Capítulo cento e setenta e um.

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Chapter one hundred and seventy-one
Você não sabe quem eu sou ★
{Seattle, Washington}
<Bárbara Sevilla Narrando>

Acordei na casa da Eliza, ainda sem saber ao certo que dia era. Raramente eu acordava cedo, mas dessa vez fui a primeira a abrir os olhos. A discussão com o Jones ainda ecoava na minha mente, me atormentando. Eu não conseguia entender completamente por que sua frase havia me afetado tanto. Sempre acreditei que minhas crises de raiva eram minha própria culpa, mas ouvir isso de alguém que eu considerava... importante, mexeu comigo de um jeito que eu não esperava.

Levantei-me devagar, ajeitando o cabelo de qualquer jeito. Ainda sentia o peso da conversa, como se cada palavra dele tivesse deixado uma marca em mim. Caminhei até a cozinha, tentando afastar os pensamentos, mas me assustei ao ver que não estava sozinha.

— Bom dia. — A voz da Madalaine me fez pular.

— Droga, Madalaine! — Resmunguei, tentando controlar o susto.

— Foi mal. — Ela se desculpou, segurando uma xícara de café preto. — Então, você vai me contar o que rolou no carro, por que aqueles homens estavam perseguindo vocês, ou vou ter que esperar para descobrir sozinha? — A ironia em sua voz era clara, mas eu não estava com cabeça para mais uma discussão.

— Vai descobrir sozinha. — Respondi secamente, indo direto à geladeira, tentando evitar mais provocações.

— E como eu vou saber que posso confiar em você? — Madalaine perguntou, seus olhos me seguindo com atenção.

Eu virei-me para encará-la, já cansada desse jogo.

— Escuta, eu não estou pedindo para você confiar em mim. Além disso, eu poderia ter te denunciado depois do incidente no carro, mas deixei você quieta. — Respirei fundo, tentando manter a calma. — Você tem uma pistola prateada no porta-luvas, não é burra. Desde que você não se meta, eu não vou ter problema com você.

Madalaine ergueu o queixo, sua expressão cheia de arrogância.

— E como tem tanta certeza de que eu não vou dedurar você?

Eu a encarei com firmeza, deixando claro que não estava para joguinhos.

— Se quisesse, já teria feito. Tenho certeza que você não tem permissão para porte de armas, tem? — Perguntei, sabendo que a resposta era óbvia. Ela ficou em silêncio, seus olhos frios me encarando. — Você é observadora, sei disso. Use isso ao seu favor.

Ela deu um passo à frente, sua voz carregada de desdém.

— Então você chegou faz um mês e quer mandar aqui, me ameaçar e enganar meus amigos?

— Eu não estou enganando ninguém. Você que está tentando marcar território com a moral que acha que tem. Acabei de te dar uma chance; se você for esperta, vai descobrir o que quiser. Mas garanto que não vou facilitar as coisas para você.

Madalaine me encarou com ódio nos olhos, mas eu não recuei. Sabia que estava cutucando uma fera, mas não me importava. Eu precisava manter o controle da situação.

— Você não sabe quem eu sou. — Ela murmurou, tentando me intimidar.

Eu arqueei uma sobrancelha, desafiando-a.

— Então me mostre. Não tenho medo de você ou do que você pode fazer com o que viu no carro. Sei do que seu tipo é capaz. Gosta de colocar medo nas pessoas para esconder que é uma covarde. — Disse, sem desviar o olhar. Seus olhos queimavam de raiva, mas eu não me importava. — Se for esperta o suficiente, vai ficar na sua. Me ajuda a gostar de você, vai.

Madalaine abaixou a cabeça, murmurando algo para si mesma. Aproveitei o momento de silêncio para pegar um copo d'água e checar meu celular.

{♠︎}

Victor J: Bárbara 
A gente pode conversar?

You:Não. 
O que você quer?

Victor J:Bárbara, para de ser orgulhosa

You:Eu sou orgulhosa também?Vai falar mais o que?

Victor J:Vai ser rápido, eu prometo

You:Daqui a 1 hora eu volto pra casa.

{♠︎}

Desliguei o celular, sentindo uma onda de frustração me inundar. As palavras de Victor ainda ressoavam na minha cabeça, e por mais que eu quisesse ignorá-las, elas continuavam a me afetar. Ele era diferente de qualquer outra pessoa que eu conhecia, e talvez fosse por isso que suas palavras tinham tanto poder sobre mim. Sentia algo por ele, algo que me deixava nervosa, vulnerável até. Mas ao mesmo tempo, eu odiava como ele parecia saber exatamente como me desestabilizar.

— Inclusive, Bárbara Sevilla. — Me apresentei com sarcasmo, tentando retomar o controle da situação com Madalaine. Ela sorriu de lado, como se soubesse mais do que estava deixando transparecer.

— Eu já sabia. — Ela respondeu, sua voz cheia de insinuações.

Fiquei pensativa por um momento, percebendo que talvez ela estivesse mais atenta do que eu imaginava. Madalaine era definitivamente um novo problema. E, a partir daquele momento, oficialmente uma suspeita.

Mas, por enquanto, o maior desafio ainda era encarar Victor Jones e entender por que ele mexia tanto comigo.

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