Chapter One Hundred and Eight
★ Ele beija bem mesmo ★
{Tacoma, Washington}
<Milena Denvers narrando>O outono fazia seu papel do lado de fora, e o frio que entrava pela janela levemente aberta combinava perfeitamente com o aconchego do chá quente em minhas mãos. Eu me permitia relaxar por um momento enquanto mergulhava nas páginas de um livro, tentando me distrair de um pensamento persistente.
De repente, Carolina apareceu sonolenta, com os cabelos desgrenhados e um bocejo escapando de seus lábios. Ela se jogou na cadeira da mesa de jantar, pegando uma maçã da fruteira.
— Bom dia. — Disse ela, a voz rouca de sono.
— Bom dia, Carolina — respondi, fechando o livro e me virando para encará-la. — Vai me contar por que eu tive que te buscar numa casa enorme e desconhecida ontem à noite?
Ela bocejou novamente e deu uma risada suave antes de responder.
— Ah, você quer dizer o castelo Di Laurentis?
— Você estava na casa do Gabriel? Por quê? — perguntei, a surpresa nítida em minha voz.
— Fui conhecer a mãe dele — disse casualmente, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.
Eu a encarei, confusa e intrigada.
— Contexto, por favor?!
— Ele disse que, se eu fingisse ser a namorada dele, ele ia me ajudar com a Sarah Winchester — explicou, dando de ombros.
— Meu Deus, e você não me disse nada?! — minha incredulidade crescia.
— Você não perguntou — respondeu ela, despreocupada, enquanto mordia a maçã.
Eu larguei a xícara, agora completamente envolvida pela conversa.
— Me conta tudo.
— A mansão dele parece um castelo, o irmão mais novo dele é bem legal, e a mãe dele é uma graça. Eles servem comida chique. Ela me perguntou se eu era daqui, o que eu gostava de fazer e tal.
— Que bonitinho — murmurei, enquanto ela continuava a comer a maçã. — E como foi ser a namorada do Bak por um dia?
— Normal. O Gabriel beija bem, eu fui fofa e não briguei com ele em nenhum momento e eu...
Imediatamente a interrompi, gesticulando.
— Espera aí! Volta à última parte.
— Eu não briguei com ele em nenhum momento.
— Não, antes. Acho que eu escutei um "O Gabriel beija bem". Em outras palavras... você beijou o Gabriel?!
— Você ouviu a parte de que toda a noite foi um fingimento? — Ela me olhou, já antecipando minha reação.
— Carolina, você beijou o Gabriel?! — perguntei, quase em choque.
— Ai, Milena, sim, a gente se beijou! — Ela cedeu, visivelmente irritada com a minha insistência.
— Nem ferrando.
— Foi para a interpretação! — retrucou ela, defensiva.
— Vocês se beijaram! — minha voz subiu involuntariamente.
— Grita mais, acho que os vizinhos não escutaram direito — Carolina debochou, revirando os olhos.
— Vocês se beijaram e você falou que ele beija bem!
— E o que tem? Ele beija bem mesmo.
— Dá para repetir? Vou mandar no grupo do esquadrão — brinquei, pegando o celular, e ela revirou os olhos novamente.
— Até eu já beijei o Gabriel, e você ainda não tirou o Mob da friendzone — Carolina mudou de assunto, atingindo diretamente um ponto sensível.
Minha expressão mudou instantaneamente. Ela havia tocado numa ferida que eu sempre tentava ignorar.
— Eu não deixo o Mob na friendzone — cruzei os braços, mas minha voz saiu defensiva demais.
— Não? Milena, o Marcos é caidinho por você.
— Não tem nada a ver, a gente é só amigo — tentei argumentar, mas o tom saiu mais fraco do que eu gostaria.
— Fonte: sua cabeça. Na real, você é burra assim naturalmente ou se faz?
Dei de ombros, tentando parecer indiferente, mas algo dentro de mim se contorceu com suas palavras. Eu e Marcos sempre fomos só amigos... ou pelo menos era o que eu dizia para mim mesma. Mas, então, por que aquele comentário da Carol me incomodava tanto?
De repente, o peso da palavra "amigos" parecia apertar meu peito. Quando começamos a nos conhecer, há três anos, nossa amizade floresceu naturalmente, sem complicações. Ele sempre esteve ao meu lado, apoiando, sorrindo, rindo das minhas piadas. E eu sempre pensei que isso era o suficiente, que nossa conexão era pura e simples. Mas, à medida que o tempo passou, comecei a notar pequenos detalhes — a maneira como ele olhava para mim um pouco mais do que para os outros, como seu sorriso parecia ganhar um brilho especial quando eu estava por perto, como eu me sentia confortável ao seu lado, mas ao mesmo tempo ansiosa, como se algo estivesse prestes a acontecer.
Eu balancei a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Era loucura pensar que algo poderia acontecer entre nós, ainda mais depois de um tempo. Ele era um dos meus amigos mais próximos. Era um dos únicos em quem eu confiava de verdade, e a ideia de arriscar nossa amizade por uma possibilidade incerta me assustava mais do que eu gostaria de admitir.
Mas então, por que, sempre que ele sorria para mim, meu coração acelerava? Por que eu começava a imaginar como seria segurar sua mão, ou até mesmo... beija-lo?
A verdade era que, embora eu negasse, algo estava mudando. E isso me aterrorizava. Porque se as coisas não dessem certo... eu poderia perder muito mais do que só um amigo.
"É só amizade," repeti para mim mesma, tentando acreditar. Mas, no fundo, uma voz sussurrava: "Será que é mesmo?"
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case thirty nine
FanfictionSinopse: Em um prédio do FBI no estado de Washington, cidade de Tacoma trabalham o esquadrão setenta e oito composto por sete agentes, cada um com a sua especialidade. Bárbara Sevilla e Victor Jones não se dão bem, e após uma discussão que quase fe...