Capítulo cento e cinquenta.

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Chapter one hundred and fifty
Babi isso vai dar problema ★

— Descobri algumas coisas sobre o Collin. — Falei, voltando ao trabalho, mas com a mente ainda presa nas questões que Marcos havia levantado.

— Estou ouvindo. — Bárbara se aproximou, apoiando-se no meu ombro com uma familiaridade que eu começava a apreciar.

— Primeira coisa: ele mora sozinho, tem trinta e dois anos. Segundo, ele realmente apagou os registros da máfia. Terceiro, ele mora aqui em Seattle, a dois quarteirões daqui. E quarto, ele é solitário... na verdade, ele é um verdadeiro eremita. Sem amigos.

— Descobriu tudo isso só com o endereço de IP? — Ela perguntou, a curiosidade evidente em seus olhos.

— Gatinha, você não faz ideia do que um hacker pode descobrir apenas com um IP. — Respondi, tentando manter a atitude relaxada.

— Então, o plano é ir até lá, interrogar ele e conseguir mais pistas? Sobre a alteração dos registros?

— Mais ou menos. — Murmurei, e Bárbara suspirou cansada.

— Eu não aguento mais esse caso. Por que a Lara tinha que desaparecer? Sabia que semana que vem vai fazer um mês que estamos aqui?!

Um mês. Já fazia um mês que eu estava morando com a Bárbara. Muita coisa tinha mudado em um mês, e a minha relação com ela parecia estar apenas começando a se aprofundar.

— Calma, anã gótica. Supondo que a gente vá interrogar o Collin, não temos um mandato para entrar na casa dele.

— Ah, deixa de ser tão certinho. Vamos invadir. Sem mandato. Ninguém vai saber mesmo. O que acontece em Seattle fica em Seattle.

— Ok, senhora Bárbara perigosa. — Ironizei, gesticulando exageradamente. — Mas você se esqueceu de que ele pode processar a gente por invasão sem mandato?!

— Jones, confia em mim. Ele não vai abrir a boca sobre a gente ter ido lá. — Bárbara disse com confiança, me lançando um olhar determinado. — Eu estou falando sério, cosplay de Vândalo. Sempre damos um jeito.

— Babi, isso pode dar problema.

— Não vai. O Walker queria que a gente aprendesse a trabalhar juntos, não é? Confia em mim.

— Gosto do seu jeito confiante. — Falei, rindo. Ela assentiu e, num gesto brincalhão, tirou meu gorro. Sempre me sentia meio desconfortável com o cabelo à mostra. — Babi!

— Calma, cosplay de vândalo. Não entendo qual é o problema com seu cabelo. É normal. — Ela revirou os olhos enquanto bagunçava meu cabelo. Senti um frio na barriga com o toque dela.

— Não gosto dele. — Respondi, em um tom resmungante.

— Dramático. Seu cabelo é lindo. Mas se você vai continuar fazendo cosplay de vândalo e usando gorro o tempo todo, pelo menos deveria usar direito. — Ela colocou meu cabelo para a frente e ajustou o gorro novamente.

— O que você sabe sobre moda? Anda de preto desde que eu te conheço. Inclusive, esse moletom é meu. — Apontei para o moletom que ela usava, ajeitando minhas roupas amassadas.

— Era seu. — Ela disse com um sorriso. Algo em mim se acendeu ao perceber que ela queria usar algo que antes era meu. — Eu gosto porque é a única coisa que fica bem em mim. Para com esse "anã gótica".

— Não disse que você não fica bonita de preto, você fica linda de qualquer jeito. — Falei, sem pensar, e vi o meio sorriso dela se ampliar. — E nem vem reclamar do "anã gótica", você me chama de "cosplay de vândalo"!

— Claro, você só usa gorro.

— É, e você só usa preto e é baixinha.

— Eu não sou baixinha, garoto. Que implicância.

— Tá, tá. Chega desse assunto. Então, vamos à casa do Collin amanhã?

— Aham, amanhã à tarde.

A conversa, embora cheia de provocações e piadas, foi um lembrete do quanto nossa relação havia mudado. Cada toque, cada brincadeira, só fazia aumentar a conexão que eu sentia com Bárbara. Sabia que, por mais que o caso estivesse nos consumindo, era nesses momentos de leveza e proximidade que encontrávamos um pouco de normalidade.

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