Christopher foi até o palco onde, antes, dera seu discurso, realizara fotos, distribuíra a ajuda financeira a tantas instituições; onde tudo acontecera durante toda a tarde.
Dulce= O que está fazendo? – franziu o cenho e subiu no palco.
Christopher= Quero que veja o que eu vejo. – virou-a para frente, e ela analisou as mesas que agora eram recolhidas, os familiares dele que começavam a dissipar-se, e até mesmo Anahí, que conversava com Walter.
Dulce= O que eu deveria ver? – girou apenas o rosto para ele. – Mesas? Sua família? Ou o que?
Christopher= A minha vida. – colocou as mãos no bolso. – Sou tudo o que você conhece e o que vivemos juntos, mas eu também sou isso aqui. Isso é a minha vida, e eu gosto. – ela voltou a encarar o salão. – Sinto muito pelo que aconteceu contigo, sinto muito que os seus planos e que a vida da pessoa que você amava tenham terminado de forma repentina e que a minha profissão esteja relacionada a isso. Eu realmente sinto muito, Dulce. – ela abaixou o rosto e encarou os próprios pés. – Mas eu não posso ser culpado por isso.
Dulce= O que? – rapidamente o olhou. – Eu não te culpo! Eu jamais te...
Christopher= Eu estou no meio. – deu de ombros. – Você me coloca no mesmo saco podre de gente que foi capaz de destruir a sua felicidade. E eu estou disposto a te ajudar, eu acho que você merece essa resposta, independente do que temos ou do que podemos chegar a ter, eu realmente acredito nisso. Mas não importa o que eu encontre, a culpa nunca será minha. – ela assentiu em seguida. – Eu gosto de você, isso já nem é segredo, e vou continuar lutando para chegar no lugar que eu quero. Essa eleição é algo que eu esperei a vida toda, a política é uma constante pra mim, e que eu vejo com outros olhos, porque tive uma experiência completamente diferente da sua. Eu não vou desistir do que eu faço.
Dulce= Eu nunca te pediria isso. – então girou o corpo e aproximou-se dele. – Entenda que eu gosto de você.
Christopher= Eu acredito. – sério.
Dulce= Eu realmente gosto. – insistiu. – E não te culpo pelo que houve antes.
Christopher= Culpar a minha profissão é uma forma de me culpar. – exalou. – Culpe as pessoas a quem você acha que a culpa recai, mas não culpe uma profissão inteira. Para toda regra há uma exceção.
Dulce= Sei perfeitamente bem disso. – fechou a expressão. – Pode parar de falar que eu te culpo o tempo todo? Porque eu já...
Christopher= É que você precisa ter isso bem claro na sua cabeça. – cortou-a. – Porque eu não posso ficar dependente da sua corda, que às vezes você joga e às vezes recolhe rapidamente.
Dulce= Eu não faço...
Christopher= Porque, profissionalmente, eu não vou mudar, Dulce. – e mais uma vez a interrompeu. – Pessoalmente você já me conhece, e sabe que pode me pedir qualquer coisa, qualquer mudança, se for coerente comigo, eu sempre vou te atender. Não tenho problema algum em assumir que estou apaixonado por você. – encarou-a. – E muito. Quero você na minha vida, quero você comigo todos os dias. Mas a minha profissão será a mesma, isso não vai mudar, e eu preciso que entenda. – mirou o salão. – Não pode me dizer que esperava vir a um evento e apenas falar comigo sem ser notada. Desculpe, Dulce, mas não pode me dizer que tudo aqui teve uma importância maior do que o esperado, uma representatividade... enfim.
Dulce= Christopher.
Christopher= Não gosto da imprensa. Me irrito com as matérias que saem sobre mim, acho mesquinho que precisem falar da minha vida sexual para ganhar cliques e visitas em um site de fofoca. – voltou a olhá-la. – Acho um absurdo que usem e modifiquem a minha vida apenas para chamar atenção. Eu não gosto da imprensa, mas você não é a imprensa. Não posso jogar sobre você essa carga. – contraiu os lábios. – Infelizmente a sua profissão se alimenta, entre tantas outras coisas mais relevantes, da minha. E devo dizer que, infelizmente e mesmo sem gostar, sair comigo tem esse preço. – ela desviou o olhar para o salão. – Sempre haverá um fotógrafo, sempre haverá uma matéria, uma capa de qualquer site, um burburinho apenas para dar curtidas. E se nos desentendermos e você aparecer em qualquer evento ou lugar público, eu garanto que sempre vou me distanciar para te dar atenção e te ouvir, mas também haverá sempre alguém para registrar esse momento e torná-lo público, e provavelmente maior do que realmente é, ainda que tudo isso seja feito contra a minha vontade. A minha vida é essa. – tocou-lhe o rosto, para que ela o encarasse. – Me desculpe se não é perfeita ou se é tão diferente do que você esperava. Eu garanto que te quero nela, que te darei o meu melhor sempre, e acredito que já saiba disso, mas não poderei mudá-la. Essa é a vida que eu tenho e que espero compartilhar com você. Eu não preciso de um tempo pra pensar, nem a sós e nem de qualquer outra maneira, eu já tenho bem claro o quanto te quero e como eu quero. – deslizou o polegar pela mandíbula dela. – E para que não reste dúvidas: te quero na minha vida, te quero em todos os planos que podemos fazer juntos, quero amar você, amar nossos futuros filhos, seu pai e toda a sua família, quero honrar a sua história e quem você é. – o sorriso surgiu espontâneo. – E vou fazer tudo isso enquanto luto pelos direitos das pessoas do meu país. Não sei ser de outra forma, isso é o que eu sou. Então pode pensar, pode se afastar, mas se decidir voltar, te peço que seja de vez. Por favor. Porque eu te quero de vez e com total certeza. É você. Desde a quinta-feira no bar, é você.

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Jogada Perfeita
RomanceEle quer o senado. Ela é o caminho. Ela busca justiça. Ele tem os meios. São dependentes e atraídos como imã. Amor para alguns. Pesadelos para outros. O consenso? A jogada perfeita. Segundo livro da série disponível aqui: Jogada Paralela https://w...