Capítulo cento e noventa.

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Chapter one hundred and ninety
Hoje á noite? ★
{Seattle, Washington}
<Narrador on>

Era uma tarde incomum em Seattle, o céu cinzento refletindo a tensão no ar. Babi e Victor se preparavam para partir para a capital em menos de duas horas. O voo, reservado às pressas, foi caro, mas o FBI cobriu as despesas, já que fazia parte do caso. Babi evitava Victor desde que se permitira chorar na frente dele, envergonhada por ter mostrado tanta vulnerabilidade, apesar de ele não ter usado isso contra ela. Precisava de uma distração e resolveu passar na casa de Eliza, que estava se maquiando.

— Gostou? — Eliza perguntou, finalizando o delineado com precisão.

— Pra que você tá se maquiando? — Babi questionou, a voz carregada de desconfiança.

— Ah, amy, só porque eu quero. — Eliza deu de ombros, com um sorriso superficial.

— Sei… — Babi respondeu, pegando um donut de chocolate da mesa, mas sua mente estava em outro lugar.

— Ficou legal? — Eliza perguntou novamente, buscando aprovação.

— Tá bom. — Babi disse sem emoção, seus olhos analisando as compras sobre o balcão. — Quais são os planos pra amanhã?

— Nada demais. Noite das meninas.

— De novo? E você nem me chamou? — Babi disse, tentando esconder a irritação.

— Você não vai sair? — Eliza perguntou, com uma tentativa mal disfarçada de parecer casual.

— Não, não vou. — Babi respondeu, mas algo na reação de Eliza a deixou alerta. Por que ela perguntou?

— Não vai?! Eu convenci a Madelaine a ficar em casa amanhã, sabia? — Eliza se apressou em completar, a voz ligeiramente trêmula.

— O quê? — Babi franziu o cenho, a desconfiança crescendo.

— Achei que você ia sair, então combinei com a Madelaine de passar a noite com ela. Sei que vocês duas não têm se dado bem ultimamente…

— Aham… E quem te disse que eu ia sair? — Babi perguntou, sua mente já girando com possibilidades.

Nesse momento, Madelaine entrou na casa, jogando-se no sofá com a descontração de quem conhece o ambiente intimamente. A presença dela incomodava Babi, mas ela precisava entender o que Eliza sabia. Ainda era "Amy Jensen" para Eliza e precisava manter as aparências.

— Posso pegar um? — Madelaine apontou para os donuts.

— Claro. — Eliza sorriu, mas havia algo forçado em sua expressão. — E você, Babi? Vai ficar mais tempo aqui?

— Não vai dar. — Babi viu uma oportunidade de continuar o jogo. — Tenho que sair hoje.

— Hoje à noite? — Eliza tentou esconder a surpresa, enquanto Madelaine permaneceu em silêncio, pensativa. Babi observava cada detalhe.

— Tenho compromisso. — Babi respondeu, deixando a tensão no ar.

— Vai aonde? — Madelaine cruzou os braços, sua pergunta carregada de uma intimidade inesperada que quase fez Babi revirar os olhos.

— Como vocês são curiosas… — Babi respondeu com sarcasmo, mas seu tom era frio.

— Só preocupação. — Eliza sorriu de maneira que deveria ser simpática, mas soou estranha. — Já tá tarde, e se você sair agora pode ser perigoso.

Perigoso pra quem tentar se meter comigo. Babi pensou, mas guardou para si. Atrás dela, Madelaine parecia desconfortável, levando a mão à testa.

— Relaxa, eu não vou ficar andando sozinha pelas ruas. — Babi respondeu, ainda mais alerta.

— Então, vai pra onde? — Eliza insistiu, enquanto Madelaine pegava um copo d’água.

— Sair pra me divertir um pouco. — Babi disse, desafiando com um olhar firme.

— Ah… — Eliza prensou os lábios, mas Babi notou a hesitação. Madelaine, por sua vez, parecia inquieta, o que não passou despercebido.

Eliza se forçou a concordar, mas a inquietação de Madelaine era palpável. Babi seguiu cada movimento da ruiva, esperando pela próxima pista. Quando Madelaine se levantou e começou a se afastar, Babi não hesitou. Seguiu-a, pegando seu braço com firmeza, obrigando-a a parar.

— Por que tá tão interessada em saber onde eu vou? — Babi perguntou, seus olhos penetrando os de Madelaine.

— Devia se preocupar mais com a Eliza… — Madelaine respondeu, desviando o olhar para o aperto no braço. — Ela parece estar envolvida em algo maior, talvez tentando garantir que nós duas não nos encontremos.

Babi considerou as palavras, a mente trabalhando rápido.

— Ela tá respondendo por alguém maior… — murmurou, mais para si mesma do que para Madelaine, antes de soltá-la.

— Jura que você ainda não descobriu quem é? — Madelaine retrucou, um sorriso sardônico nos lábios. — Achei que fosse mais inteligente que isso.

Babi não respondeu com palavras. A fúria subiu pelo seu corpo como uma chama, e ela empurrou Madelaine com força, os pensamentos tomados pelo mistério que só se aprofundava.

— Não fode comigo. — Babi sussurrou, deixando no ar a promessa de que aquilo estava longe de terminar.

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