não se culpe. O ataque que sofremos ontem foi uma ameaça para nos afastar. Isso pode ser muito mais do que apenas encontrar uma agente desaparecida.

— Ou seja, vai demorar mais do que eu pensei — resmunguei. — E sobre o que aconteceu ontem?

— Pedi para a polícia cuidar do local sem revelar nossas identidades. Acha que a Madelaine está envolvida?

— Não acredito que eles adivinhariam que estávamos no carro dela. O ataque pode ter sido para ela, e nós só estávamos no lugar errado na hora errada.

— É, precisamos ficar atentos. Agora, nosso foco é encontrar o Jonathan e recuperar o arquivo original.

— Isso vai levar mais tempo do que eu esperava — bufei, e Victor deu um gole na bebida.

— Maldita hora em que o Bruno nos mandou para cá.

— Culpa do Kenati e do vaso — concordou Victor.

— Concordo plenamente — respondi, lamentando. — E o que fazemos com esse endereço de IP?

— Entregamos para o PH. Ele saberá como lidar com isso.

Assenti e me virei para sair. Victor levantou-se e me seguiu.

— Quer dar uma volta?

— Por que eu sairia com você? — rebati.

— Vamos ver... porque eu sou o único que te conhece bem o suficiente para lidar com você por aqui. E porque eu tenho um carro.

— Eu também tenho um carro, só deixei ele em Tacoma.

— Por que você perdeu no par ou ímpar de qual carro usar.

— Foi roubado!

— Vai fazer diferença? O carro que está aqui é meu.

— Quando voltarmos para Tacoma, vou capotar seu carro de propósito para ele cair no rio! — retruquei irritada, e ele deu de ombros.

— O vândalo sou eu, você é a anã gótica — disse ele com ironia, tentando me provocar. Olhei para ele com desdém.

— Ainda bem que você é Agente do FBI, porque se fosse comediante, morreria de fome. Aliás, além de nerd dos computadores e cosplay de vândalo, você não tem nenhum talento, né? A vida foi dura com você — falei, dando um toque falso de conforto no ombro dele.

— Gatinha, tenho vários talentos que você ainda vai descobrir um dia — respondeu Victor, piscando para mim com sarcasmo.

Eu não consegui evitar rir. Havia algo no jeito de Victor, uma insistência em estar por perto que me fazia gostar da sua companhia, mesmo que eu não entendesse totalmente o motivo.

— Pegue a chave do carro antes que eu me arrependa — suspirei, cedendo. Ele deu um sorriso vitorioso.

Eu não sabia por que Victor estava fazendo tanta questão de ficar perto de mim, mas, no fundo, eu apreciava a presença dele.

case thirty nineOnde histórias criam vida. Descubra agora