Capítulo 48

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Capítulo 48

Terça-feira, 22 de maio. Dulce chegou à Munique às oito horas da manhã, estava cansada pelos dois dias em Palma.

Havia chegado à Madrid perto das duas horas da manhã, ficara poucas horas na casa de Laura, e às seis da manhã pegara o voo com Bárbara para Munique.

Chegou ao hotel, tomou um banho, trocou de roupa e encheu-se de café antes de finalmente sair com a escritora.

O dia correra de forma tão intensa quanto ela planejara, e terminou às oito horas da noite. Diferente da maioria das vezes, Dulce dispensou o jantar com Bárbara, voltou para o hotel e dormiu logo em seguida; seu corpo dava claros sinais de que precisava de descanso.

Quando acordou na quarta-feira, parecia uma nova pessoa. Estava revigorada, bem-humorada, disposta, pronta para enfrentar o dia que tinha.

Recebeu mensagens de Ailin em, pelo menos, três momentos diferentes do dia, mas ignorou todas. Sabia que a menina cobrava um posicionamento dela para que encontrasse os ex-sogros, mas vinha evitando bravamente tal coisa.

Estar em Munique era difícil, olhar as ruas e lembrar-se de Dante o tempo todo, ouvir o idioma, lembrar-se dos momentos vividos, dos lugares por onde passavam, de tudo o que fizeram juntos.

Saiu da coletiva de imprensa às cinco horas da tarde e decidiu que não voltaria ao hotel. Foi caminhando pela cidade, e nem mesmo surpreendeu-se quando notou que terminara na famosa cervejaria Hofbräuhaus, parada que se tornara obrigatória para ela e Dante durante o namoro.

Entrou no local, pediu uma cerveja e colocou-a sobre a mesa, tirando a foto em seguida. Jamais escrevera uma legenda tão simples e tão significativa quanto aquela

@DMEspinosa
Ich vermisse dich.

Tomou a cerveja sozinha, algumas pessoas se aproximaram para render conversa, mas ela não parecia disposta a nenhum bate-papo.

Pediu mais um copo, bebeu com calma e então o celular vibrou na mesa. Puxou o aparelho para si.

Fernando Espinosa
Te amo, girafinha.
Toda a força do mundo mora dentro de você, lembre-se disso.

O pai não precisava dizer que havia visto a postagem na internet, era desnecessário comentar que entendia o que aquela legenda significava e nem que compreendia o quão difícil era para ela estar na cidade do ex-noivo. Ele simplesmente se fazia presente, e isso bastava.

Dulce María
Te amo muito!
Estou morrendo de saudade! Não vejo a hora de te ver.
Toda a força do meu mundo se recarrega em você, paizinho.

Pediu a conta, pagou a cerveja e saiu do lugar sem olhar para trás, caminhando decidida até a barraquinha de cachorro-quente onde constantemente terminava as noites com Dante.

Para sua surpresa, não encontrou o senhor no local. Perguntou ao dono da barraca do lado e a resposta foi: o senhor Frederic se mudou e não faz mais cachorros-quentes.

Deu um sorriso sem graça para o homem, agradeceu a informação e ficou alguns segundos sentindo-se perdida; parecia tão absurda a ideia de que perdera algo tão certo quanto aquela velha barraca de cachorro-quente.

Recuperou a consciência aos poucos e apressou o passo até o ponto de táxi, sabia que qualquer vacilo seria o suficiente para fazê-la desistir da decisão.

Pegou o táxi e em pouco tempo chegou ao bairro de Schwabing-West, seria impossível esquecer-se do endereço dos ex-sogros.

O táxi a deixou em frente à enorme casa de fachada amarela. O jardim bem cuidado era mérito de Felix muito mais do que de Sabine, a mulher nunca dera tanta atenção às plantas.

Jogada PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora