Capítulo cento e dezenove.

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Chapter one hundred and nineteen
Acha o ponto fraco dela ★
{Em algum lugar}
<Narrador on>

A noite estava fria, e a lua cheia iluminava as ruas estreitas com um brilho pálido, quase fantasmagórico. As sombras das construções altas se estendiam como mãos negras tentando agarrar qualquer coisa que passasse. A garota misteriosa caminhava por uma calçada desgastada, as pedras maltratadas rangendo sob seus passos leves. O ambiente ao redor era sombrio e silencioso, como se o próprio ar estivesse carregado de segredos. Apenas o som distante de um motor ao longe e o farfalhar de folhas secas no vento quebravam a quietude.

Chegando a um beco estreito, onde as paredes de tijolos descascados pareciam se fechar em torno dela, a garota parou subitamente.

— Estou aqui — declarou, fazendo o homem à sua frente sobressaltar-se com sua presença súbita. A luz fraca de uma lâmpada velha e trêmula revelava o rosto sombrio dele. — Vamos logo, não tenho o dia todo.

O homem, tentando se recompor, puxou uma foto do bolso interno de seu casaco desgastado e a estendeu para ela.

— Elas. Tem que tomar cuidado com elas — disse, sua voz carregando um leve tremor enquanto a garota franzia o cenho ao olhar a imagem.

— Interessante. Nomes? — ela perguntou, a curiosidade moldando suas palavras.

— Ana Clara, Mary Anne, Isis Jully — respondeu ele, hesitante.

— Quanto nome composto — resmungou, desviando o olhar com desdém. — Mas você já sabia, não sabia?

— Quem faz as perguntas sou eu. É a Bianca? — cortou ela, sua voz firme, sem espaço para dúvidas.

— Elizabeth Bianca? Não agiu fora do comum — admitiu ele, quase sussurrando.

— Claro que não, ela é uma santa, tem suíte no paraíso, puff — ironizou a garota, com um sorriso de escárnio que fez o homem sentir-se pequeno. — Conseguiu falar com ela?

— Não — ele respondeu, o arrependimento pesando em sua voz. Ela respirou fundo, controlando a frustração.

— Tudo bem, é melhor mesmo que eu faça essa parte sozinha.

— Mas falei com o Victor. Agora ele sabe que você me mandou.

— Sabe da Ariel, não de mim.

— Isso — confirmou ele, ansioso.

— Sabe o que ele está fazendo agora? Em qual parte da investigação ele tá? — Ela se inclinou levemente, sua voz cheia de uma curiosidade controlada.

— Aparentemente esse negócio da Ariel e a máfia tá mexendo com ele, e ele não vai parar até descobrir quem é Ariel e onde está a Lara.

— Odeio o quanto ele é persistente. Se ele quer descobrir, ele vai. Mas no meu tempo, e do meu jeito — prometeu ela a si mesma, com um olhar de determinação fria. — E o que mais?

— Me disse pra eu ficar longe da Eliza, que eu não ia estragar o trabalho dele.

— E a Bárbara? Ela estava lá? — perguntou, cruzando os braços, tentando esconder o leve toque de ciúmes.

— Na festa, sim. Acho que ela e o Victor estão juntos. Ou pelo menos querem isso — comentou o homem, pensativo. Ela apenas arqueou as sobrancelhas, sarcástica.

— Com certeza ele quer. Pobre Victor, sempre azar no amor.

— Mas como eu disse, ela só estava presente na festa. Depois o Victor a levou para casa. Acho que bebeu demais. Então só estava eu e o Victor durante o interrogatório.

— Ah, coitada — ironizou ela, e o homem soltou uma risada curta e seca. — Mais alguma coisa?

— Devia ficar de olho na ruiva. Ela está bem atenta a tudo.

— Obrigado por avisar. Já estou cuidando dela.

— Quer que eu faça mais alguma coisa?

— Continua de olho no Victor.

— E a garota?

— A garota? Jonathan disse que ela é intimidadora. Quero saber até quanto... testa os limites dela. Acha o ponto fraco dela — ordenou, sua voz baixa e cheia de intenção, enquanto o vento assobiava pelas esquinas, levando consigo suas palavras como se fossem um segredo sussurrado pela noite.

case thirty nineOnde histórias criam vida. Descubra agora