Capítulo cento e nove.

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Chapter One Hundred and nine
Mas talvez ★
{Em algum lugar}
<Narrator On>

A noite já dominava a cidade, envolvendo tudo em uma espessa escuridão pontilhada apenas pelo ocasional brilho de faróis distantes. O vento frio sibilava pelas ruas desertas, empurrando os poucos transeuntes apressados a se abrigarem em suas casas. Em contraste com o cenário sombrio, uma mulher de longos cabelos ruivos, brilhantes e soltos, caminhava com determinação. Seus passos eram firmes, ecoando no silêncio noturno, enquanto o vermelho vibrante de suas madeixas parecia brilhar, desafiando a opacidade ao redor.

Ela entrou em um prédio discreto, quase anônimo, e subiu as escadas que rangiam sob seus pés. Ao chegar ao apartamento que chamava de escritório, acendeu uma pequena luminária, cujos raios de luz rasgavam a penumbra do ambiente. A mulher se sentou à mesa, onde seu laptop a aguardava, a tela piscando como se estivesse impaciente. Com um suspiro, ela abriu a pasta repleta de arquivos confidenciais, documentos que vinha reunindo cuidadosamente ao longo de semanas. Cada detalhe havia sido analisado repetidas vezes, mas a mulher sabia que qualquer falha, por menor que fosse, poderia comprometer todo o seu plano.

Seu olhar perscrutava as informações com uma intensidade quase predatória, os olhos seguindo cada linha de texto como se caçassem uma presa. Ela digitava com rapidez e precisão, atualizando os arquivos com os dados mais recentes. No entanto, a tensão em seus ombros traía o cansaço que começava a se acumular. Era um trabalho solitário e árduo, mas ela nunca havia fugido de um desafio.

Enquanto revisava uma das últimas anotações, o som do telefone ecoou pelo ambiente. Ela pegou o aparelho, já esperando uma conversa irritante.

— O que foi? — perguntou, a exaustão evidente em sua voz.

— Queria saber como anda o trabalho. — A voz feminina do outro lado da linha era fria, calculada, e carregava uma leve nota de desdém. A ruiva apertou os olhos, passando a mão pelo rosto enquanto mantinha o olhar fixo na tela. O tom irônico na voz da outra mulher a fez ranger os dentes.

— Vai me ajudar ou só vai zombar? — retrucou, a paciência já em frangalhos.

— O que precisa? — A pergunta foi lançada com desinteresse, quase como um favor.

— Quero saber quais devem ser meus próximos passos. Preciso de orientação sobre como proceder daqui para frente.

— Achei que fizesse isso sozinha. Afinal, o trabalho é seu. — A voz do outro lado parecia se divertir, embora o tom permanecesse indiferente.

A ruiva sentiu um estalo de irritação atravessar seu corpo, e seu tom se tornou perigosamente ameaçador.

— E eu tô te pagando pra me ajudar. Vai colaborar por bem ou por mal? — disse ela, cada palavra carregada de uma promessa velada de consequências.

Mas a voz do outro lado da linha não se intimidou. Pelo contrário, soou ainda mais entediada.

— Tá, eu vou ver o que consigo. Mas ouvi dizer que vai ter uma festa no clube semana que vem. Talvez você encontre algo lá.

— E os agentes vão estar lá? Sevilla e Jones? — perguntou a ruiva, seu tom endurecendo à medida que a preocupação brotava em sua mente.

— Não sei. Não tenho essa informação. Mas talvez. — A resposta foi vaga, quase negligente.

Sem dizer mais uma palavra, a ruiva desligou o telefone com um clique seco. Ela encarou a tela do computador à sua frente, mas sua mente já estava longe, planejando os próximos movimentos. Cada decisão precisava ser calculada, cada risco avaliado. A presença dos agentes do FBI complicava tudo, e ela sabia que precisava encontrar uma maneira de afastá-los de seu caminho.

Enquanto seus dedos tamborilavam na mesa, seus pensamentos giravam em torno de uma única certeza: nada poderia interferir em seus planos. Aquilo era sobre ela. E apenas sobre ela.

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