Anahí permaneceu quieta, imóvel, sentindo como os olhos preenchiam-se de lágrimas até que elas escorressem pela bochecha lentamente, traçando uma linha salgada sobre a base da maquiagem.
Levava tantos anos vivendo aquela vida, havia aprendido, ainda na infância, qual era seu devido lugar, o que fazer ou não fazer, quando acatar e quando se rebelar. Sabia perfeitamente que com Anthony não havia conversa, não havia chance ou remota possibilidade; com o pai as coisas sempre aconteceriam do jeito dele. Fora por isso que decidira construir o próprio império, por isso é que escolhera formar uma equipe que não se relacionasse, em nada, com a equipe dele.
Ela queria distância. Da forma que fosse possível, mas distância.
Saiu do banheiro sem olhar para trás, aquela era, provavelmente, a última vez que teria notícia diretamente de Noah. Esperava que o alemão entendesse o afastamento necessário.
Se não fosse assim, sua única alternativa seria afastá-lo forçadamente, e ela esperava não ter que fazê-lo.
Seguiu para o comitê de campanha, sentou-se à mesa e concentrou-se no trabalho que tinha pela frente, nem mesmo vira quando Noah fora embora.
Seus dedos chegaram a digitar a mensagem com rapidez, mas ela passou mais tempo encarando a tela do que levara para escrever o texto.
Anahí Puente
Hola, Poncho.
¿Podemos vernos?Alfonso a entenderia por completo. Aliás, se havia alguém capaz de compreendê-la, sem força-la ou julgá-la, esse alguém era Poncho. Sem o idealismo de Noah, sem a brutalidade de sua própria equipe, Poncho seria diferente.
Se ousasse se abrir com o deputado, sabia como ele a defenderia, como a entenderia, a aconselharia e protegeria; podia imaginar como Alfonso moveria mundos e fundos para ajudá-la.
Mas também era consciente do que sentia por ele, de que o amor absurdo e incondicional por ele a cegariam a ponto de deixá-la ingênua e fraca. Não podia contar com Alfonso. Não era seguro.
Apagou a mensagem antes mesmo de enviá-la, guardou o celular e preferiu não pensar em sua vida pessoal; sempre fora um caos, afinal de contas, e ainda assim sempre conseguira ignorar muito bem os próprios sentimentos.
Voltou o foco para o trabalho, tinha poucos dias para garantir que o candidato se mantivesse em primeiro lugar.
Christopher chegou cerca de uma hora depois, e assim que a loira o avistou, percebeu que Dulce fizera um bom trabalho com ele.
O problema recorrente com o homem era sempre a vestimenta inadequada para as situações, e agora ele parecia ter entendido o que aquilo significava. Usava a calça jeans e a camisa descontraída, com as mangas dobradas na altura dos cotovelos.
O combinado era que visitassem as colônias mais simples, e a roupa escolhida caíra como uma luva em tal agendamento.
Christopher= Bom dia, Ani. – aproximou-se após passar em cada uma das mesas do local, cumprimentando os funcionários um a um. – Trouxe isso pra você.
Anahí= Bom dia. – ele colocou o copo de café na mesa dela. – Hmm, obrigada. Alguém está com muito bom humor.
Christopher= Sempre. – beijou-lhe demoradamente a bochecha e puxou uma cadeira para si.
Anahí= O que muito me estranha. – confessou. – Pensei que sua cãozinho estivesse de viagem.
Christopher= E ela está. – sentou-se ao lado da loira e pegou o próprio café. – O que é um real inferno. Mas ficamos conversando até tarde ontem, e hoje ela me ligou cedo. Está a caminho de Tijuana.
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Jogada Perfeita
RomanceEle quer o senado. Ela é o caminho. Ela busca justiça. Ele tem os meios. São dependentes e atraídos como imã. Amor para alguns. Pesadelos para outros. O consenso? A jogada perfeita. Segundo livro da série disponível aqui: Jogada Paralela https://w...