Capítulo cento e setenta e dois.

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Chapter one hundred and seventy-two
Agentes? ★
{Tacoma, Washington}
<Milena Denvers narrando>

Mais um dia de trabalho, e lá estava eu, afundada em uma pilha de papéis, enquanto Carolina examinava o quadro de pistas com um olhar concentrado. A música nos meus fones de ouvido abafava qualquer som ao redor, permitindo-me um breve momento de isolamento. Meu celular vibrou com uma mensagem dos meninos, avisando que iam se atrasar. Suspirei, imaginando que aquele seria mais um dia longo.

Apesar de estar imersa na revisão do caso, meus pensamentos continuavam a vagar para o beijo que compartilhei com o Mob. Um misto de felicidade e confusão me dominava. Não sabia exatamente o que estava sentindo, mas uma parte de mim estava encantada. Talvez eu tenha ignorado esses sentimentos, mascarados como amizade, por tanto tempo que agora tudo parecia um mistério. O que poderia acontecer entre nós?

— Os meninos vão se atrasar. — Avisei a Decker, mas o que ela respondeu foi abafado pela música. Pelo jeito como seus lábios se mexeram, imagino que tenha soltado algum xingamento.

Bati os dedos na mesa de vidro, perdida em pensamentos, até que a porta se abriu e Bianca entrou saltitante. Ela me deu um abraço breve por trás, me arrancando uma risada. Em seguida, foi direto falar com a Carol, a quem aparentemente tinha algo importante a dizer.

Com um último suspiro, terminei a tarefa e estava prestes a grampear os papéis quando a crescente tensão na sala finalmente me puxou de volta à realidade.

— Eu já disse que não sei! — Thaiga gritou, sua voz cheia de frustração. Levantei os olhos, percebendo que as coisas estavam prestes a sair do controle.

— Você tinha que saber, era a única coisa que eu pedi para você! — Carolina retrucou, sua postura rígida refletindo sua irritação.

— Agentes? — Tirei os fones de ouvido, tentando entender o motivo do caos.

— Se você está estressada com o caso, a culpa não é minha, 089! — Thaiga disparou, cruzando os braços em desafio.

— Eu não estou estressada! — Carolina esbravejou, sua voz reverberando pelas paredes.

Nesse momento, os meninos chegaram, parando na porta com expressões de confusão tão grandes quanto a minha. Levantei e me aproximei das duas, esperando que a presença dos outros ajudasse a acalmar a situação. Mas parecia que nem um terremoto as impediria de continuar.

— Não? A única coisa que você tem feito a semana toda é ser grossa com todo mundo sem necessidade! Você está achando que manda em tudo por aqui? Gosta de se sentir a maioral? Talvez ninguém nunca tenha te dito, mas você não é melhor que ninguém aqui! — Bianca gritou, sua voz carregada de mágoa.

Gabriel e Marcos me olharam, gesticulando em silêncio, perguntando o que estava acontecendo. Dei de ombros, sinalizando que eu também não fazia ideia. Gilson e Arthur trocaram olhares preocupados, claramente desconfortáveis com a tensão crescente.

— Qual o objetivo da sua arrogância? Se sentir superior?! Para de querer chamar a atenção, Decker! — Thaiga se exaltou ainda mais, sua raiva evidente.

Nunca vi Thaiga tão furiosa. Coloquei uma das mãos sobre o rosto, já antecipando que isso não terminaria bem.

— Eu quero chamar a atenção? E você que vive fazendo escândalo e dando uma de maluca para compensar a atenção que seus pais não te deram! — Carolina retrucou, sua voz fria e afiada como uma lâmina.

Eu, Mob e GS ficamos boquiabertos, incapazes de reagir. O rosto de Bianca mudou drasticamente, e ela saiu da sala pisando duro, suas emoções claras como o dia. Carolina permaneceu ali, de braços cruzados, impenetrável. Todos nós sabíamos da vida difícil que Bianca levava, sendo órfã e tendo que se virar sozinha desde a adolescência. Aquelas palavras certamente a atingiram profundamente, reabrindo feridas antigas que nunca cicatrizaram por completo.

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