Capítulo cento e vinte e dois.

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Chapter one hundred and twenty-two
Pensa positivo ★
{Tacoma, Washington}
<Gilson Carter narrando>

Eu estava sentado no sofá ao lado do Mob, assistindo ao meu filme favorito. As cenas passavam diante dos meus olhos, mas minha mente estava em outro lugar. Em outro alguém. Eu pensava na Alisson, tentando imaginar onde ela poderia estar e se estava bem. O caso estava mexendo comigo de um jeito diferente, mais profundo do que qualquer outro em que já trabalhei. Quando os créditos subiram na tela, senti o olhar curioso do Mob em mim. 

— O que foi, GS? Tá com a cabeça em outro lugar, é? 

— Tô. — Confessei com um suspiro pesado. 

— O que aconteceu? Olha, eu já fui psicólogo do Victor hoje, não me importaria de ser o seu também. — Ele disse, arrancando de mim um sorriso fraco, apesar do turbilhão que me afligia. 

— Por que precisou ser psicólogo do Victor? — Perguntei, na tentativa de desviar o foco de mim. 

— Quando é que o Jones não precisa de psicólogo? — Mob respondeu de forma óbvia, me fazendo rir de novo. — Ei, Carter, não muda de assunto. O que foi? Você sempre presta atenção aos detalhes de *Velozes e Furiosos* e depois fica comparando com suas experiências. Agora, tá quieto. 

— Tô preocupado com a Alisson. — Admiti, olhando fixamente para o teto, como se esperasse encontrar respostas ali. 

— Com a loira da boate? Por quê? — Ele perguntou, confuso, e depois balançou a cabeça, como se falasse consigo mesmo. — Digo, sei que a situação dela é preocupante, ainda mais quando não temos nenhuma pista de onde ela pode estar. Mas não é só ela, tem várias mulheres envolvidas nisso. Por que tá especificamente preocupado com ela? 

— Eu não sei. — Dei de ombros, ainda encarando o vazio. — Ela parecia tão frágil, tão amedrontada. Ela me chamou atenção desde o começo. 

— Você só viu ela duas vezes na vida, GS. E só uma vez realmente conversou com ela. Já tá tão interessado assim? — Mob disse, com um tom que misturava deboche e confusão. 

E ele tinha razão. Nem eu sabia exatamente por que estava tão focado nela. Talvez fosse carência, uma necessidade de preencher um vazio. Mas, no fundo, sabia que não era só isso. Alisson tinha algo que me cativou de um jeito que eu não conseguia explicar. Por causa da minha timidez, eu costumava me atrair por garotas mais ousadas, aquelas que me tiravam da zona de conforto. E, embora eu soubesse que Alisson não era stripper por escolha, mas sim uma vítima das circunstâncias, ela tinha uma força silenciosa que me tocou. Havia uma intensidade nos seus olhos, uma determinação por trás daquele medo.

Lembrava-me do seu sorriso tímido, do jeito que seus fios platinados balançavam ao vento. Cada detalhe dela ficava gravado na minha mente. Eu não conseguia parar de pensar no quão injusto era o mundo para alguém como ela. Era mais do que a vontade de protegê-la; eu queria conhecê-la melhor, entender quem ela era além daquele medo que a envolvia. 

— Ela me preocupa mais que as outras. — Murmurei, quase para mim mesmo. — Quero ter a chance de conhecê-la quando tudo isso acabar. Espero que ela esteja bem. 

— Amigo, a gente vai achar ela e todas as outras. — Mob disse, dando tapinhas no meu ombro. — Você sabe o quanto a gente tá trabalhando nesse caso. Ela vai ficar bem. E você vai ter sua chance de conhecê-la melhor. Pensa positivo. 

Eu retorci os lábios, ainda perdido em pensamentos. Queria acreditar nas palavras do Mob, mas uma parte de mim estava inquieta, como se algo me dissesse que o tempo estava correndo contra nós. 

— Pensa positivo. — Repeti baixinho, tentando me agarrar àquele fio de esperança.

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