Chapter one hundred and twenty-seven
★ Gabriel, eu gosto de você ★
{Tacoma, Washington}
<Gabriel Di Laurentis narrando>Eu havia me atrasado para o trabalho, mais uma vez, devido aos problemas familiares que me perseguem. O estresse corroía minha mente, e eu andava apressado pelo QG do FBI, tentando me concentrar nas tarefas do dia. Mas, antes que pudesse me perder em meus pensamentos, avistei a loira de olhos verdes que não saía da minha cabeça nos últimos dias. Lá estava ela, Carolina Decker, parecendo distante. Fiquei na sua frente, bloqueando sua saída da sala, precisando de qualquer desculpa para estar perto dela.
— Já vai, princesa? — Sorri, tentando descontrair, mas ela não respondeu de imediato.
— E-eu a... — Carolina gaguejou, o que era raro para ela. Isso me fez sorrir. Era estranho vê-la hesitar.
— Está nervosa? — Perguntei, provocando.
— Não! — Ela recuperou o fôlego, assumindo novamente seu jeito mandão. — Eu só ia tomar um ar. Quer ir comigo? — Ela ofereceu, e eu assenti, acompanhando-a.
Enquanto caminhávamos, o barulho do QG ajudava a aliviar a tensão, mas a minha mente estava longe de tranquila. Carolina, no entanto, parecia mais interessada em mim do que no clima.
— Como você está, princesa? — Perguntei, mais uma vez tentando me focar nela e não nos problemas que me atormentavam.
— Tô bem. E você? Como anda sua relação com a sua mãe? — Ela perguntou, e eu balancei a cabeça, incapaz de segurar a frustração.
— Péssima, na verdade. A gente brigou. Mas, pelo menos, ela adorou você.
— Sério?
— Sério. "Carol é simpática", "Sua namorada é perfeita para você", "Carolina é inteligente"... e por aí vai.
— Uau. — Carolina parecia surpresa, mas também divertida com a situação.
— Mas, também, quem não adoraria você? — Falei com um sorriso provocativo, tentando flertar, mas logo o peso dos meus problemas voltou a me puxar para baixo.
— Por que brigou com sua mãe? — Ela mudou de assunto, e eu senti o ar pesado no peito. Esse era o assunto que eu estava evitando.
— Você não ia querer saber. — Respondi, tentando afastar a conversa.
— Por que não? — Ela insistiu, e eu balancei a cabeça, tentando encerrar o assunto.
— Dá um tempo, Carolina! — A frieza na minha voz foi imediata, mas eu me arrependi no mesmo instante.
— Por que está sendo um babaca agora? — Ela retrucou, e eu abaixei a cabeça, sentindo a culpa me consumir.
— Desculpa, não quis ser grosso — murmurei, e senti as mãos dela em meus ombros, firme e reconfortante ao mesmo tempo.
— Gabriel, eu gosto de você. Nós somos amigos, não somos? — Ela disse, sua voz sincera e preocupada. Olhei para seu rosto, e por um momento, quis me perder naqueles olhos verdes.
— Somos amigos? — Repeti, mais para mim mesmo. Amigos... por enquanto.
— Somos, é claro, Gabriel. Desculpa ter sido chata com você no começo. Mas você é meu amigo, e não gosto de ver amigos meus chateados. Então vê se para de ser idiota e fala comigo. — A determinação em sua voz me fez sorrir levemente, mas o peso no meu peito não desapareceu.
Suspirei pesadamente e me sentei em uma das cadeiras próximas. Apertei o cabelo com as mãos, sentindo o cansaço de semanas me alcançar. Carol cruzou os braços, me observando com aquele olhar intenso que sempre me desarmava.
— Minha mãe e meu pai vão se separar, mas isso você já sabe. — Comecei, sentindo a dor queimar em minha garganta. — Minha mãe traiu meu pai...
— Jura? — Ela suavizou a expressão, se aproximando mais.
— Sim. E fui eu que descobri e contei para o meu pai. Desde então, minha mãe tem sido... cruel, jogando na cara dele todas as frustrações e defeitos, como se a culpa fosse só dele. E meu pai, ele... desconta tudo isso em mim. Sinto que isso tudo é culpa minha. — Minha voz saiu quase em um sussurro, carregada de peso.
— Nossa... — Carolina murmurou, se sentando ao meu lado.
— E além disso, o dinheiro é todo do meu pai. Agora, com advogados e papéis, minha mãe está sem grana, e eles vão disputar a guarda do meu irmão mais novo. Eles colocam ele no meio das brigas, Carol. Isso está consumindo minha mente, e eu estou desgastado. — Confessei, sentindo o cansaço emocional me dominar.
— Tudo bem, Gabriel. Qualquer um se sentiria assim. — Carol se apoiou nos joelhos e, em um gesto que me surpreendeu, me abraçou.
Deitei minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos, buscando um pouco de paz naquele momento. O calor do abraço dela era reconfortante, e por um instante, todo o caos ao meu redor pareceu se afastar.
— Olha, a culpa não é sua. Você só contou porque sentiu que era a coisa certa a fazer, e era. Seus pais não podem te culpar por nada, isso é entre eles. Você já é adulto, suas responsabilidades são outras. O que você pode fazer é auxiliar seu irmão mais novo, mas não carregar o peso de algo que não está nas suas mãos. — As palavras dela foram ditas em um tom calmo e carinhoso, cada frase me atingindo com a força de uma verdade que eu tentava ignorar.
Enquanto Carol falava, eu percebi o quanto ela estava se tornando importante para mim. Ela era mais do que uma colega de trabalho bonita, ela era muito inteligente e compreensiva, e mesmo com pouco tempo eu sentia que aquilo ia render história. Ela me fazia sentir visto, entendido. E isso era perigoso. O caos na minha vida parecia menos esmagador quando estava com ela.
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case thirty nine
FanficSinopse: Em um prédio do FBI no estado de Washington, cidade de Tacoma trabalham o esquadrão setenta e oito composto por sete agentes, cada um com a sua especialidade. Bárbara Sevilla e Victor Jones não se dão bem, e após uma discussão que quase fe...